sexta-feira, março 17, 2017

Red Bull Air Race: um voo turístico?

           Este ano regressa ao rio Douro aquela que é considerada a “fórmula 1” dos céus, a prova onde no meio de acrobacias e rapidez, o foco final é percorrer o percurso no menor tempo possível, e entreter aqueles que enchem as margens do Douro para se deliciarem e admirarem com tamanha habilidade e técnica daqueles pilotos (há quem os considere malucos!), onde uma simples falha técnica ou do próprio piloto pode deitar tudo a perder.



       Claro que para que tudo isto se realize é necessário um investimento das autarquias de Porto e Gaia, e da própria entidade organizadora do evento, a Red Bull. É certo que as três principais impulsionadoras do evento esperam que o retorno financeiro ultrapasse aquele que foi investido, mas não haverá também aqui outro interesse sem ser o financeiro? Não haverá o interesse turístico para as cidades do Porto e de Gaia (que dispensam apresentações) visto que o evento se realizará numa época em que ainda estarão em Portugal bastantes turistas que, se calhar, nunca viram este tipo de prova e que, provavelmente, poderiam nunca vir ao Porto? Não será este evento a oportunidade ideal para juntar o útil ao agradável?
        Mais do que o retorno financeiro, as cidades de Gaia e do Porto têm aqui oportunidades de Ouro para, mais uma vez, se mostrarem ao mundo (uma vez que será um evento transmitido para todo o mundo) e o Porto tem mais uma vez oportunidade de se reafirmar como «Melhor Destino Europeu».

      O presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, afirma que “O crescimento turístico das nossas cidades não é um dado adquirido. Deve ser acarinhado, alimentado com eventos como este, cujo retorno para a região é absolutamente inquestionável”. Também Melchior Moreira, presidente do Turismo do Porto e Norte, afirma que “Temos de nos congratular porque as câmaras do Porto e de Gaia, o Turismo do Porto e Norte, a CCDR-N e o TP encontraram um conjunto de meios para oferecer aos portugueses um evento de retorno mundial”, e “dizer claramente às entidades públicas que o apoiam que se justifica apostar nos eventos de promoção turística para dar retorno às marcas regionais e à marca Portugal”. 
Estas afirmações levam-me a concluir que os autarcas também se sentem mais preocupados e entusiasmados com o retorno turístico/cultural que a prova poderá trazer (e irá certamente trazer) do que propriamente com o retorno financeiro ou retirar algum lucro desta mesma. Claro que isso também é importante, mas não será mais importante ter um retorno a longo prazo (turistas a voltarem cada vez mais à cidade do Porto)?


Estima-se que assistam a esta prova mais do que 720 mil pessoas (número de espetadores da última edição, realizada em 2009). Sim, leram bem: 720 mil pessoas! E agora volto a perguntar: isto não é ótimo para o turismo do Norte e do Porto? Isto não é bom para os comerciantes do Porto poderem vender os seus produtos? Não é uma boa oportunidade para voltar a vender Vinho do Porto? Claro que sim, tudo isto são oportunidade que têm que ser aproveitadas e cada vez mais trabalhadas para que o turismo continue a evoluir e que Portugal continue a mostrar aquilo que tem de melhor.


Bruno Gomes


Fontes :

Sem comentários: