O turismo, enquanto actividade económica estruturada, só começou a ter expressão nas primeiras décadas do século XX. Após a II Guerra Mundial, assistiu-se a um processo de massificação desta actividade, causado sobretudo pelos progressos económicos e políticos que marcaram a segunda metade do século, tais como, o aumento do rendimento disponível da generalidade da população e o aumento do tempo livre dos trabalhadores. Esta melhoria de carácter económico e social veio impulsionar o acto das pessoas se deslocarem do seu local habitual de residência, para outro local onde possam desfrutar de bens e serviços que lhes sejam aprazíveis. O turismo tornou-se assim responsável pela criação de um conjunto de relações e fenómenos que o tornam uma actividade económica dinâmica, que deve ser encarada como um importante factor de desenvolvimento económico, uma vez que a repercussão dos seus efeitos incide sobre diversas actividades económicas e não económicas.
Por definição, o turismo é uma actividade que assenta nos elementos naturais ou actividades humanas que provoquem a deslocação de pessoas. Assim, e segundo a Organização Mundial do Turismo existem, inerentes a esta actividade, dois conceitos distintos: património turístico e recursos turísticos. O património turístico, constitui o elemento fundamental que a actividade humana aproveita e transforma, através de meios técnicos, económicos e financeiros em recursos turísticos. Tal sucede pois, o património turístico por si só não garante a permanência dos viajantes cuja deslocação origina, assim torna-se imprescindível a produção de um conjunto de bens e serviços que satisfaçam a procura turística. Em termos históricos, o turismo apresenta-se como uma actividade cada vez mais diversificada tanto no que se refere à procura como à oferta. Sobretudo no que respeita à procura, esta tem progressivamente deixado de estar centrada unicamente no turismo balnear, dando lugar assim, à procura do turismo rural, cultural, histórico e natural. Como resposta a esta tendência da procura, torna-se cada vez mais necessária uma transformação da oferta, tornando-se assim imprescindível, uma aposta na sua diversificação através do aproveitamento do meio rural e do meio urbano.
Perante tais factos, e devido às interdependências que o turismo cria, este pode ser encarado como um motor de desenvolvimento regional já que, se apresenta como uma actividade com notórias potencialidades de impulsionar o desenvolvimento das regiões. Estando fortemente ligada aos valores da região, esta actividade tem a capacidade de transformar os recursos endógenos em mais-valias locais, criando desta forma um maior valor acrescentado a todo o património cultural, histórico e natural de uma região.
Apesar de nem todas as regiões apresentarem potencialidades turísticas idênticas, o turismo pode assumir diferentes níveis de importância no desenvolvimento regional, podendo ter um carácter de actividade dominante, ou apenas actividade complementar. Consoante a importância do turismo na economia de uma região, este sector gera, com maior ou menor repercussão, uma dinâmica económica regional que vale a pena ser considerada, já que além de proporcionar um aproveitamento equilibrado dos recursos endógenos da região, dinamiza a produção local e revigora actividades típicas de uma localidade. A partir de um determinado grau de desenvolvimento, esta actividade torna-se também, num estímulo para a criação de bens e serviços que, apesar de terem fins turísticos, podem beneficiar as populações locais e atenuar os desequilíbrios regionais. O turismo tem também um importante papel na estratégia de preservação do espaço histórico das localidades.
Apesar de a incidência exercida pelo turismo nas actividades tipicamente vocacionadas para o sector, ou seja, os seus efeitos directos, serem os primeiros a serem sentidos e aqueles que são mais facilmente quantificáveis, esta actividade tem repercussões a outros níveis. Os efeitos do turismo sentem-se também, em actividades responsáveis pelo fornecimento de bens e serviços ao ramo turístico, a que se dá o nome de efeitos indirectos, e também na actividade económica geral, através do consumo originado pelos rendimentos que o turismo gera, os denominados efeitos induzidos. Este conjunto de efeitos que incidem na actividade económica global, não só no curto prazo, mas também no médio e longo prazo, tornam o turismo numa estratégia de desenvolvimento viável, e susceptível de ser seguida.
Concluindo, a actividade turística apresenta-se como um eixo potencial de desenvolvimento regional, com fortes capacidades de mudar a tendência de heterogeneidade que caracteriza o espaço regional do nosso país, já que é um sector que aproveita e valoriza os recursos endógenos locais, introduzindo assim uma dinâmica económica e social bastante favorável às regiões. É portanto imprescindível uma transformação da política turística em Portugal, para que esta deixe de fomentar a litoralização que caracteriza actualmente o país, e passe seguir uma estratégia de valorização das diferenças e especificidades, que são próprias de cada região. Contudo, os efeitos benéficos do turismo, apenas terão relevância sob o ponto de vista de desenvolvimento regional, se houver uma preocupação em canalizar os seus efeitos indirectos e induzidos para as próprias regiões, já que, só assim possibilitará a criação de um conjunto de relações que introduzirão uma dinâmica económica favorável à região.
Maria Inês Barbosa
Referências Bibliográficas:
Cunha, Licínio (2006), "Economia e Política do Turismo”, Editorial Verbo, Lisboa
-Por definição, o turismo é uma actividade que assenta nos elementos naturais ou actividades humanas que provoquem a deslocação de pessoas. Assim, e segundo a Organização Mundial do Turismo existem, inerentes a esta actividade, dois conceitos distintos: património turístico e recursos turísticos. O património turístico, constitui o elemento fundamental que a actividade humana aproveita e transforma, através de meios técnicos, económicos e financeiros em recursos turísticos. Tal sucede pois, o património turístico por si só não garante a permanência dos viajantes cuja deslocação origina, assim torna-se imprescindível a produção de um conjunto de bens e serviços que satisfaçam a procura turística. Em termos históricos, o turismo apresenta-se como uma actividade cada vez mais diversificada tanto no que se refere à procura como à oferta. Sobretudo no que respeita à procura, esta tem progressivamente deixado de estar centrada unicamente no turismo balnear, dando lugar assim, à procura do turismo rural, cultural, histórico e natural. Como resposta a esta tendência da procura, torna-se cada vez mais necessária uma transformação da oferta, tornando-se assim imprescindível, uma aposta na sua diversificação através do aproveitamento do meio rural e do meio urbano.
Perante tais factos, e devido às interdependências que o turismo cria, este pode ser encarado como um motor de desenvolvimento regional já que, se apresenta como uma actividade com notórias potencialidades de impulsionar o desenvolvimento das regiões. Estando fortemente ligada aos valores da região, esta actividade tem a capacidade de transformar os recursos endógenos em mais-valias locais, criando desta forma um maior valor acrescentado a todo o património cultural, histórico e natural de uma região.
Apesar de nem todas as regiões apresentarem potencialidades turísticas idênticas, o turismo pode assumir diferentes níveis de importância no desenvolvimento regional, podendo ter um carácter de actividade dominante, ou apenas actividade complementar. Consoante a importância do turismo na economia de uma região, este sector gera, com maior ou menor repercussão, uma dinâmica económica regional que vale a pena ser considerada, já que além de proporcionar um aproveitamento equilibrado dos recursos endógenos da região, dinamiza a produção local e revigora actividades típicas de uma localidade. A partir de um determinado grau de desenvolvimento, esta actividade torna-se também, num estímulo para a criação de bens e serviços que, apesar de terem fins turísticos, podem beneficiar as populações locais e atenuar os desequilíbrios regionais. O turismo tem também um importante papel na estratégia de preservação do espaço histórico das localidades.
Apesar de a incidência exercida pelo turismo nas actividades tipicamente vocacionadas para o sector, ou seja, os seus efeitos directos, serem os primeiros a serem sentidos e aqueles que são mais facilmente quantificáveis, esta actividade tem repercussões a outros níveis. Os efeitos do turismo sentem-se também, em actividades responsáveis pelo fornecimento de bens e serviços ao ramo turístico, a que se dá o nome de efeitos indirectos, e também na actividade económica geral, através do consumo originado pelos rendimentos que o turismo gera, os denominados efeitos induzidos. Este conjunto de efeitos que incidem na actividade económica global, não só no curto prazo, mas também no médio e longo prazo, tornam o turismo numa estratégia de desenvolvimento viável, e susceptível de ser seguida.
Concluindo, a actividade turística apresenta-se como um eixo potencial de desenvolvimento regional, com fortes capacidades de mudar a tendência de heterogeneidade que caracteriza o espaço regional do nosso país, já que é um sector que aproveita e valoriza os recursos endógenos locais, introduzindo assim uma dinâmica económica e social bastante favorável às regiões. É portanto imprescindível uma transformação da política turística em Portugal, para que esta deixe de fomentar a litoralização que caracteriza actualmente o país, e passe seguir uma estratégia de valorização das diferenças e especificidades, que são próprias de cada região. Contudo, os efeitos benéficos do turismo, apenas terão relevância sob o ponto de vista de desenvolvimento regional, se houver uma preocupação em canalizar os seus efeitos indirectos e induzidos para as próprias regiões, já que, só assim possibilitará a criação de um conjunto de relações que introduzirão uma dinâmica económica favorável à região.
Maria Inês Barbosa
Referências Bibliográficas:
Cunha, Licínio (2006), "Economia e Política do Turismo”, Editorial Verbo, Lisboa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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