Como aumentar a competitividade dos territórios? Como revitalizar os centros urbanos? Estas são algumas das questões para as quais são necessárias respostas, num país com mais de 800 anos de história. Portugal, assim como outros países europeus, deve afirmar-se através da sua identidade cultural, das suas tradições e de todos os elementos que o tornam um território único. Este é com certeza um dos caminhos para dinamizar regiões relativamente pouco desenvolvidas ou que entraram num processo de alguma decadência. As indústrias e clusters criativos surgem assim como alavancas para a competitividade de alguns territórios, cujas características são inigualáveis. As indústrias criativas têm sido mesmo o ponto mais avançado da revitalização urbana em muitas cidades degradadas, principalmente da Europa do Norte.
Em Portugal, têm sido feitas algumas referências à construção de clusters criativos, mais especificamente na cidade do Porto, que promoveriam a competitividade e diferenciariam a região em causa. Formalmente uma cidade é considerada “criativa” quando gera condições de trabalho, espaços públicos e até zonas residenciais de qualidade, quando privilegia as sinergias com as universidades, instituições culturais e centros tecnológicos. A par do desenvolvimento da sociedade da informação e do conhecimento, há uma clara aposta na valorização da criatividade e da actividade cultural como dinamizadora da economia. Se pensamos na ideia de “cidades criativas” apenas na vertente de desenvolvimento cultural: oferta de espectáculos, exposições, estamos a ser demasiado restritos. O desenvolvimento de uma “cidade criativa” implica também uma população residente com elevado nível de qualificação, boas universidades, infra-estrutura tecnológicas avançadas, uma dinâmica cultural intensa e sobretudo qualidade de vida. Este novo modelo de desenvolvimento local resulta fundamentalmente do progresso das novas tecnologias e na percepção de uma economia baseada na inovação e na criatividade. O Talento, a Tecnologia e a Tolerância* são os pilares da competitividade, pois apenas com estes três factores as cidades são capazes de atrair, reter e desenvolver pessoas criativas (aquelas que vêem o mesmo que toda a gente mas pensam de modo diferente). No Reino Unido, a aposta de algumas cidades (Manchester, Sheffield,…) é a combinação da criação de emprego, coesão social, consumo cultural e novas tecnologias. Dados de 2003 indicam que 2,6 % é o peso das indústrias criativas no produto da EU, gerando emprego para cerca de 5,8 milhões de pessoas, enquanto em Portugal esse peso é de 1,4% do PIB.
Quando pensamos em cidades como o Porto, Braga e Guimarães vem-nos associada uma imagem relativamente tradicional, de uma região com elevada concentração de indústrias de baixo valor acrescentado. No entanto, estas cidades demonstram oportunidades para as indústrias criativas se desenvolverem, podendo mesmo abranger os sectores mais tradicionais destas cidades, tais como o têxtil, calçado, turismo, gastronomia e vinhos.
Penso que estamos em condições de reflectir na seguinte questão: poderá Braga ser um cluster criativo? Braga assim como Guimarães são conhecidas pelo seu contributo na formação da identidade portuguesa, pela sua actividade universitária, cultural e por isso potenciadoras de uma imagem criativa, de inovação e modernidade. Para além dos factores atrás mencionados, a cidade de Braga alberga actualmente uma das populações mais jovens da Europa, uma elevada concentração de empresas de cariz tecnológico e centros tecnológicos com elevada visibilidade (o Instituo Ibérico de Nano-Tecnologias junto à Universidade do Minho e o Instituto Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa no Avepark - Parque de Ciência e Tecnologia). Um dos entraves apontados para o desenvolvimento deste novo modelo é a falta de condições para os jovens desenvolverem projectos de criatividade e inovação empresarial. Também neste campo Braga tem feitos esforços significativos, como constata a recente inauguração do Gabinete do Empreendedor – Liftoff da Associação Académica da Universidade do Minho, com instalações no Campus de Gualtar e que pretende ser um apoio ao empreendedorismo qualificado. Ao nível da oferta cultural, uma vertente fundamental para a construção de uma “cidade criativa”, Braga e Guimarães destacam-se também por uma oferta com qualidade crescente. A atractividade cultural, criativa e turística que a região apresenta tem de ser promovida em conjunto, através de parcerias e redes, de modo a que os projectos criativos não tenham somente visibilidade local, mas visibilidade nacional ou até internacional. Só desta forma será possível desenvolver uma «marca criativa» regional com dimensão e capacidade competitiva.
Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, assim como Braga 2012 – Capital Europeia da Juventude constituem oportunidades únicas para o futuro da economia criativa na região. O mais importante será garantir que após estes eventos, a dinamização que se criará nas cidades não esmoreça, como aconteceu no Porto em 2001. Barcelona, numa outra escala, é um dos exemplos de sucesso: aproveitou os Jogos Olímpicos de 1992 para se promover como uma cidade moderna e criativa.
O distrito de Braga pode efectivamente tornar-se num exemplo de cidade criativa, a nível nacional, visto que possui todas as possibilidades para tal. Deve para isso saber aproveitar muito bem a projecção internacional que terá em 2012, tendo em conta exemplos de cidades europeias que souberam reinventar-se.
Raquel Rodrigues Alves
Em Portugal, têm sido feitas algumas referências à construção de clusters criativos, mais especificamente na cidade do Porto, que promoveriam a competitividade e diferenciariam a região em causa. Formalmente uma cidade é considerada “criativa” quando gera condições de trabalho, espaços públicos e até zonas residenciais de qualidade, quando privilegia as sinergias com as universidades, instituições culturais e centros tecnológicos. A par do desenvolvimento da sociedade da informação e do conhecimento, há uma clara aposta na valorização da criatividade e da actividade cultural como dinamizadora da economia. Se pensamos na ideia de “cidades criativas” apenas na vertente de desenvolvimento cultural: oferta de espectáculos, exposições, estamos a ser demasiado restritos. O desenvolvimento de uma “cidade criativa” implica também uma população residente com elevado nível de qualificação, boas universidades, infra-estrutura tecnológicas avançadas, uma dinâmica cultural intensa e sobretudo qualidade de vida. Este novo modelo de desenvolvimento local resulta fundamentalmente do progresso das novas tecnologias e na percepção de uma economia baseada na inovação e na criatividade. O Talento, a Tecnologia e a Tolerância* são os pilares da competitividade, pois apenas com estes três factores as cidades são capazes de atrair, reter e desenvolver pessoas criativas (aquelas que vêem o mesmo que toda a gente mas pensam de modo diferente). No Reino Unido, a aposta de algumas cidades (Manchester, Sheffield,…) é a combinação da criação de emprego, coesão social, consumo cultural e novas tecnologias. Dados de 2003 indicam que 2,6 % é o peso das indústrias criativas no produto da EU, gerando emprego para cerca de 5,8 milhões de pessoas, enquanto em Portugal esse peso é de 1,4% do PIB.
Quando pensamos em cidades como o Porto, Braga e Guimarães vem-nos associada uma imagem relativamente tradicional, de uma região com elevada concentração de indústrias de baixo valor acrescentado. No entanto, estas cidades demonstram oportunidades para as indústrias criativas se desenvolverem, podendo mesmo abranger os sectores mais tradicionais destas cidades, tais como o têxtil, calçado, turismo, gastronomia e vinhos.
Penso que estamos em condições de reflectir na seguinte questão: poderá Braga ser um cluster criativo? Braga assim como Guimarães são conhecidas pelo seu contributo na formação da identidade portuguesa, pela sua actividade universitária, cultural e por isso potenciadoras de uma imagem criativa, de inovação e modernidade. Para além dos factores atrás mencionados, a cidade de Braga alberga actualmente uma das populações mais jovens da Europa, uma elevada concentração de empresas de cariz tecnológico e centros tecnológicos com elevada visibilidade (o Instituo Ibérico de Nano-Tecnologias junto à Universidade do Minho e o Instituto Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa no Avepark - Parque de Ciência e Tecnologia). Um dos entraves apontados para o desenvolvimento deste novo modelo é a falta de condições para os jovens desenvolverem projectos de criatividade e inovação empresarial. Também neste campo Braga tem feitos esforços significativos, como constata a recente inauguração do Gabinete do Empreendedor – Liftoff da Associação Académica da Universidade do Minho, com instalações no Campus de Gualtar e que pretende ser um apoio ao empreendedorismo qualificado. Ao nível da oferta cultural, uma vertente fundamental para a construção de uma “cidade criativa”, Braga e Guimarães destacam-se também por uma oferta com qualidade crescente. A atractividade cultural, criativa e turística que a região apresenta tem de ser promovida em conjunto, através de parcerias e redes, de modo a que os projectos criativos não tenham somente visibilidade local, mas visibilidade nacional ou até internacional. Só desta forma será possível desenvolver uma «marca criativa» regional com dimensão e capacidade competitiva.
Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, assim como Braga 2012 – Capital Europeia da Juventude constituem oportunidades únicas para o futuro da economia criativa na região. O mais importante será garantir que após estes eventos, a dinamização que se criará nas cidades não esmoreça, como aconteceu no Porto em 2001. Barcelona, numa outra escala, é um dos exemplos de sucesso: aproveitou os Jogos Olímpicos de 1992 para se promover como uma cidade moderna e criativa.
O distrito de Braga pode efectivamente tornar-se num exemplo de cidade criativa, a nível nacional, visto que possui todas as possibilidades para tal. Deve para isso saber aproveitar muito bem a projecção internacional que terá em 2012, tendo em conta exemplos de cidades europeias que souberam reinventar-se.
Raquel Rodrigues Alves
* Modelo dos 3 T’s – Richard Florida
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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