A conjuntura actual torna-se cada vez mais complexa. Ultimamente comenta-se muito sobre a aquisição das dividas soberanas dos países europeus pela China, questionando se esse país não terá uma agenda estratégica. Se essa disposição sua em apoiar a zona euro não é mais uma manobra para ter os europeus nas mãos como acontece com os EUA.
Não é muito comum que um país que viveu muitos anos em isolamento consiga-se impor como um parceiro importante da comunidade internacional. As reservas da China, consideradas as maiores do mundo, somavam o ano passado, 1,92 bilhões de euros, imagine-se ela investir uma parte desse valor em operações de tesouraria de países como a Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal.
Os chamados interesses estratégicos, não são mais que uma questão de bom senso. É certo que com isso, vai sem dúvida, ajudar a ampliar as suas exportações e poder alargar a sua base no continente europeu. A Europa sabe muito bem que precisa do dinheiro dos chineses
A China encontra-se neste momento numa posição que é de fazer inveja a qualquer país, porque na verdade, muitos deles tinham essa ambição inicial. Desses, a poucos coube essa sorte e desses, mais poucos ainda conseguiram realizá-la. Para os mais supersticiosos entre nós pode-se mesmo dizer perante tanta convergência de linhas que, este é um perfeito casamento celestial.
Nos países baixos o “flirt” com o capital chinês começou há alguns anos, tanto assim é que, uma das primeiras empresas considerada de alto interesse estratégico para o continente europeu, a ser injectada com capital chinês foi a empresa de Portos de Roterdão. E de lá para cá muitas outras se sucederam, algumas com cotação na bolsa de valores em Amesterdão, o AEX.nl.
Não é muito comum que um país que viveu muitos anos em isolamento consiga-se impor como um parceiro importante da comunidade internacional. As reservas da China, consideradas as maiores do mundo, somavam o ano passado, 1,92 bilhões de euros, imagine-se ela investir uma parte desse valor em operações de tesouraria de países como a Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal.
Os chamados interesses estratégicos, não são mais que uma questão de bom senso. É certo que com isso, vai sem dúvida, ajudar a ampliar as suas exportações e poder alargar a sua base no continente europeu. A Europa sabe muito bem que precisa do dinheiro dos chineses
A China encontra-se neste momento numa posição que é de fazer inveja a qualquer país, porque na verdade, muitos deles tinham essa ambição inicial. Desses, a poucos coube essa sorte e desses, mais poucos ainda conseguiram realizá-la. Para os mais supersticiosos entre nós pode-se mesmo dizer perante tanta convergência de linhas que, este é um perfeito casamento celestial.
Nos países baixos o “flirt” com o capital chinês começou há alguns anos, tanto assim é que, uma das primeiras empresas considerada de alto interesse estratégico para o continente europeu, a ser injectada com capital chinês foi a empresa de Portos de Roterdão. E de lá para cá muitas outras se sucederam, algumas com cotação na bolsa de valores em Amesterdão, o AEX.nl.
Isso já nem constitui notícia relevante, embora sempre que o valor o justifique, essa aquisição será publicada no boletim oficial. Além do mais, os holandeses, considerados os chineses do continente, são mestres nisso e entendem muito bem que essas são as oportunidades de ouro que aparecem no mercado internacional.
Talvez seja conveniente mencionar aqui que algumas das grandes empresas dos países baixos, como a Heineken (fábrica de cervejas) e o ING (seguros e banca), bem antes do início deste novo século, já estavam embrenhados e empenhados, a qualquer preço, em conquistar o mercado chinês.
O grande sonho da Heineken era imaginar que pelo menos 5% dos chineses apreciassem bem uma cervejinha, e outros tantos, quando fizesse aquele sol escaldante, isso tudo adicionado a uma boa e eficiente campanha de marketing. Enfim, esta é a receita sublime para se ter uma boa e saudável vaquinha holandesa. Como vêem, vão sempre existir interesses subjectivos e estratégicos. O que é preciso, é saber distinguir o essencial do irrelevante.
A entrada de um terceiro parceiro de alto gabarito, entre outros aspectos, impede as economias da península ibérica de desabar como um baralho de cartas. Além do mais serve de garantia extra que o pacote de reformas necessárias, como a reforma das finanças públicas, políticas de contenção orçamental, as reformas estruturais a médio prazo, serão executadas no tempo certo e de forma apropriada, porque se se admite que a União Europeia falhou no seu mecanismo de controle, não fica bem esperar o mesmo dos chineses.
É de realçar que a China estuda muito bem cada passo que dá, e é verdade que também precisa forjar umas alianças que a ajudem a resistir por mais algum tempo à não valorizar o yuan. É portanto bem natural que vai congregar esse grupo de apoio através dos países de quem compra a dívida soberana.
Como se sabe, a dívida dos Estados Unidos é o instrumento mais seguro para se armazenar valor. As pessoas acreditavam na necessidade de guardar reservas em dólares. Segundo o Departamento do Comércio americano, em Janeiro de 2009, os EUA deviam ao mundo US$ 3,47 bilhões, e grande parte dessa divida está nas mãos da China, assim como da Rússia e do Japão.
Os programas de baillout para salvar os bancos, os afrouxamentos económicos e as outras protecções económicas, estão a ficar cada vez mais caros. Se os investimentos nas compras de futuros títulos de Tesouro americano forem reduzidos significativamente, as taxas de juros dos EUA aumentarão e o dólar vai cair.
Caso fossem outros os tempos, arranjava-se mais uma guerra, numa das partes mais pobres do mundo, e resolvia-se a situação. Nos dias de hoje, essa prática retrógrada, cruel e sistemática de destruição de vida tornou-se mais difícil, embora não se possa dizer, redundantemente que isso seja de todo impossível. Valha-nos DEUS.
Alcinda Fortes Ribeiro Silva
Talvez seja conveniente mencionar aqui que algumas das grandes empresas dos países baixos, como a Heineken (fábrica de cervejas) e o ING (seguros e banca), bem antes do início deste novo século, já estavam embrenhados e empenhados, a qualquer preço, em conquistar o mercado chinês.
O grande sonho da Heineken era imaginar que pelo menos 5% dos chineses apreciassem bem uma cervejinha, e outros tantos, quando fizesse aquele sol escaldante, isso tudo adicionado a uma boa e eficiente campanha de marketing. Enfim, esta é a receita sublime para se ter uma boa e saudável vaquinha holandesa. Como vêem, vão sempre existir interesses subjectivos e estratégicos. O que é preciso, é saber distinguir o essencial do irrelevante.
A entrada de um terceiro parceiro de alto gabarito, entre outros aspectos, impede as economias da península ibérica de desabar como um baralho de cartas. Além do mais serve de garantia extra que o pacote de reformas necessárias, como a reforma das finanças públicas, políticas de contenção orçamental, as reformas estruturais a médio prazo, serão executadas no tempo certo e de forma apropriada, porque se se admite que a União Europeia falhou no seu mecanismo de controle, não fica bem esperar o mesmo dos chineses.
É de realçar que a China estuda muito bem cada passo que dá, e é verdade que também precisa forjar umas alianças que a ajudem a resistir por mais algum tempo à não valorizar o yuan. É portanto bem natural que vai congregar esse grupo de apoio através dos países de quem compra a dívida soberana.
Como se sabe, a dívida dos Estados Unidos é o instrumento mais seguro para se armazenar valor. As pessoas acreditavam na necessidade de guardar reservas em dólares. Segundo o Departamento do Comércio americano, em Janeiro de 2009, os EUA deviam ao mundo US$ 3,47 bilhões, e grande parte dessa divida está nas mãos da China, assim como da Rússia e do Japão.
Os programas de baillout para salvar os bancos, os afrouxamentos económicos e as outras protecções económicas, estão a ficar cada vez mais caros. Se os investimentos nas compras de futuros títulos de Tesouro americano forem reduzidos significativamente, as taxas de juros dos EUA aumentarão e o dólar vai cair.
Caso fossem outros os tempos, arranjava-se mais uma guerra, numa das partes mais pobres do mundo, e resolvia-se a situação. Nos dias de hoje, essa prática retrógrada, cruel e sistemática de destruição de vida tornou-se mais difícil, embora não se possa dizer, redundantemente que isso seja de todo impossível. Valha-nos DEUS.
Alcinda Fortes Ribeiro Silva
[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Desenvolvimento e Competitividade do Território” do Mestrado em Economia, Mercados e Políticas Públicas da EEG/UMinho]
1 comentário:
Alcinda sempre foi brilhante, desde quando cursou administração, em fomos colegas, na Universidade Federal da Paraíba - Brasil. Como posso manter contato com ela?
Adorei o texto.
Nathanael Alves Filho
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