segunda-feira, abril 05, 2021

A IMPORTÂNCIA DO ABASTECIMENTO PÚBLICO DE ÁGUA ÀS HABITAÇÕES

     A água é um bem essencial à vida e é um direito humano consagrado pela ONU, sendo um componente indispensável no mundo. Usamo-la todos os dias quando abrimos a torneira da nossa casa, tendo esta um papel multifacetado – serve para a higiene, limpeza, mas a sua maior utilidade é na confeção de alimentos e na sua ingestão direta. Antigamente, era difícil obter alguma confiança na água, mas hoje o novo sistema de abastecimento cria segurança e confiança na água que corre nas nossas casas.

No entanto, o acesso a este direito universal está a ficar cada vez mais comprometido devido aos riscos associados às alterações climáticas, ao controlo da poluição e à proteção da saúde humana e do ambiente.

Em Portugal, a água que chega às nossas casas começa por ser captada no meio hídrico, seguindo para as Estações de Tratamento de Água, onde é tornada adequada para consumo. É armazenada em reservatórios e a partir daí distribuída à população. Depois de utilizada, é recolhida e novamente tratada para ser devolvida à natureza em condições ambientalmente seguras. 

Embora nos dias de hoje tenhamos acesso a água com facilidade, nem toda a população tem essa regalia, mesmo sendo uma necessidade primária. Um dos problemas é que nem todas as pessoas têm acesso ao abastecimento público de água.

Segundo a Pordata, em 2017, as zonas do país com menor percentagem de população servida por sistemas de abastecimento de água são o Alentejo e o Algarve, sendo que o Algarve é a zona mais desfavorecida. Na área Algarvia, a situação é crítica, pois na localidade de Monchique apenas 57% da população tem acesso ao abastecimento de água nas suas casas. De seguida, temos Loulé com 73%. Na área do Alentejo Litoral, Odemira tem 73% e no, Baixo Alentejo, Ourique tem 73% de população servida pelo sistema público de abastecimento de água.

Mas porque é que nem todos têm acesso a água na sua habitação? Uma das razões é a falta de abrangência das infraestruturas de abastecimento de água, nomeadamente em aldeias remotas e isoladas. Interpretando os dados, é possível concluir que as zonas com maior carência de abastecimento de água são as que têm menos população residente. Algumas destas regiões apresentam carência de serviços e de população, com poucas infraestruturas e condições de vida.

A população não abrangida pelo sistema público muitas das vezes cria furos de captação de águas subterrâneas para as suas habitações, o que significa que a qualidade da água da torneira está comprometida. Esta situação é difícil de controlar porque diz respeito a propriedade privada e a decisão do proprietário em colocar o furo é unicamente do mesmo, mas existem perigos adjacentes à criação de furos.

Segundo o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, os portugueses estão a beber cada vez mais água de poços devido ao aumento das tarifas, contudo, isto implica um novo problema, sendo que uma parte importante das águas subterrâneas apresenta riscos para a saúde pública. “Há aquíferos poluídos, contendo água imprópria para consumo humano", avisa o Instituto, no estudo a ‘Avaliação da Qualidade de Águas Subterrâneas’.

Sendo que “uma em cada cinco amostras de água provenientes de poços e furos de particulares, nascentes e minas, apresenta resultados negativos nos parâmetros que definem a qualidade da água, revela o trabalho. Em 15,6% das amostras há teores de nitrato acima dos valores recomendados. A presença deste composto em elevadas concentrações nas águas representa habitualmente contaminação por fertilizantes minerais ou orgânicos utilizados na agricultura. As suiniculturas também podem ameaçar a qualidade da água”.

Postos os dados, é de realçar que a falta de abastecimento de água em certas regiões e o aumento das tarifas poderá estar a comprometer a saúde dos utilizadores, dando lugar a doenças renais, gástricas, urinárias e pulmonares.

Segundo a Associação Portuguesa de Recursos Hídricos, foi elaborada uma análise à distribuição dos valores de concentração de nitratos das águas superficiais e subterrâneas no concelho de Esposende na zona de estudo LEITE (2002), chegando-se à conclusão que as freguesias Apúlia, Rio Tinto, Fonte Boa, e Gemeses têm valores de concentração de nitratos superiores ao valor máximo aceitável. Quando se compara este facto com as conclusões da análise de mortes por milhar de habitantes, conclui-se que Apúlia e Rio Tinto, sendo duas das freguesias mais contaminadas por nitratos, têm também dos valores mais elevados de ocorrências de mortes por neoplasia gástrica e neoplasias da próstata e da bexiga.

Concluindo, a água é um bem essencial necessário a toda a população no mundo. O facto de nem toda a população ter acesso a esse direito obriga os portugueses a captar água através de furos/poços para conseguir sobreviver. Infelizmente, a ingestão destas águas tem consequências negativas na saúde dos utilizadores, dando lugar a doenças que podem conduzir à morte do ser humano.

O sistema de abastecimento de água é muito importante e indispensável para toda a população, sendo este o meio mais seguro para a saúde dos utilizadores. No entanto, espera-se que rapidamente todos os portugueses possam ter acesso a este direito.

  

Ana Catarina da Mota Barbosa

Bibliografia:       

https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7254/1/F21-EFEITOS%20PREJUDICIAIS%20NA%20SAÚDE%20HUMANA.pdf

https://www.pordata.pt/Municipios/População+servida+por+sistemas+públicos+de+abastecimento+de+água+(percentagem)-4

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Urbana”, lecionada ao Mestrado Integrado em Arquitetura, da Escola de Arquitetura/UMinho) 

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