sexta-feira, abril 16, 2021

Casas Populares ou Projeto Habitacional para Pessoas de Baixa Renda

 Há muito que se discute qual é o mínimo de requisitos necessários para a construção de exemplares de casas populacionais, isto é, o que uma habitação deve conter para suprir as necessidades básicas de habitação de um indivíduo, elevando o desenvolvimento de uma determinada cidade.

Sabemos que programas habitacionais foram criados para suprir a necessidade de moradia da população, assim como nada mais justo que determinar métodos construtivos mais dinâmicos e ecológicos, fazendo com que o impacte no meio ambiente seja reduzido.

Estes fatores que determinam para o Brasil que as casas populares em sua grande maioria sejam, basicamente, modelos de apartamentos em concreto armado, com acesso a água e luz. Porém, nesses fatores onde não se inclui o sistema de climatização ou isolamento térmico para os imóveis, onde o consumo de energia se torna extremamente inviável para o consumo de climatização adequada. Exemplificando: em algumas regiões brasileiras as temperaturas podem chegar facilmente aos 45°C e outras aos 4°C, tornando algumas habitações um ambiente extremamente difícil para se viver em algumas épocas do ano.

No mais, um outro aspecto a ser discutido é a localização para o “projeto de habitação”, pois alguns sítios são extremamente afastados de um centro comercial, aonde chega primeiro a habitação e, com o tempo e a necessidade, chega o comércio. Porque não chegar em conjunto?

De acordo com Montano (2002):

[...] o objetivo de retirar o Estado (e o capital) da responsabilidade de intervenção na “questão social” e de transferi-los para a esfera do “terceiro setor” não ocorre por motivos de eficiência (como se as ONGs fossem naturalmente mais eficazes que o Estado), nem apenas por razões financeiras: reduzir os custos necessários para sustentar esta função estatal. O motivo é fundamentalmente político-ideológico: retirar e esvaziar a dimensão de direito universal do cidadão quanto a política social (estatais) de qualidade; [...] desonerar o capital de tais responsabilidades, criando, por um lado, uma imagem de transferência de responsabilidades e, por outro, a partir da precarização e focalização (não universalização) da ação social estatal e do “terceiro setor”, uma nova e abundante demanda lucrativa para o setor empresarial (MONTAÑO, 2002, p.23).

Contudo, podíamos ter mais políticas sociais e ONGS para suprir essa parte de melhor planejamento habitacional com o intuito de trazer matérias e modelos construtivos mais eficientes para a melhor qualidade de vida dos indivíduos que ali viverão.

Dentro desta perspetiva, podemos ver que “O espaço é entendido não mais apenas como matéria-prima e meio de produção, mas como produto possuidor de valor e que se valoriza segundo dinâmicas propriamente urbanas/espaciais e financeiras, as quais marcam uma fragmentação ainda maior do espaço e instituem novos mecanismos tanto de espoliação quanto de integração precária dos pobres ao urbano” (CARLOS, 2018, p. 11). Tal faz com que essas práticas tragam novas estratégias para um novo espaço urbanístico, produzida para produção e reprodução do espaço e de ações sociais, contudo esses objetivos devem ser bem observados e dialogar com a realidade das pessoas a que se busca inteirar, fornecendo à população todo o servido que, de facto, eles precisam e necessitam.

Portanto, projetos sociais habitacionais não apresentam nenhuma novidade, porém com o passar do ano eles vem galgando cada vez mais importância para a sociedade, se organizando de forma independente e autogerida, trabalhando sempre para dar assistência ao direito básico da população desamparada e, também, com um pensamento de elevada  importância cultural para uma determinada cidade.

 

Raphael Nobrega Carelli

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho)

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