A Citânia de Briteiros, classificada em 1910 como
Monumento Nacional, encontra-se provida de um conjunto de infra-estruturas que
levam a uma cómoda e interpretativa visitação do local. No entanto, e após
várias tentativas de obter o devido reconhecimento por parte da UNESCO, ainda
não obteve o mérito merecido: ser declarada como Património da Humanidade.
Cada vez mais Portugal, de Norte a
Sul, afirma-se como um país turístico por excelência, agradando a uma vasta
panóplia de turistas, que procuram diversos entretenimentos e adquirir novos conhecimentos.
Como país que detém uma invejável riqueza histórico-arqueológica, este fator
também pesa muito na decisão de escolher Portugal como ponto turístico.
O facto do centro histórico de
Guimarães ter sido elevado a Património Mundial estimulou a vinda de uma
enchente de turistas cada vez maior a esta cidade e, consequentemente,
procurou-se desenvolver as infra-estruturas necessárias a esta leva turística
com que o “berço de Portugal” se deparou. Assim, aproveitando uma visita ao
centro histórico vimaranense, a Citânia de Briteiros espera-nos no alto do
monte de S. Romão, com uma vista e um legado histórico-arqueológico que nos
encantará.
Este sítio arqueológico é reconhecido
como um dos mais importantes povoados fortificados no que concerne à designada
“Cultura Castreja” no seio do Noroeste Peninsular. Ainda que este local seja,
geralmente, evidenciado no contexto proto-histórico, existem no entanto
evidências da presença pré-histórica e até mesmo após a Proto-História, altura
da romanização da região.
Assim, muito se tem realizado para
valorizar este magnífico sítio arqueológico, divulgando-o e até enviando
candidaturas à UNESCO para que se distinga como Património da Humanidade, facto
esse que ainda não aconteceu, mas não por falta de condições ou tentativas.
Provavelmente, só faltará mesmo a “vontade” da UNESCO.
No domínio da valorização do local,
apostou-se em novas infra-estruturas que o conotam para uma visita cómoda e que
contêm uma componente interpretativa do local, tendo sido criado, em 2003, o
Museu da Cultura Castreja na antiga casa de família de Martins Sarmento (o
pioneiro arqueólogo que contribuiu para deixar a descoberto grande parte das
ruínas deste povoado). Neste museu, dotado de equipamento tecnológico,
encontra-se não só o espólio descoberto no decorrer das campanhas arqueológicas
mas também informações acerca da evolução dos métodos e técnicas arqueológicos
nos séculos XIX e XX, e confere-se ainda particular relevância a objetos
pessoais e trabalhos desempenhados por Martins Sarmento. Uma importante
componente é a de que se trata ainda de visitas acompanhadas, com marcação,
particularmente a escolas e outras instituições.
Para melhorar a interação com a
comunidade local e para melhor dar a conhecer os costumes e a vida desta
cultura, é realizada a “Citânia Viva”, um evento de recriação histórica nas
ruínas. A sua importância reflete-se na participação de habitantes da freguesia
de S. Salvador de Briteiros, facto esse que permite a estes habitantes uma
relação ainda maior com o seu passado e as suas raízes.
Foi ainda inaugurado um percurso
pedestre que inclui a visita à Citânia, tendo sido implementado pela Zona de
Turismo de Guimarães com a colaboração da Sociedade Martins Sarmento. Este
percurso permite a visita ao museu da Cultura Castreja bem como aos conjuntos
de moinhos das ribeiras das freguesias de Várzea e Donim.
O website,
por outro lado, possibilitou a criação de um outro meio de divulgação, onde são
difundidas diversas informações acerca do local e é ainda possível fazer uma
visita virtual ao sítio arqueológico através do computador.
Para além disso, não convém esquecer
o notável trabalho que ao longo dos anos se tem desenvolvido no decorrer das
escavações, deixando conservadas as estruturas que provam a sua originalidade e
monumentalidade. Esse trabalho foi desenvolvido com a colaboração da Sociedade
Martins Sarmento e da Universidade do Minho.
Deste
modo, são várias as infra-estruturas que permitem fazer uma visita de regresso
ao passado. Vale totalmente a pena a deslocação a este magnífico local inserido
numa envolvente paisagística em comunhão com a natureza, remetendo-nos para uma
visão romântica daquele povo mítico cujas raízes, ainda hoje, convocam motivos
de discórdia entre os académicos.
Assim, perante todos os parâmetros
que se levaram a cabo para a valorização de um sítio arqueológico que, no final
de contas, é a nossa história também, coloca-se a questão: será que a Citânia
de Briteiros não merece mais? Não merece este magnífico local um lugar de
destaque na lista do Património Mundial da UNESCO?
Vânia Daniela Martins Moreira
Fontes:
www.csarmento.uminho.pt/docs/pformosa/Briteiros.pps
Lemos, Francisco Sande, ed. lit.; Cruz, Gonçalo Correia da, ed. lit.; Tomé, Cristina, trad.; Castro, Leonor, trad.; Campos, Manuela, trad., Citânia de Briteiros: Povoado proto-histórico, Guimarães: Sociedade Martins Sarmento, 2011.
Lemos, Francisco Sande, ed. lit.; Cruz, Gonçalo Correia da, ed. lit.; Tomé, Cristina, trad.; Castro, Leonor, trad.; Campos, Manuela, trad., Citânia de Briteiros: Povoado proto-histórico, Guimarães: Sociedade Martins Sarmento, 2011.
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e
Políticas de Desenvolvimento Regional” do curso de Mestrado em Mestrado em Património Cultural, da
ICS/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário