O turismo tem sido um dos setores sócio económicos a crescer
mais nos últimos tempos. Em Portugal, a receita proveniente deste setor
aumentou 9,3% entre 2014 e 2015, atingindo os 11,4 milhões de euros e esta é
uma tendência que se verifica por todo o lado.
Por norma, este setor é visto pelos consumidores como lazer,
e pelas entidades como uma forma de gerar lucro. Mas será possível orientar
este setor numa direção socialmente responsável? A ONU acredita que sim, e,
para isso, na 70ª Assembleia Geral das Nações Unidas, designou 2017 como o Ano
Internacional de Turismo Sustentável para o Desenvolvimento.
Mas porquê o turismo?
A verdade é que este pode ser um forte catalisador de mudança
devido ao seu impacto em várias áreas. A ONU procura promover o turismo com
base em cinco áreas distintas, sendo estas: o Crescimento Económico Inclusivo e
Sustentável - as chegadas de turistas têm aumentado a uma taxa de 4% ou mais
anualmente desde 2009, o setor representa 7% do total de exportações mundiais e
30% da exportação mundial de serviços, e representa 10% do PIB mundial ; a Inclusão
Social, Empregabilidade e Redução da Pobreza – este setor representa 1 em cada
11 empregos globalmente, é a maior categoria de exportação em muitos países em
desenvolvimento e tem quase o dobro de empregadas do sexo feminino do que os
outros setores; Eficiência de Recursos, Proteção Ambiental e Alterações Climáticas
- o setor do turismo gera financiamento para a conservação do património,
ambiente e vida selvagem, pode ser um meio de preservar e restaurar a biodiversidade
e poderá vir a gerir 1,8 milhões de turistas de forma sustentável em 2030; Valores
Culturais, Diversidade e Herança - é um setor que “ressuscita” atividades e
costumes tradicionais, dá força e cria orgulho nas comunidades, promove
diversidade cultural e consciencializa para o valor do património; e, por fim,
Compreensão Mútua, Paz e Segurança – quebra barreiras criando cada vez mais
cidadãos do mundo, oferece oportunidade interculturais que ajudam na
compreensão cultural que leva à construção da paz, é um setor resiliente que
rapidamente recupera de ameaças de segurança e é uma ferramenta para uma
diplomacia suave.
Para atingir esta visão, a ONU está a colaborar com Governos,
Organizações Internacionais, Setor Privado, e Organizações Não Governamentais,
para as quais criou quatro linhas de ação concretas, que são Advocacia e Sensibilização,
Criação de Conhecimento e Disseminação do mesmo, Elaboração de Políticas e
Capacitação; e Educação, às quais associou um conjunto de atividades, como eventos,
workshops, formações, debates, entre
outros, que irão acontecer durante o ano por todo o mundo.
A ONU anunciou recentemente que o mundo atravessa a pior
crise humanitária desde que a organização nasceu: crise de refugiados;
terrorismo; guerras. Todos estes conflitos têm criado uma tensão crescente
entre os países e um preconceito e generalização do mesmo, tornando as pessoas
mais egoístas e centradas no seu próprio bem. Com esta tensão, a ascensão ao
poder de decisores políticos com objetivo de aumentar as barreiras entre nações
tem sido também crescente e o turismo socialmente responsável pode ser uma
ferramenta forte no combate a estas barreiras.
Para perceber e respeitar diferenças culturais, é necessário
percebê-las, conviver com elas, pois só dessa forma será possível gerar-se essa
tal compreensão. Existe um conjunto de “campanhas” que a ONU promove e, no
acesso ao sítio, deparei-me logo com algumas que tinham em comum a palavra
“partilha”. Partilha de histórias, de soluções, de conhecimento, que passa
quase sempre por uma educação informal às pessoas que tiverem acesso às mesmas
e procurarem saber mais.
Assim, o Turismo ganha um sentido novo, uma responsabilidade
económico-social forte que não tinha sido ainda explorada e para a qual não
existia ainda um esforço claro, unido, a uma escala tão grande. Turismo deixa de
ser apenas viajar ou um setor economicamente forte e com potencial e passa a
ser um catalisador de impacto positivo no mundo.
Margarida de Barros
Martins
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)
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