Portugal é um destino de
referência para quem procura contacto direto com o que de melhor existe na
Natureza. De Norte a Sul, as terras portuguesas são abençoadas com uma enorme
diversidade paisagística. São muitos os pontos de referência para quem deseja
encontrar-se com os paraísos verdes e naturais deste país. No entanto, existem
alguns locais que, pela beleza inegável das suas paisagens e a riqueza da sua
fauna e flora, merecem um destaque particular. Das muitas maravilhas
portuguesas, existe um espaço natural cuja visita é obrigatória para os amantes
da Natureza: os designados “Passadiços do Paiva”.
A viagem ao longo de oito
quilómetros de natureza em estado puro começa em Arouca. Mais precisamente, nos
Passadiços do Paiva. Estes são caraterizados por passadiços de madeira que
acompanham as vertentes rochosas da margem esquerda do rio Paiva. Esta longa
viagem tem como propósito oferecer um passeio que explora a paisagem única e
intocada do concelho, com descidas de águas bravas e espécies em vias de
extinção na Europa. É um trajeto marcado pela biologia, geologia e pela
história da vida no planeta.
O percurso liga as praias
fluviais do Areinho e da Espiunca, bem próximo de Alvarenga, sendo estes dois extremos
por onde o caminho pode ter início.
De modo a ser quase
impossível negar esta incrível paisagem natural, este trilho que permite
visitar este território quase selvagem recebeu um prémio dos 2016 World Travels como o projeto
europeu mais inovador. Portanto, esta distinção é realmente uma prova de que
toda esta riqueza natural não precisa de filtro.
Como
seria de esperar, o sucesso da construção desta estrutura foi rapidamente notório.
Dois meses e meio após a sua abertura, os Passadiços do Paiva receberam cerca
de 200 mil visitantes, com uma média de 7 mil por dia. O concelho de Arouca
beneficiou muito com esta situação, tanto a nível turístico como noutras áreas
económicas que estavam a passar dificuldades até então (Oliveira, 2016).
É
possível observar que os estabelecimentos hoteleiros ampliaram as suas
receitas, com um número crescente de hóspedes, mas também surgiram novas
unidades de alojamento, mais concretamente do tipo turismo rural, de modo a
responder a toda a procura. Por outro lado, os estabelecimentos comerciais,
como os cafés e os restaurantes, viram os seus produtos serem esgotados,
diariamente, devido ao elevado número de visitantes. Os taxistas viram
despertar o seu negócio, ao utilizarem os seus serviços para deslocar os turistas
entre os dois extremos dos Passadiços.
Com
o rápido desenvolvimento local que se observou, o Presidente da Câmara, Artur
Neves, afirmou: “os passadiços revolucionaram completamente o concelho e a
economia local. Os dois milhões de euros ali investidos já entraram no concelho”
(Oliveira, 2016).
A
abundância de turistas permitiu o crescimento do setor do turismo. As empresas
de desporto e animação turística sempre foram um negócio presente nesta região,
devido, essencialmente, a todos os recursos naturais que o território oferece.
Porém, foram surgindo novas empresas de turismo que estabeleceram parcerias com
os restantes espaços de interesse do concelho e, inclusive, museus que foram posteriormente
inaugurados, oferecendo tours
diversificadas para todos os gostos.
Na
minha opinião, existe um conjunto de fatores chave de sucesso que atribuem
vantagem competitiva a este território em termos de Turismo de Natureza. É,
assim, necessário cuidar de toda esta região, tanto ao nível de qualidade de
prestação de serviços, como ao nível da preservação da paisagem. Os incêndios
florestais são de facto uma limitação deste percurso e, portanto, é importante assegurar
que se conseguem preservar todos os recursos naturais. É fundamental atrair
novos turistas e, desta forma, a inovação na prestação dos vários serviços que
os Passadiços oferecem não pode ser descartada. Esta inovação é essencial para
a atração de jovens turistas que, cada vez mais, procuram fazer algo diferente.
Todas
as experiências que podem ser vivenciadas na vila de Arouca, nomeadamente, as
explosões de adrenalina provenientes dos desportos de aventura do Paiva, as
aldeias tradicionais que guardam e projetam para o futuro a memória de quem
vive e já viveu, o artesanato e as tradições que continuam a contar a história
dos habitantes, são o sucesso desta região e definem-a. Os locais que outrora
foram inacessíveis fazem agora parte de um percurso cujos oito quilómetros vão
fazer valer a pena a viagem de cada turista.
Catarina Araújo Azevedo
(Artigo de opinião produzido no âmbito da
unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de
vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo
2016/17)
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