domingo, março 05, 2017

Uma viagem pelo “paraíso natural” na vila de Arouca


        Portugal é um destino de referência para quem procura contacto direto com o que de melhor existe na Natureza. De Norte a Sul, as terras portuguesas são abençoadas com uma enorme diversidade paisagística. São muitos os pontos de referência para quem deseja encontrar-se com os paraísos verdes e naturais deste país. No entanto, existem alguns locais que, pela beleza inegável das suas paisagens e a riqueza da sua fauna e flora, merecem um destaque particular. Das muitas maravilhas portuguesas, existe um espaço natural cuja visita é obrigatória para os amantes da Natureza: os designados “Passadiços do Paiva”.
A viagem ao longo de oito quilómetros de natureza em estado puro começa em Arouca. Mais precisamente, nos Passadiços do Paiva. Estes são caraterizados por passadiços de madeira que acompanham as vertentes rochosas da margem esquerda do rio Paiva. Esta longa viagem tem como propósito oferecer um passeio que explora a paisagem única e intocada do concelho, com descidas de águas bravas e espécies em vias de extinção na Europa. É um trajeto marcado pela biologia, geologia e pela história da vida no planeta.
O percurso liga as praias fluviais do Areinho e da Espiunca, bem próximo de Alvarenga, sendo estes dois extremos por onde o caminho pode ter início.
De modo a ser quase impossível negar esta incrível paisagem natural, este trilho que permite visitar este território quase selvagem recebeu um prémio dos 2016 World Travels como o projeto europeu mais inovador. Portanto, esta distinção é realmente uma prova de que toda esta riqueza natural não precisa de filtro.
Como seria de esperar, o sucesso da construção desta estrutura foi rapidamente notório. Dois meses e meio após a sua abertura, os Passadiços do Paiva receberam cerca de 200 mil visitantes, com uma média de 7 mil por dia. O concelho de Arouca beneficiou muito com esta situação, tanto a nível turístico como noutras áreas económicas que estavam a passar dificuldades até então (Oliveira, 2016).
É possível observar que os estabelecimentos hoteleiros ampliaram as suas receitas, com um número crescente de hóspedes, mas também surgiram novas unidades de alojamento, mais concretamente do tipo turismo rural, de modo a responder a toda a procura. Por outro lado, os estabelecimentos comerciais, como os cafés e os restaurantes, viram os seus produtos serem esgotados, diariamente, devido ao elevado número de visitantes. Os taxistas viram despertar o seu negócio, ao utilizarem os seus serviços para deslocar os turistas entre os dois extremos dos Passadiços.
Com o rápido desenvolvimento local que se observou, o Presidente da Câmara, Artur Neves, afirmou: “os passadiços revolucionaram completamente o concelho e a economia local. Os dois milhões de euros ali investidos já entraram no concelho” (Oliveira, 2016).
A abundância de turistas permitiu o crescimento do setor do turismo. As empresas de desporto e animação turística sempre foram um negócio presente nesta região, devido, essencialmente, a todos os recursos naturais que o território oferece. Porém, foram surgindo novas empresas de turismo que estabeleceram parcerias com os restantes espaços de interesse do concelho e, inclusive, museus que foram posteriormente inaugurados, oferecendo tours diversificadas para todos os gostos.
Na minha opinião, existe um conjunto de fatores chave de sucesso que atribuem vantagem competitiva a este território em termos de Turismo de Natureza. É, assim, necessário cuidar de toda esta região, tanto ao nível de qualidade de prestação de serviços, como ao nível da preservação da paisagem. Os incêndios florestais são de facto uma limitação deste percurso e, portanto, é importante assegurar que se conseguem preservar todos os recursos naturais. É fundamental atrair novos turistas e, desta forma, a inovação na prestação dos vários serviços que os Passadiços oferecem não pode ser descartada. Esta inovação é essencial para a atração de jovens turistas que, cada vez mais, procuram fazer algo diferente.
Todas as experiências que podem ser vivenciadas na vila de Arouca, nomeadamente, as explosões de adrenalina provenientes dos desportos de aventura do Paiva, as aldeias tradicionais que guardam e projetam para o futuro a memória de quem vive e já viveu, o artesanato e as tradições que continuam a contar a história dos habitantes, são o sucesso desta região e definem-a. Os locais que outrora foram inacessíveis fazem agora parte de um percurso cujos oito quilómetros vão fazer valer a pena a viagem de cada turista.

Catarina Araújo Azevedo

Oliveira, Sara (2016), Passadiços do Paiva são um fenómeno e a vila de Arouca não voltou a ser a mesma. Público  

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/17)

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