Logo de início, esclarecendo os menos entendidos, é importante
mencionar a definição de megaeventos, sendo eles grandes eventos cuja magnitude
afeta economias inteiras.
Seria importante refletir sobre a posição destes eventos face
ao impacte que terá na comunidade local onde se realiza o evento. Eventualmente,
no caso das infraestruturas, e onde os orçamentos de estado é implementado
apenas a prol deste evento ou para produção de lucro a médio longo prazo, após
ter terminado o evento, precisamos de analisar vários investimentos efetuados
na comunidade, caso tenham ou não sido executados apenas para o megaevento ou
também para a “prosperidade” geral da região. Esses grandes investimentos normalmente
são feitos para a satisfação dos visitantes e para gerar receitas apenas
durante os eventos, pois, depois destes, não havendo tanto movimento turístico,
as receitas caem e a utilização das infraestruturas não é efetuada
eficientemente.
Normalmente, estes eventos geram impactes profundos, a longo
prazo, tanto positivos quanto negativos, sobre as comunidades de acolhimento. Por
norma, os positivos perlongam-se após o término destes megaeventos.
Uma das consequências positivas destes megaeventos é a grande
circulação de dinheiro, e uma grande difusão de cultura e sociabilidade entre
os turistas e os locais que gera. Com a chegada do megaevento. são sempre
necessários aperfeiçoamentos das vias de comunicação, e uma maior qualidade e
diversidade de serviços a prestar aos novos “inquilinos” temporários dessa
região. Ou seja, aumentam-se assim cargos profissionais e empregos, aumenta-se
a procura de serviços; ao todo, aumentam-se os postos de trabalha e/ou os edifícios
que ficam disponíveis. Positivo, também, é a promoção da localidade nos
mercados turísticos que, caso todos os outros aspetos possam ser negativos, a
melhor propaganda que se pode fazer será a que se exprime na satisfação de
todos aqueles que passaram pelo destino em causa e gostaram.
Resumindo, durante os megaeventos aumentam-se as receitas, o
movimento, os serviços e as trocas comerciais. Mas os problemas iniciam-se após
o término destes eventos: as receitas baixam, os serviços são menos procurados,
isto é, poderemos ter muita oferta e pouca procura. Isto pode traduzir-se no
fecho de estabelecimentos, e precariedade de vários serviços.
De entre toda a análise dos aspetos que possam refletir os
impactes destes eventos, aparte a que envolve estimativas dos seus potenciais
gastos e receitas, acima de tudo é necessário compreender as dimensões e as
fases que envolvem um evento destas dimensões: investimentos; gastos com
treinamento; gastos com marketing; investimento para a construção das
estruturas que serão necessárias para o evento; investimentos em
infraestruturas de apoio e logística para a realização do evento; aumento dos
preços de imóveis. Os impactes económicos tendem a ter uma expressão temporal
de longo prazo que, caso o evento não seja bem sucedido, poderão não se
manifestar tal como concebido, nomeadamente os de expressão positiva.
Em conclusão global, diria que é necessária uma reflexão
sobre se os investimentos efetuados têm capacidade de ser aproveitados em prol
do desenvolvimento da região e o seu
melhor aproveitamento futuro. A este propósito, temos o exemplo contrário das
Olimpíadas no Brasil no ano de 2014, em que grandes investimentos efetuados nas
infraestruturas estão na atualidade em desuso e com poucos cuidados, ou seja, em
risco destruição dado o contexto natural e social em que o megaevento se
desenvolveu.
Bruna Alberta Costa
Cunha
CARVALHO, Hade de Renata, IMPACTO ECONÔMICO DE MEGAEVENTOS – O CASO COPA DO MUNDO FIFA 2014, Universidade do Minho, Braga 2010
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e
Políticas de Desenvolvimento Regional” do curso de Mestrado em Mestrado em Património Cultural, da
ICS/UMinho]
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