O fenómeno da crise afetou
de sobremaneira a maioria das áreas rurais. Ainda assim, o turismo tem vindo a
crescer nas propostas de desenvolvimento, com vista a colmatar eventuais falhas
que surjam neste contexto. Persiste,
ainda, a consciência de que as perspetivas de crescimento e evolução do setor turístico
são muito favoráveis, tendo-se verificado um aumento da dotação dos Fundos
Comunitários para o setor. Porém, torna-se essencial que tenhamos em linha de
consideração que este crescimento deve ser realizado de forma sustentada, a
vários níveis: económico e ambiental... Assim, será imprescindível a
canalização destes esforços para criar produtos e serviços inovadores e
diversificados. Deverá existir um reforço das parcerias estratégicas para a preservação
do equilíbrio ambiental e a valorização do património cultural, aproveitando
não só o potencial das regiões mas, também, configurando produtos turísticos
alternativos.
Nessa medida, concordaremos certamente que o sucesso da
atividade turística está correlacionada com os
recursos locais e a sua mensuração quantitativa e qualitativa. Assim, ter a consciência de que a
emergência, proliferação e consolidação de novos concorrentes, paralelamente à
agressividade promocional e comercial de alguns dos já estabelecidos, é um algo
que importa ter subjacente à estratégia de desenvolvimento de Portugal.
Contudo, a instabilidade económica e financeira da Europa, e
a evolução do PIB, emprego e rendimento disponível aconselham prudência na projeção
dos fluxos turísticos, uma vez que o património cultural constitui o ativo mais
precioso de qualquer país, sobretudo daqueles que possuem
percursos históricos mais antigos e cujos recursos naturais foram parcialmente
esgotados com o tempo. Assim, nos últimos
trinta anos, deram-se passos importantes, através das políticas de
Património Cultural desenvolvidas.
Dessa forma, fez-se a promoção
deste sector através de campanhas milionárias com vista à criação de novos
equipamentos culturais e patrimoniais e a adaptação a um turismo mais
inclusivo. Também a “plataforma pelo património cultural” aponta diversas medidas
para que o património cultural se possa constituir como uma oportunidade de
futuro. Os programas eleitorais facilitaram, através da execução das políticas
patrimoniais e uma política efetiva interministerial, que o património cultural
tenha sido dotado de meios financeiros suficientes, em especial para os setores
da cultura, educação, ambiente, urbanismo, ordenamento do território e turismo.
Após a consulta de alguns dados, é notória a tendência
crescente do saldo da balança de viagens e turismo em Portugal, assumindo o
valor de 8.830,63 milhões no ano de 2016, o valor mais elevado no período entre
2000 e 2016. Muitos autores afirmam, por
isso, que um dos maiores desafios da sociedade atual passa por promover um
desenvolvimento centrado no Homem. Nessa medida, convém ter em linha de conta
que o desenvolvimento e o turismo ocorrem em diferentes escalas (globais e
locais). Há que reconhecer as tónicas e as abordagens que conduzem ao processo
de desenvolvimento e ao desenvolvimento do turismo nos diversos lugares.
Em conclusão,
podemos afirmar que Portugal depende cada vez mais do turismo, e que sem o
claro crescimento deste a situação vivida com a crise seria muito mais sentida. E Portugal tem, de facto, caraterísticas muito
particulares que lhe possibilitam isso mesmo: a sua orla costeira, todo o património
histórico-cultural e as suas paisagens. É um país, que possui uma vasta gama de
recursos. No entanto, será necessário reforçar a qualidade dos serviços
prestados.
Ana Margarida
Ferreira Lima
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/17)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/17)
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