Desde os primórdios das civilizações que os antigos se
prendiam com a necessidade de retratar o espaço onde viviam, trabalhavam e
passavam o seu tempo. Estas representações tinham como base fundamentalmente
dois formatos: as pinturas e os mapas. Ao longo da nossa história, os humanos
procuravam não só conhecer os locais onde viviam mas também representar
cartograficamente lugares e elementos do seu quotidiano.
Hoje em dia, não carecendo dessas necessidades, a evolução tecnológica
e a conjuntura social e económica levaram a que os Sistemas de Informação
Geográfica (SIG) assumissem um papel preponderante na representação,
localização, inventariação, monitorização e gestão do Património Cultural.
Num tempo em que a preocupação pela preservação do património
cultural é cada vez maior, evidente através das várias convenções, declarações
e recomendações emitidas por organismos internacionais, como a UNESCO (ICOMOS),
para a salvaguarda do património cultural, é também uma questão de cidadania zelar
pela proteção e conservação do património existente, bem como pela salvaguarda da
identidade histórico-cultural. Ao fazê-lo, estamos a usufruir dele, mas também a
possibilitar que esse legado possa ser transmitido às futuras gerações,
contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável do planeta e das próprias
populações.
Assim, para uma boa preservação e a gestão destes bens
patrimoniais, é necessário que os conheçamos profundamente, assim como o seu
lugar no território. Neste sentido, tem-se recorrido, cada vez mais, às tecnologias
ligadas aos sistemas de informação geográfica para uma mais eficaz
inventariação, gestão e monitorização do património cultural, quer material
quer imaterial.
A Paisagem Cultural de Sintra foi a primeira a ser
classificada como Património Mundial da Humanidade na categoria de Paisagem
Cultural, em 1995. Segundo a UNESCO: ”Sintra
foi, no século XIX, o primeiro foco da arquitetura romântica europeia. Fernando
II soube transformar as ruínas de um mosteiro em castelo, onde a nova
sensibilidade se exprimiu pela utilização de elementos góticos, egípcios,
islâmicos e renascentistas, e pela criação de um parque conjugando essências
locais e exóticas. Outras residências de prestígio foram construídas na serra
segundo o mesmo modelo e fizeram deste local um exemplo único de parques e
jardins que influenciou diversas paisagens na Europa.”.
Esta clara harmonia entre a paisagem natural e a ação do
homem, em que os edifícios de estilo palaciano contrastam com a mancha verde
que os rodeia, cria uma paisagem de grande beleza e com um elevado valor
cultural.
Na minha opinião, a
aplicação dos S.I.G nestes contextos é de extrema importância, pois permite o
acompanhamento e o controle da sua área florestal e da sua biodiversidade,
possibilitando uma análise mais profunda do território e das suas
caraterísticas. Com um conhecimento mais atualizado do seu estado
possibilita-nos, quando necessário, uma tomada mais eficiente e eficaz de
alguma decisão para a resolução de algum problema. Numa altura em que Sintra
está a registar um aumento do número de habitantes e de turistas, torna-se essencial
esta manutenção do território e da atividade humana de forma a evitar a
degradação e a destruição deste lugar.
Sara Costa
Bibliografia
Parques
de Sintra, «Património Mundial da Unesco», Parques de Sintra: Monte da Lua, http://www.parquesdesintra.pt/tudo-sobre-nos/patrimonio-mundialunesco/.
CM-Sintra,
«Gestão Territorial», Câmara Municipal de Sintra,
http://www.cm-sintra.pt/gestao-territorial.
Versus,
«SIG», Versus: Projetos, Informática e Formação Lda., http://www.versus.pt/historial_sig.php.
Unesco,
«Paisagem Cultural de Sintra» Comissão Nacional Da Unesco
Ministério
Dos Negócios Estrangeiros, https://www.unescoportugal.mne.pt/pt/temas/proteger-o-nosso-patrimonio-e-promover-a-criatividade/patrimonio-mundial-em-portugal/paisagem-cultural-de-sintra.
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas
de Desenvolvimento Regional” do curso de Mestrado em Mestrado em Património
Cultural, da ICS/UMinho].
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