Sempre que viajo para o exterior, o meu pensamento é
exatamente o seguinte: “O meu país é tão bonito e seguro. Tenho sol, praia e
uma gastronomia de fazer crescer a barriguinha. Para além disso, é muito mais
limpo do que o sítio onde eu estou agora. Já tenho saudades.” Digamos que a
minha veia cosmopolita tem uma duração inferior a cinco dias.
Há quem diga que “quanto mais conheço
pessoas, mais gosto do meu cão”, e eu fiz o meu próprio provérbio “quanto mais
conheço outros países, mais gosto do meu país” porque na verdade existem poucos
países com uma abrangência de atributos tão elevada quanto o nosso. E a verdade
é que poderia estar aqui horas e horas a falar sobre as qualidades do nosso
Portugal, mas não é por isso que estou aqui.
Estou
aqui para falar sobre uma tendência, quase um mito, que tem que ser
desmistificado. Para uma marca crescer e ser feliz não precisa de ser escrita em
inglês. Não tentem culpabilizar o fracasso de uma internacionalização pelo seu
nome. Valorizem mais o que é vosso e a suas origens. A autenticidade nunca
amaldiçoou ninguém.
Lembrem-se que nós portugueses descobrimos o Mundo,
antes de todos os outros lá chegarem. E temos vários exemplos de marcas que correram
e correm mundo, escritas em português. As pulseiras Cabo de Mar estão em 13
países. As sabrinas de luxo, Josefinas, rodopiam em Nova Iorque.
A emblemática Silampos é uma marca 100%
portuguesa que exporta para 50 países. A marca portuguesa de sapatos Felmini é
uma das marcas que mais vende em Itália e até calçou uma das protagonistas da
saga Transformers, com as suas botas
fabricadas em Felgueiras. A marca Meia-Dúzia, que comercializa compotas em
bisnaga e está presente nas cidades de Bruxelas, Berlim e Viena, para além de
utilizar um nome português, escolheu ainda uma palavra singularmente portuguesa:
“meia dúzia”.
Os pompons das sandálias da marca Alameda
Turquesa foram ainda distinguidos em editoriais da Vogue Japão pela italiana
Anna Dello Russo, e ainda conquistaram o único lugar português na loja online de Chiara Ferragni, considerada a
blogger de moda mais influente do mundo. Por isso, como vêem, nada é impossível. E
se a marca tiver realmente “pernas para andar” não será o nome em português que
a vai impedir de percorrer o seu caminho.
A assinatura Luís Onofre é também um exemplo
disso. Sempre com o escudo de Portugal nas solas, Luís Onofre já
calçou Michelle Obama, a rainha Letizia, de Espanha, a princesa Victoria, da
Suécia, as atrizes Penélope Cruz e Naomi Watts. E, recentemente, a milionária
norte-americana Paris Hilton, voltou atrás, depois de deixar um hotel em
Madrid, para recuperar a caixa exclusiva, forrada em cetim, dos seus sapatos
Luís Onofre.
E para finalizar, uma outra tendência,
inclinação ou até mesmo uma disposição natural poruguesa de apenas reconhecer o
mérito quando ele começa a ser falado fora do nosso país: sabíamos que era
feito em Portugal e agora até vamos tratar de recomendar a outras pessoas
porque finalmente descobrimos o valor do produto. O exemplo é de Amália
Rodrigues, que na década de 40 já era conhecida, famosa e fortemente
referenciada em todo o mundo, e só na década de 90 é que pisou pela primeira
vez o palco do Coliseu, por iniciativa da Rádio Renascença e de António Sala,
locutor e cantor português.
Filipa Cibrão Ribeiro
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/17)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/17)
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