Não é muito difícil, para um país como
Portugal, com uma história tão longa e rica, arranjar pretexto, em cada lugar e
ocasião, para celebrar feitos históricos. Assim, as Feiras Medievais, realizadas
ao longo do ano, nos diferentes locais do nosso país, tentam recriar épocas,
factos e personagens da História de Portugal.
A tentar recriar a tradição, nas últimas
décadas, realizam-se grandes festas, durante o verão, de norte a sul do país.
As cidades modificam-se completamente. As lojas transformam as suas fachadas e os
bancos dos bares são substituídos por assentos rústicos. As refeições são
servidas ao modo tradicional, com as especialidades da altura. Centenas de
atores procuram encenar batalhas, conversas triviais, punições de criminosos,
fugas de escravos e invasões. A realização destes eventos ocorre próximos de
castelos reais, isto é, existe uma proximidade entre o passado e o que se
procura viver na atualidade.
A oferta multiplica-se por todo o país, porém,
as feiras mais emblemáticas a nível internacional estão em Santa Maria da
Feira. Num espaço de 40 hectares, o evento tem uma duração de 10 dias e atrai,
diariamente, 50 mil visitantes, em média. De modo a ser possível explicar todo
o envolvimento e associativismo local, destaca-se o facto de existir uma grande
equipa, constituída por mais de mil pessoas e a presença de 250 voluntários. O
presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, Emídio Sousa, afirma
que “É um reconhecimento de muito trabalho, até porque não somos uma cidade
muito grande, o que torna mais notável todo o trabalho que temos feito nesta
área”.
A grandiosidade do evento é incontestável e já conta com
uma série de prémios atribuídos a todo o esforço e dedicação. Destaca-se o “Melhor
Evento Cultural e Artístico 2016”, recebido na nona Gala de Eventos, pelo
festival Imaginarius. Este é o nono
prémio arrecadado pela região e o segundo prémio internacional atribuído ao
evento.
O Mercado Medieval de Óbidos é um evento de referência. O
centro histórico da vila permite obter um palco privilegiado para a mesma, oferecendo
ao visitante uma viagem no tempo. Durante vários dias, observam-se artesãos,
malabaristas, cavaleiros, mendigos e, entre outros, vítimas de peste. O que
marca fortemente este evento é a componente gastronómica, possibilitando aos
visitantes disfrutar várias iguarias oriundas de toda a região. A música medieval representa, definitivamente,
a era medieval, cativando todos os recantos, animando todos aqueles que estão à
mesa ou de passagem. Da mesma forma, o teatro com bobos, saltimbancos,
dançarinos e atores contagiam de energia todo o ambiente envolvente, divertindo
os espectadores que estão na periferia.
No Norte de Portugal, existe uma cidade que merece um
destaque particular. Falo do nosso Berço da Nação: a cidade de Guimarães. A
feira vimaranense, denominada de Feira Afonsina, procura, como todas as restantes,
recriar os primórdios da nacionalidade, numa das cidades mais históricas de
Portugal.
Segundo José Bastos, Vereador da Cultura, a
Feira Afonsina «ajudará a reforçar a importância da cidade em termos
turísticos, históricos e económicos, pois dará um contributo muito positivo à
dinâmica local». Referiu, ainda, que o evento atingiu um nível de qualidade que
a organização está empenhada em consolidar. Sofia Ferreira, em representação da
Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, acrescentou que «o
turista, hoje em dia, exige originalidade e qualidade e esta iniciativa diferenciadora
afirma-se na agenda cultural do Norte e do país». Na edição deste ano, a Câmara
de Guimarães pretende dar continuidade à “Feira Afonsina”, de modo a proporcionar
aos visitantes uma experiência inesquecível.
Na minha opinião, todo o trabalho realizado
para representar o período medieval é uma forma bem conseguida de estimular as economias
locais e regionais. As receitas geradas das tabernas gastronómicas ou artesanato
e os postos de trabalho mantidos são essenciais para o desenvolvimento da
região. Através destes eventos, é
possível vivenciarmos, num pequeno espaço temporal, uma vida sem tecnologia,
onde apenas existe a alegria de ter contato presencial. Isto é, a convivência
“pessoal” proporcionada pelas feiras traz inúmeras vantagens inestimáveis, fornecendo
excelentes meios para favorecer a comunicação.
A sazonalidade é uma dificuldade na concretização destes eventos. Isto
é, o mau tempo é um dos obstáculos à realização das feiras, pois ocorrem em
espaços abertos. Portanto, existe uma necessidade de estudar as condições climatéricas
para não provocar adiamentos com prejuízos económicos enormíssimos. Outro
aspeto que tem vindo a marcar este tipo de eventos é a multiplicação da oferta pelos
diversos cantos do país. É indispensável não cair na vulgaridade e criar
programas originais e de qualidade, que permitam fidelizar os visitantes. Estas
atividades devem ser executadas em locais históricos importantes e, para tal,
limitar o número destes eventos é prioritário. Pelo contrário, podemos utilizar
ferramentas de Marketing, uma vez que vivemos numa era tecnológica, para atrair
o maior número de visitantes e, naturalmente, conquistar o público jovem.
Todas estas atividades culturais e criativas têm cumprido uma
programação com níveis de qualidade excelentes. É necessário continuar a
promover, efetiva e eficientemente, estes eventos para que proporcionem o
crescimento de fluxos turísticos que, consequentemente, contribuam para o
sucesso das futuras edições. Só assim é que as Feiras Medievais continuarão a
ser uma das festas mais importantes para comemorar a História de Portugal!
Catarina Araújo Azevedo
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, leccionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, leccionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)
Sem comentários:
Enviar um comentário