O
Turismo de Natureza é um dos dez produtos turísticos definidos pelo Plano
Estratégico Nacional do Turismo (PENT). Decorrente da constante evolução da
sociedade, também o Turismo de Natureza progrediu ao longo dos anos para fazer
face às distintas necessidades de quem visita Portugal. Neste sentido, decidi
escrever não sobre o que considero ser uma evolução, mas sobre o que considero
ser a maior “revolução” do Turismo de Natureza dos últimos anos.
Já
lá vai o tempo em que acampar era sinónimo de uma aventura que significava
inevitavelmente um grande desprendimento dos nossos hábitos de vida. Era
necessário abdicar do conforto do nosso lar e da nossa cama para passar a
pernoitar numa tenda e num saco cama, vulnerável às alterações climáticas que,
muitas vezes, antecipavam o nosso regresso a casa.
Os
acampamentos de luxo, que se tornaram virais em Itália, chegaram finalmente a
Portugal! Resultante da aglutinação entre as palavras “glamour” e “camping”, o Glamping surge para aliar o contacto
único com a Natureza ao conforto de um bom hotel. Para momentos de absoluta tranquilidade
e para umas férias revigorantes, as soluções são mais que muitas e a oferta
multiplica-se um pouco por todo o país, decorrente da crescente procura em
Portugal e no Mundo.
No
sul do País, a Casa Tuia localiza-se próxima dos melhores campos de Golf e da belíssima Praia de Carvoeiro,
satisfazendo as delícias mesmo dos turistas mais exigentes. Na Zambujeira do
Mar, o Glamping Zmar apresenta-se
como uma opção “eco-friendly”,
diversas vezes laureado nacional e internacionalmente. Outro bom exemplo é o
Cascais Oasis, o único Glamping na região de Lisboa, localizado
por excelência no reconhecido Triângulo de Ouro: Estoril-Cascais-Sintra.
Contudo,
o Norte do país não fica nada atrás. É no “arraial” do Minho que se posicionam
dois dos Glampings que considerei
relevante destacar. O Lima Escape
localiza-se em Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo, e proporciona
aos seus turistas as mais sofisticados experiências de Glamping num ambiente envolvente e com uma vista deslumbrante sobre
o Rio Lima. Relativamente próximo deste, em Fiães do Rio, no concelho de
Montalegre, localiza-se o Nomad Planet, que garante proporcionar aos
seus visitantes uma atípica vivência nómada, sem descurar o conforto e a vista
panorâmica sobre o Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Apesar
de esta ser uma aposta recente, Portugal integra já o ranking dos oito melhores Glampings
do Mundo (Trivago, 2016). Localizado
em plena Serra da Gardunha, no distrito de Castelo Branco, o Natura Glamping, destaca-se ao lado de grandes empreendimentos
posicionados em destinos paradisíacos como Bali,
na Indonésia, Tulum, no México, ou San Marcos, nos arredores de Veneza. Localizado
a 925 metros de altitude e com uma vista esplendorosa sobre a Cova da Beira e a
Serra da Estrela, este parque dispõe de sete domos geodésicos (idênticos a
iglôs gigantes), verdadeiras “tendas de luxo”, com cerca de 40 metros quadrados
e os mais requintados serviços. Apostando na personalização e na total satisfação
do cliente, é possível desfrutar da típica gastronomia, conhecer os trilhos, o
património e os costumes da região através de visitas guiadas. Para os mais
aventureiros existe a possibilidade de realizarem BTT, canoagem, voos de balão,
passeios a cavalo, etc. Com atividades para todos os gostos e nunca descurando
os serviços de excelência, os visitantes podem desfrutar de serviços de
massagens, aulas de yoga, e muito
mais.
À data de elaboração deste artigo, considerei
interessante simular uma reserva no Natura
Glamping para verificar os preços
praticados. Assim, constatei que o preço por noite, para duas pessoas, ronda os
150 euros ao fim de semana e os 115 euros em dias úteis. Mais económico que
pernoitar num hotel de luxo (por vezes), mais dispendioso que acampar num parque
tradicional (sempre), o Glamping não
é uma alternativa de férias propriamente barata, mas é, na minha opinião, uma
opção que prima pela originalidade e pela intrínseca conexão com a natureza.
Recorrendo
ao Google Trends, verifiquei que o país que mais pesquisa a palavra “Glamping” é a Irlanda, seguindo-se o
Reino Unido e a Eslovénia. Em Portugal, este conceito passou a ser pesquisado
essencialmente a partir de 2015 e de forma massiva no concelho de Castelo
Branco, facto que associo à inauguração nesta região do Natura Glamping em março de 2015. Tanto a nível mundial como
nacional, verifiquei que existem picos de procura todos os anos nos meses de
julho e agosto, remetendo para a sazonalidade desta atividade.
Posto isto, atesto a comprovada vocação de
Portugal para o Glamping como forma primordial
de promoção e “exploração” sustentável daquele que é um indiscutível e
riquíssimo património do nosso País: a Natureza, como um todo, e o Sol, os
rios, as florestas, as paisagens e a fauna e flora autóctones, em particular. No
entanto, na minha opinião, o quase completo desconhecimento desta atividade
pela população nacional mostra que há ainda um longo caminho a percorrer na
promoção desta atividade turística.
A
meu ver, Portugal está e continuará a estar em voga, turisticamente falando, se
decidir apostar em tendências mundiais como o Glamping. Para competir com êxito neste segmento turístico não é
suficiente ter os recursos, é sim crucial uma ampla divulgação e promoção
internacional do País como destino de Natureza de excelência. Só assim é que o Glamping português passará de um nicho
de mercado para um segmento premium. Boa
Estadia!
Ana Catarina Pereira Pimenta
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)
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