quinta-feira, abril 06, 2017

Glamping: O novo paradigma no Turismo de Luxo, para aventureiros requintados


O Turismo de Natureza é um dos dez produtos turísticos definidos pelo Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT). Decorrente da constante evolução da sociedade, também o Turismo de Natureza progrediu ao longo dos anos para fazer face às distintas necessidades de quem visita Portugal. Neste sentido, decidi escrever não sobre o que considero ser uma evolução, mas sobre o que considero ser a maior “revolução” do Turismo de Natureza dos últimos anos.
Já lá vai o tempo em que acampar era sinónimo de uma aventura que significava inevitavelmente um grande desprendimento dos nossos hábitos de vida. Era necessário abdicar do conforto do nosso lar e da nossa cama para passar a pernoitar numa tenda e num saco cama, vulnerável às alterações climáticas que, muitas vezes, antecipavam o nosso regresso a casa.
Os acampamentos de luxo, que se tornaram virais em Itália, chegaram finalmente a Portugal! Resultante da aglutinação entre as palavras “glamour” e “camping”, o Glamping surge para aliar o contacto único com a Natureza ao conforto de um bom hotel. Para momentos de absoluta tranquilidade e para umas férias revigorantes, as soluções são mais que muitas e a oferta multiplica-se um pouco por todo o país, decorrente da crescente procura em Portugal e no Mundo.
No sul do País, a Casa Tuia localiza-se próxima dos melhores campos de Golf e da belíssima Praia de Carvoeiro, satisfazendo as delícias mesmo dos turistas mais exigentes. Na Zambujeira do Mar, o Glamping Zmar apresenta-se como uma opção “eco-friendly”, diversas vezes laureado nacional e internacionalmente. Outro bom exemplo é o Cascais Oasis, o único Glamping na região de Lisboa, localizado por excelência no reconhecido Triângulo de Ouro: Estoril-Cascais-Sintra.
Contudo, o Norte do país não fica nada atrás. É no “arraial” do Minho que se posicionam dois dos Glampings que considerei relevante destacar. O Lima Escape localiza-se em Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo, e proporciona aos seus turistas as mais sofisticados experiências de Glamping num ambiente envolvente e com uma vista deslumbrante sobre o Rio Lima. Relativamente próximo deste, em Fiães do Rio, no concelho de Montalegre, localiza-se o Nomad Planet, que garante proporcionar aos seus visitantes uma atípica vivência nómada, sem descurar o conforto e a vista panorâmica sobre o Parque Nacional da Peneda-Gerês.  
Apesar de esta ser uma aposta recente, Portugal integra já o ranking dos oito melhores Glampings do Mundo (Trivago, 2016). Localizado em plena Serra da Gardunha, no distrito de Castelo Branco, o Natura Glamping, destaca-se ao lado de grandes empreendimentos posicionados em destinos paradisíacos como Bali, na Indonésia, Tulum, no México, ou San Marcos, nos arredores de Veneza. Localizado a 925 metros de altitude e com uma vista esplendorosa sobre a Cova da Beira e a Serra da Estrela, este parque dispõe de sete domos geodésicos (idênticos a iglôs gigantes), verdadeiras “tendas de luxo”, com cerca de 40 metros quadrados e os mais requintados serviços. Apostando na personalização e na total satisfação do cliente, é possível desfrutar da típica gastronomia, conhecer os trilhos, o património e os costumes da região através de visitas guiadas. Para os mais aventureiros existe a possibilidade de realizarem BTT, canoagem, voos de balão, passeios a cavalo, etc. Com atividades para todos os gostos e nunca descurando os serviços de excelência, os visitantes podem desfrutar de serviços de massagens, aulas de yoga, e muito mais.
 À data de elaboração deste artigo, considerei interessante simular uma reserva no Natura Glamping para verificar os preços praticados. Assim, constatei que o preço por noite, para duas pessoas, ronda os 150 euros ao fim de semana e os 115 euros em dias úteis. Mais económico que pernoitar num hotel de luxo (por vezes), mais dispendioso que acampar num parque tradicional (sempre), o Glamping não é uma alternativa de férias propriamente barata, mas é, na minha opinião, uma opção que prima pela originalidade e pela intrínseca conexão com a natureza.
Recorrendo ao Google Trends, verifiquei que o país que mais pesquisa a palavra “Glamping” é a Irlanda, seguindo-se o Reino Unido e a Eslovénia. Em Portugal, este conceito passou a ser pesquisado essencialmente a partir de 2015 e de forma massiva no concelho de Castelo Branco, facto que associo à inauguração nesta região do Natura Glamping em março de 2015. Tanto a nível mundial como nacional, verifiquei que existem picos de procura todos os anos nos meses de julho e agosto, remetendo para a sazonalidade desta atividade.
  Posto isto, atesto a comprovada vocação de Portugal para o Glamping como forma primordial de promoção e “exploração” sustentável daquele que é um indiscutível e riquíssimo património do nosso País: a Natureza, como um todo, e o Sol, os rios, as florestas, as paisagens e a fauna e flora autóctones, em particular. No entanto, na minha opinião, o quase completo desconhecimento desta atividade pela população nacional mostra que há ainda um longo caminho a percorrer na promoção desta atividade turística.
A meu ver, Portugal está e continuará a estar em voga, turisticamente falando, se decidir apostar em tendências mundiais como o Glamping. Para competir com êxito neste segmento turístico não é suficiente ter os recursos, é sim crucial uma ampla divulgação e promoção internacional do País como destino de Natureza de excelência. Só assim é que o Glamping português passará de um nicho de mercado para um segmento premium. Boa Estadia!

Ana Catarina Pereira Pimenta

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)

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