Em Portugal, ao longo dos anos, tem-se verificado uma
litoralização crescente da população portuguesa, levando ao abandono cada vez
maior do interior, o que levou por sua vez a uma urbanização do litoral
mantendo-se a ruralidade do interior.
A verdade é que com esta urbanização e com o ritmo acelerado de
vida das grandes cidades, existe uma procura crescente por ambientes calmos,
por um contacto maior com natureza e com a tradição rural portuguesa,
verificando-se um aumento do turismo rural. Para além disso, é também uma forma
de voltar a dar vida a aldeias esquecidas e envelhecidas que existem ao longo
do nosso território.
Em 1986, regulamentou-se o turismo rural, sendo
institucionalizadas três modalidades: turismo de habitação, turismo rural e
agroturismo. Estas três modalidades oferecem diferentes experiências, desde a simples
residência à participação em atividades agrícolas.
Em Portugal, registou-se um crescimento de 7% entre 2003 e
2010 nas dormidas em alojamentos rurais. De 2013 para 2014, registou-se ainda
um aumento de cerca de 6%.
Esta evolução resulta principalmente da evolução do modelo de
sociedade em que vivemos atualmente. A procura carateriza-se principalmente por
pessoas instruídas e com poder económico em busca de genuinidade e da diferença
do estilo de vida que levam nos centros urbanos. Para além disso, existe uma
maior sensibilidade para as questões ligadas à saúde e a procura da natureza,
abertura e recetividade às questões ecológicas, especialidades gastronómicas de
cariz tradicional, valorização de autenticidade, busca de paz e tranquilidade e
espaços onde possam usufruir de férias com crianças em ambientes também de
instrução e sensibilização, tentando passar para as novas gerações a tradição
portuguesa.
Mas o turismo rural também gera um impacto negativo: o
aumento da terra agrícola dedicada às atividades turísticas, o abandono das
atividades agropecuárias em prol das atividades turísticas, a perspetiva de
lucro torna-se prioridade aos olhos dos empresários, ou a desconfiança por
parte dos habitantes da aldeia se a gestão não for correta.
Porém, se for devidamente orientado, pode proporcionar muitos
benefícios: a criação de novos empregos; a diversificação do rendimento e
promoção dos produtos tradicionais; a preservação e valorização do património
natural e cultural; a viabilização de uma melhor qualidade de vida local, pois
melhora as infraestruturas locais, para além da geração de rendimento; a criação
de novos polos turísticos; a forma como colabora na aquisição de novos
conhecimentos, desenvolve o espírito de participação e parceria na comunidade
rural e permite a interação social, cultural e intergeracional.
O Turismo Rural tem, então, potencial de crescimento em
Portugal, e, devidamente executado e planeado, pode trazer muitas vantagens não
só a nível económico, através das receitas que desta atividade resultam, como
também pela descentralização das atividades turísticas, da manutenção de
património e tradição e também revitalização das zonas rurais portuguesas.
Margarida Martins
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano lectivo 2016/2017)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano lectivo 2016/2017)
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