Corria o ano de 1914 quando foi
fundada por José Lima, na cidade de Viana do Castelo, a primeira fábrica de chocolate
portuguesa. Em 1922, a fábrica passou a ocupar novas instalações, criadas
propositadamente para o efeito, já que surgia a necessidade de procurar um
espaço adequado às necessidades de produção da época.
Este novo edifício, construído ao
estilo modernista, foi projetado pelo arquiteto vianense José Martins, e
manteve-se em pleno funcionamento até ao ano de 2004, data em que a empresa foi
comprada e deslocalizada para outras instalações, desta vez na cidade de
Barcelos. Era assim testada a força do vínculo que associava a produção de
chocolates da marca “Avianense” à cidade de Viana do Castelo.
Desde então, o antigo edifício esteve
inutilizado até ter sido adquirido com o objetivo de ser recuperado e integrado
num projeto turístico de Hotel, Restaurante e Museu temáticos do chocolate, já no
ano de 2014.
Na qualidade de estudante do Mestrado
de Património Cultural na Universidade do Minho e particularmente interessada pela
reabilitação de edifícios com aproveitamento turístico, senti interesse em analisar
este caso em particular, já que o mesmo se tem tornado um exemplo de sucesso no
que a este tipo de projetos diz respeito.
Como referido acima, o Hotel, Museu e
Restaurante Fábrica do Chocolate nasceu do aproveitamento de um edifício que,
apesar de caraterístico e até mesmo simbólico da cidade de Viana do Castelo, se
encontrava abandonado e a degradar-se com o passar do tempo.
Hoje em dia, a Fábrica do Chocolate
assume-se como um espaço multifuncional, neste caso, hotel, restaurante, museu
e também loja temático. O hotel de quatro estrelas conta com 18 quartos, sendo
que 5 deles são suítes duplex. Os
temas relacionam-se sempre com o elemento central do chocolate, e podem ser
associados a literatura (suíte Hansel
and Gretel, por exemplo), tipos de chocolate, música, cinema, origens do cacau,
marcas nacionais e internacionais de chocolate, entre outros.
Em relação ao pequeno-almoço, assim
como à carta do restaurante, é interessante verificar que ambos têm no cacau e
no chocolate a sua fonte de inspiração. O museu interativo do chocolate
permite, além da aprendizagem relacionada com as várias dimensões do cacau e do
chocolate (desde as suas origens, países produtores, plantação e o papel do
chocolate nas várias civilizações ao longo da história), a fabricação e
degustação de chocolate por parte dos visitantes.
Considerando o caráter invulgar deste
projeto, procedi à consulta de algumas plataformas turísticas online onde vários visitantes deixaram a
sua opinião. Neste caso, acedi aos websites
Booking.com e Trivago.pt.
No primeiro, o Hotel Chocolate está
classificado como “soberbo” (nota 9.1 de 10), e é também referido como alvo de
“muita procura”. Analisando de uma forma transversal os comentários dos
visitantes, a maioria elogia a decoração do espaço, sempre fiel à temática, a
simpatia dos funcionários, a qualidade do Museu do Chocolate, assim como as
refeições, que classificam como “incomuns”, porém deliciosas.
No website Trivago.pt, o Hotel Fábrica do Chocolate é referido como o
“Melhor avaliado”, comparativamente aos restantes espaços de quatro estrelas,
recebendo assim um “Excelente”. Os comentários dos visitantes são semelhantes
aos do primeiro – elogia-se a originalidade e a beleza dos espaços, e o prazer
da experiência, passível de agradar a pessoas de qualquer idade.
Em suma, não obstante a originalidade
do projeto, penso que a reabilitação de edifícios com forte caráter simbólico
numa determinada região pode alcançar enorme sucesso já que, tomando por
exemplo este projeto que não escapou às atenções mediáticas na altura da sua
inauguração, acaba por suscitar-se o interesse de potenciais visitantes, neste
caso, pela cidade de Viana do Castelo, sem esquecer o facto de que esta
valorização do simbolismo de um edifício pode constituir-se como o início de
uma determinada demarcação de potencial turístico de uma região.
Sílvia Cristina Sousa Meneses
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional” do curso de Mestrado em Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional” do curso de Mestrado em Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho]
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