O
território português, devido à sua localização, permite que sejam acolhidos nos
portos navios de cruzeiro vindos quer do mar mediterrâneo quer do oceano
atlântico. De acordo com os dados da revista THE CRUISE INDUSTRY, edição de 2015, o impacto económico direto desta
indústria na Europa dos 28 é de 16,6 biliões de euros.
O
Porto de Lisboa, situado no estuário do tejo, tem vindo a aumentar o número de
escalas de navios de cruzeiro. Só no mês de janeiro, do presente ano, de acordo
com o publicado na página do Porto de Lisboa pela sua administração, o número de
navios foi de 12, mais 6 que no período homólogo, representando assim um
aumento de 50% face ao ano anterior. Pelo que pude observar no mapa de previsão
de navios de cruzeiro para o porto de Lisboa, são raros os navios que
permanecem mais de 12 horas atracados, pelo que o tempo disponível para
explorar as experiências que a cidade pode proporcionar, por parte dos turistas
provenientes de navios de cruzeiro a fazer escala, é muito limitado. É neste
contexto que surgem as tours, que
são, um passeio curto onde se pode conhecer uma parte da cidade de Lisboa.
Estes
turistas fazem deslocações, por roteiros predefinidos pela entidade que
organiza a tour, deslocando-se de
bicicleta, segway, carrinha… Estes tours, por vezes, congestionam o
trânsito local devido ao elevado número de turistas que aderem a este serviço. Este tipo de turistas não adquirem o mesmo
conjunto de bens que um turista que pretende pernoitar na cidade, pelo que são
um produto menos interessante para a cidade.
Também
através da observação dos mapas de previsão de navios de cruzeiro para o porto
de Lisboa, é possível verificar um maior número de navios que vêm a operar em turnaround, ou seja, o navio inicia e
termina o seu itinerário na mesma cidade. Ainda foi possível ver um pequeno número
de navios que operam em interporting,
isto é, onde é permitido embarcar e desembarcar passageiros ao longo do
itinerário. Os navios que optam por operar nestas condições (turnaround e interporting) são muito mais interessantes para as cidades
relativamente aos que fazem escala, pois permitem que os turistas possam
realmente conhecer e desfrutar das cidades. Além disso, estes irão necessitar
de um número maior de serviços que um turista de escala.
Certamente
que poderá ser argumentado que um navio de cruzeiro ao fazer escala numa cidade,
facultando que os seus passageiros tenham a possibilidade de a visitar em tour promove o nome da cidade. Um estudo
que seria muito interessante de fazer poderia passar por averiguar o número de
turistas que optam por visitar a cidade em tour,
estudando à posteriori os que voltam para visitar e explorar as experiências da
cidade, no seu todo.
Sem
querer descartar a importância que os navios que fazem escala nos portos têm
para as economias locais, quer seja pela promoção da localidade ou pelo abastecimento
de produtos originários da localidade, acredito que as atividades de turnaround e interporting são muito mais interessantes para as cidades. Isto
porque, permitem que o turista possa usufruir de tudo o que a cidade tem para
lhe dar, sem que os visitantes interfiram com a vida dos locais, (através de
congestionamentos causados pelas tours),
mantendo assim o destino original.
Magno
Camacho
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade
curricular “Economia do Turismo”, de opção, leccionada a alunos de vários
cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)
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