Em
Portugal, as áreas rurais ocupam a maior parte do território nacional,
representando mais de 80% do território, e o turismo é a atividade que
proporciona maior desenvolvimento rural. No entanto, estas zonas ainda
apresentam algumas debilidades a nível demográfico, económico, de
infraestruturas e de oferta de serviços.
É
certo que devemos também preservar os valores da cultura e do património
ambiental e, em simultâneo, reduzir os contrastes entre as duas tipologias
existentes: as áreas urbanas e as áreas rurais. Existem aspetos potenciadores
do desenvolvimento rural, como o património arqueológico, natural e
paisagístico, que assumem facilmente as caraterísticas de riqueza e diversidade.
Outros
aspetos potenciadores de desenvolvimento são os baixos níveis de poluição e o “saber-fazer
tradicional”, que dificilmente é encontrado nas zonas urbanas, onde a indústria
assume esse papel de forma exaustiva. Para tal contribui, igualmente, a crescente
procura de produtos de qualidade e as atividades de lazer associadas às
paisagens rurais, excluindo de forma saudável o retângulo de 55 polegadas, a
epidemia do “pescoço do SMS”, da geração cabeça baixa e das radiações
eletromagnéticas.
O
turismo rural funciona como uma demonstração das tradições e dos valores da
sociedade rural, aglomerados num conjunto de atividades e serviços de
alojamento que permitem valorizar a genuinidade regional, através da
gastronomia, dos costumes e das paisagens.
Na
minha opinião, o agroturismo é o tipo de turismo rural que se transforma numa
experiência mais enriquecedora para o turista, isto porque permite observar,
aprender e participar em tarefas como a vindima, a apanha da fruta, a desfolhada,
a ordenha, o fabrico do queijo, do vinho e do mel e, ao mesmo, tempo usufruir
de um ambiente calmo, acolhedor e de intercâmbio cultural.
A
verdade é que em 2015, segundo o Jornal Expresso, existiam 1406 famílias que
queriam trocar a cidade pelo campo, isto é, que se queriam mudar para o
interior do país, em busca de um maior nível de bem-estar e descontração,
tentando fugir ao stress citadino.
Entretanto, 112 famílias, com um projeto de negócio economicamente sustentável,
criaram o seu próprio negócio no interior, onde a concorrência é relativamente
pequena e a ruralidade se tornou numa oportunidade para mudar de vida.
Hoje,
viver de forma ecológica e em respeito pelo meio ambiente ganhou ainda maior
importância com o aparecimento em Portugal do primeiro hotel rural ecológico na
Europa, junto à Serra do Caramulo. A Quinta dos Bispos, com categoria de
alojamento zen, é um local onde se
pratica a agricultura biológica e onde se utilizam painéis solares. Com uma
filosofia sensibilizada por questões de sustentabilidade ambiental, a Quinta
dos Bispos é a terceira unidade hoteleira portuguesa a ser distinguida com o
Rótulo Ecológico Europeu. Mas ainda existe muito caminho pela frente para uma
renovação de mentalidades do que é realmente a responsabilidade social e
ambiental.
Filipa Cibrão Ribeiro
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade
curricular “Economia do Turismo”, de opção, leccionada a alunos de vários
cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)
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