segunda-feira, abril 24, 2017

Rotas Culturais: uma inovadora aposta turística!?

É de conhecimento público que o Turismo, a nível global, tem sido dos setores em que, nos últimos anos, mais se tem vindo a investir. Com a pretensão de valorização de um lugar, uma cidade, uma região, ou até um país, cada vez mais, surgem iniciativas públicas e/ou privadas que visam, para além da promoção de um território, dinamizar, a jusante, o setor do Turismo de um determinado país. Alicerçado por vezes em avultados investimentos, o setor do Turismo, assume por vezes uma preponderância bastante grande para a economia de um país, como é o caso de Portugal.
Ao longo deste século, tem sido grande a aposta, por parte do nosso país, neste setor de atividade que ainda nos vai impulsionando a economia. Gerador de grandes receitas, de novos postos de emprego, e sendo um enorme valorizador do território, o Turismo assume um papel muito relevante no que toca ao desenvolvimento de um determinado país, ou região, não se restringindo este desenvolvimento apenas ao económico. De notar que são várias as regiões em Portugal que são bastante conhecidas e visitadas muito devido ao Turismo que oferecem, servindo assim o Turismo de meio de desenvolvimento regional.
Portugal deixou, desde há alguns anos, de ser um país conhecido apenas pelo de turismo de sol e mar (também conhecido como o turismo dos 3 “S”: Sun, Sea and Sand) e passou a ser um país que valoriza e rendibiliza a sua cultura e o seu vasto património. Este novo turismo passou a afirmar-se nas últimas décadas e, sucintamente, carateriza-se por “Sophistication, Specialization and Satisfaction”, isto é, “Sofisticação, Especialização e Satisfação”, em que se pretende aliar as caraterísticas do nosso país à inovação, possibilitando uma maior diversificação da oferta turística a nível nacional e/ou regional.
É sabido que o património cultural é um dos maiores geradores de turismo na Europa, e em Portugal é igualmente preponderante, nomeadamente para a nossa economia. A crescente procura e oferta de bens culturais levou a um aumento do turismo e do consumo cultural. Cada vez mais, os turistas tornam-se mais exigentes quanto à oferta, e, de forma a dar resposta, começam a surgir produtos culturais mais diversificados e relacionados com a cultura local. Exemplo disso são as rotas turísticas.
Segundo Getz (2000): As rotas ´oferecem` a oportunidade de uma ou várias regiões desenvolverem um ou mais temas, proporcionando ao consumidor melhor informação, acesso às atracões e serviços”. Também segundo Correia (2004), as rotas “(…) constituem um meio para os turistas conhecerem determinados locais, os seus costumes, a sua história através da visita aos pontos de relevância turística.
Em consonância com o título do artigo, destaco as rotas/itinerários culturais. Segundo o Icomos, 2008: Um Itinerário Cultural é uma via de comunicação terrestre, aquática, mista ou outra, determinada materialmente, com uma dinâmica e funções históricas próprias, ao serviço de um objetivo concreto e determinado”, possuindo como elementos definidores: “contexto, conteúdo, valor de conjunto partilhado, carácter dinâmico e envolvente dos Itinerários Culturais”.
Atualmente, as rotas são utilizadas para os mais variados usos e temas, visto que a procura por alternativas às tradicionais formas turísticas aumentou, levando a uma impreterível necessidade de inovar. Encontram-se rotas de cariz desportivo, cultural, religioso, gastronómico (…), mas também rotas que simultaneamente conciliam vários temas, e que por isso vão ganhando cada vez mais adeptos.
Formulando uma opinião sobre o tema, não vejo qualquer tipo de problema nesta forma de turismo, desde que esta seja feita de forma sustentável, ou seja, não pondo em causa a identidade local e o património existente. Com particularidades únicas, face às demais, o formato deste Turismo permite que as pessoas consigam conciliar a cultura com lazer, e usufruir da tradição, da história e da arte de um determinado lugar ou região.
Segundo a Carta dos Itinerários Culturais, Os Itinerários Culturais representam processos evolutivos, interativos e dinâmicos das relações humanas interculturais, realçando a rica diversidade das contribuições dos diferentes povos para o património cultural”. Assim sendo, este formato de Turismo é uma forma riquíssima, agradável e estimulante de ficar a conhecer um determinado lugar ou região.  

Sara Costa

Bibliografia:
Maia, S. & Baptista, M. (2013). «O Turismo e as Rotas Culturais - Proposta de Rotas Museológicas na Região de Aveiro». In C. Sarmento, (coord.) & V. Oliveira (co-ed.), Comunicação, Representações e Práticas Interculturais: uma perspectiva global intercultural communication / representations and practices: a global approach. Porto: Centro de Estudos Interculturais (CEI), Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP), Instituto Politécnico do Porto (IPP).
Correia, Luís Manuel Mendes (2004). As Rotas dos Vinhos em Portugal – Estudo de caso da Rota do Vinho da Bairrada. (Tese de Mestrado). Aveiro, Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro.
ICOMOS (2008). Carta Dos Itinerários Culturais. Disponível em: https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwidhMuZs7rTAhVFSBQKHUXPDvgQFggkMAA&url=http%3A%2F%2Ficomos.fa.utl.pt%2Fdocumentos%2Fcartasdoutrina%2FICOMOSPortugalCartaItinerariosCulturais.doc&usg=AFQjCNHhv8_E1QWThAANF3wcxp45hROcJA&sig2=7kOo5J7Tkz8GipOIz15Wyg

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional” do curso de Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho].

1 comentário:

Unknown disse...

Desde já dar os parabéns a quem escreveu este artigo, sucinto, com conteúdo, e sobretudo didático.Esta variante do turismo vem inovar e dinamizar o mesmo. É importante que assim seja dada a constante perda de "sensibilidade turística e cultural" das pessoas hoje em dia.O turista dos tempos de hoje é diferente, logo tem que haver, impreterivelmente, um acompanhamento por parte do setor do Turismo, caso contrário, este setor ( com maior incidência no Turismo Cultural) pode vir a ter fortes quebras econômicas, e até mesmo ser considerado de obsoleto pelas gerações vindouras.
Finalizando eata crítica, concordo em pleno com a autora do artigo,e congratulá-la pela forma sucinta e cuidada com que explicitou o tema.