É de conhecimento público que o Turismo, a nível global, tem
sido dos setores em que, nos últimos anos, mais se tem vindo a investir. Com a
pretensão de valorização de um lugar, uma cidade, uma região, ou até um país,
cada vez mais, surgem iniciativas públicas e/ou privadas que visam, para além
da promoção de um território, dinamizar, a jusante, o setor do Turismo de um
determinado país. Alicerçado por vezes em avultados investimentos, o setor do
Turismo, assume por vezes uma preponderância bastante grande para a economia de
um país, como é o caso de Portugal.
Ao longo deste século, tem sido grande a aposta, por parte do
nosso país, neste setor de atividade que ainda nos vai impulsionando a
economia. Gerador de grandes receitas, de novos postos de emprego, e sendo um
enorme valorizador do território, o Turismo assume um papel muito relevante no
que toca ao desenvolvimento de um determinado país, ou região, não se
restringindo este desenvolvimento apenas ao económico. De notar que são várias
as regiões em Portugal que são bastante conhecidas e visitadas muito devido ao
Turismo que oferecem, servindo assim o Turismo de meio de desenvolvimento
regional.
Portugal deixou, desde há alguns anos, de ser um país
conhecido apenas pelo de turismo de sol e mar (também conhecido como o turismo
dos 3 “S”: Sun, Sea and Sand) e passou a ser um país que valoriza e rendibiliza
a sua cultura e o seu vasto património. Este novo turismo passou a afirmar-se
nas últimas décadas e, sucintamente, carateriza-se por “Sophistication,
Specialization and Satisfaction”, isto é, “Sofisticação, Especialização e
Satisfação”, em que se pretende aliar as caraterísticas do nosso país à
inovação, possibilitando uma maior diversificação da oferta turística a nível
nacional e/ou regional.
É sabido que o património cultural é um dos maiores geradores
de turismo na Europa, e em Portugal é igualmente preponderante, nomeadamente
para a nossa economia. A crescente procura e oferta de bens culturais levou a
um aumento do turismo e do consumo cultural. Cada vez mais, os turistas
tornam-se mais exigentes quanto à oferta, e, de forma a dar resposta, começam a
surgir produtos culturais mais diversificados e relacionados com a cultura
local. Exemplo disso são as rotas turísticas.
Segundo Getz (2000): “As
rotas ´oferecem` a oportunidade de uma ou várias regiões desenvolverem um ou
mais temas, proporcionando ao consumidor melhor informação, acesso às atracões
e serviços”. Também segundo Correia (2004), as rotas “(…) constituem um meio para
os turistas conhecerem determinados locais, os seus costumes, a sua história
através da visita aos pontos de relevância turística”.
Em consonância com o título do artigo, destaco as
rotas/itinerários culturais. Segundo o Icomos, 2008: “Um Itinerário Cultural é uma via de comunicação terrestre,
aquática, mista ou outra, determinada materialmente, com uma dinâmica e funções
históricas próprias, ao serviço de um objetivo concreto e determinado”, possuindo
como elementos definidores: “contexto, conteúdo, valor de conjunto partilhado,
carácter dinâmico e envolvente dos Itinerários Culturais”.
Atualmente, as rotas são utilizadas para os mais variados usos
e temas, visto que a procura por alternativas às tradicionais formas turísticas
aumentou, levando a uma impreterível necessidade de inovar. Encontram-se rotas
de cariz desportivo, cultural, religioso, gastronómico (…), mas também rotas
que simultaneamente conciliam vários temas, e que por isso vão ganhando cada
vez mais adeptos.
Formulando uma opinião sobre o tema, não vejo qualquer tipo
de problema nesta forma de turismo, desde que esta seja feita de forma sustentável,
ou seja, não pondo em causa a identidade local e o património existente. Com
particularidades únicas, face às demais, o formato deste Turismo permite que as
pessoas consigam conciliar a cultura com lazer, e usufruir da tradição, da
história e da arte de um determinado lugar ou região.
Segundo a Carta dos Itinerários Culturais, “Os Itinerários Culturais representam
processos evolutivos, interativos e dinâmicos das relações humanas
interculturais, realçando a rica diversidade das contribuições dos diferentes povos
para o património cultural”. Assim
sendo, este formato de Turismo é uma forma riquíssima, agradável e estimulante de
ficar a conhecer um determinado lugar ou região.
Sara Costa
Bibliografia:
Maia, S. & Baptista, M. (2013). «O Turismo e as Rotas Culturais - Proposta de Rotas
Museológicas na Região de Aveiro». In C. Sarmento, (coord.) & V. Oliveira
(co-ed.), Comunicação, Representações e Práticas Interculturais: uma
perspectiva global intercultural communication / representations and practices:
a global approach. Porto: Centro de Estudos Interculturais (CEI), Instituto
Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP), Instituto
Politécnico do Porto (IPP).
Correia,
Luís Manuel Mendes (2004). As Rotas dos Vinhos em Portugal – Estudo de caso da
Rota do Vinho da Bairrada. (Tese de Mestrado). Aveiro, Departamento de
Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro.
ICOMOS (2008). Carta Dos Itinerários Culturais. Disponível em: https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwidhMuZs7rTAhVFSBQKHUXPDvgQFggkMAA&url=http%3A%2F%2Ficomos.fa.utl.pt%2Fdocumentos%2Fcartasdoutrina%2FICOMOSPortugalCartaItinerariosCulturais.doc&usg=AFQjCNHhv8_E1QWThAANF3wcxp45hROcJA&sig2=7kOo5J7Tkz8GipOIz15Wyg
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular
“Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional” do curso de
Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho].
1 comentário:
Desde já dar os parabéns a quem escreveu este artigo, sucinto, com conteúdo, e sobretudo didático.Esta variante do turismo vem inovar e dinamizar o mesmo. É importante que assim seja dada a constante perda de "sensibilidade turística e cultural" das pessoas hoje em dia.O turista dos tempos de hoje é diferente, logo tem que haver, impreterivelmente, um acompanhamento por parte do setor do Turismo, caso contrário, este setor ( com maior incidência no Turismo Cultural) pode vir a ter fortes quebras econômicas, e até mesmo ser considerado de obsoleto pelas gerações vindouras.
Finalizando eata crítica, concordo em pleno com a autora do artigo,e congratulá-la pela forma sucinta e cuidada com que explicitou o tema.
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