A história do Circuito de Vila Real começa com o sonho de
Aureliano Barrigas, cujo pai era o representante local da marca Ford e delegado
do ACP (Automóvel Clube de Portugal), e também do presidente da autarquia da
época, Dr. Emídio Roque da Silveira. A primeira edição estreou-se em 1931 e
contou com uma dezena de participantes nacionais. Já em 1936, a competição
alargou-se, contando com estreantes estrangeiros.
Com o rebentar da segunda Grande Guerra, as competições foram
interrompidas durante cerca de uma década, recomeçando em 1948. Foram notáveis
as competições de Fórmula 3, Endurance,
Protótipos, GT e mais recentemente, PTCC e WTCC. A era dourada do circuito
ocorreu durante os anos 60 e 70, devido à elevação internacional obtida e
chegada de mais concorrentes estrangeiros. A partir de 1973, tendo em conta a
situação política do país, o circuito entrou em declínio, o que levou a uma
perda da sua grandeza internacional, passando a acolher apenas competições
nacionais. Em 1989, a internacionalização das provas foi retomada, contudo não
veio para ficar. Em 1991, devido a um grave acidente, começaram a ser
levantadas questões de segurança que, aliadas às dificuldades económicas e o
aumento dos preços dos combustíveis na época, ditaram o fim temporário das
provas no circuito. Em 2009 ocorreu o regresso da internacionalização do
circuito, elevando a fasquia e eventualmente integrando o circuito no
Campeonato Mundial de Carros de Turismo em 2014 (WTCC).
Estimativas atribuem um impacto económico direto de 15
milhões de euros à competição relativos ao ano de 2016, com as principais
contribuições devendo-se a despesas de alojamento, refeições e transportes. No
conjunto dos três dias de prova, cerca de 200 mil espectadores assistiram às
corridas, dos quais 60% são de fora de Vila Real. O WTCC foi o motivo de vinda
de 31% dos visitantes. O impacto nos media
também é notável. Pelo menos 60% dos portugueses estiveram expostos a notícias
sobre o Circuito Internacional de Vila Real, através da televisão, imprensa e
rádio. Globalmente, o Circuito de Vila Real foi responsável por um impacto
financeiro internacional de 50-60 milhões de euros, com destaque para as
transmissões televisivas em 78 canais de televisão.
Segundo o diretor da Eurosport
Events, François Ribeiro, 2016 foi a melhor edição do evento, registando-se
mais de 300 pedidos de passes para pilotos e mecânicos virem a Vila Real.
Citando: “Vemos as estatísticas, mas isto é mais importante, as pessoas que
querem vir às corridas querem vir a Vial Real”.
É impossível negar as mais-valias que o evento traz à região,
não só a nível económico como também a nível cultural, o que leva a que mais
pessoas conheçam Vila Real e a queiram visitar novamente. Outra vantagem do
evento é o facto de incentivar os mais jovens, e não só, a desenvolver o gosto
pelo automobilismo, levando a que os eventos do género em Portugal (Rally de
Portugal, Rally Vinho Madeira e outras provas) acabem também por obter maior
exposição e assistência. O facto de as pessoas poderem assistir a eventos
automobilísticos ao vivo em Portugal tem um papel muito mais importante no
desenvolvimento da paixão pelo automobilismo face às transmissões televisivas
dos mesmos eventos, devido às sensações e ânimos causados.
É possível concluir então o grande impacto económico e
cultural que o Circuito de Vila Real vem dar à região, nomeadamente pela via do
aumento do fluxo de visitantes nacionais e internacionais que querem não só ver
as corridas mas também conhecer a região.
Sergey
Volozhenin
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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