Um dos simbolos culturais da
sociedade Portuguesa, o vinho é um dos mais importantes produtos da economia
nacional desde a formação do estado português moderno. De acordo com o Italian Wine Central, em 2016, Portugal foi
o nono maior exportador de vinho do mundo, no valor exportado de mais de $700
milhões de euros, representando 1,5% do volume total de exportações no mesmo
ano.
O vinho é, portanto, uma inegável
fonte de renda para Portugal. Nas últimas duas décadas, observamos também que a
produção de vinho realizou um agradável casamento com a indústria do turismo
nacional, e de ambas vemos a exploração de um novo produto, dinâmico, criativo
e focado em estimular os sentidos de seus consumidores: o Enoturismo. Esta
vertente do turismo é entendida como o desenvolvimento do turismo com foco na
descoberta e experimentação do ambiente cultural que envolve a produção de
vinho.
Não somente um fenômeno nacional, o
Enoturismo tem levantado discussões e tem sido explorado em projetos públicos
ao redor de todo o globo. Já se situa com considerada importância em países
como a Austrália, tido como projeto público desde 1998. Os Estados Unidos
também são agente mundial em termos de Enoturismo, em especial, na tradicional
região do Napa Valley (Costa Oeste Norte-Americana). A África do Sul, tem a Stellenbosch Wine Route, consolidada
desde 1971, e 15 novas rotas foram oficializadas desde então. No Brasil, há a rota do vinho nos estados do
Sul do país. E em outras partes da Europa, rotas do vinho com considerável
volume de turistas são encontradas em França, Espanha e Itália
As necessidades do turista que busca o
Enoturismo estão baseadas na descoberta da paisagem da vinicultura, a exploração
do campo e da ruralidade, o estar em contacto com o estilo de vida regional, o
estar em contacto com a cadeia produtiva do vinho, a apreciação e experiências
sensoriais de consumir vinhos produzidos localmente, bem como a experiência
gastronômica presente.
Segundo Salvado (2016), o
Enoturismo em Portugal é um fenômeno ainda recente, onde mais da metade dos
empreendedores no segmento iniciaram as suas atividades durante a década de
2000 e 27% entre 2010-2013. Logo, mais de 75% não ultrapassam 18 anos de
atuação comercial. Outro interessante ponto presente no segmento é que o
Enoturismo actua como atividade complementar para aproximadamente metade dos
produtores de vinho. Isso denota uma caraterística bem distinta do “turismo
tradicional”, que em geral é a fonte de renda principal para agências e estabelecimentos.
De acordo com Simões (2008), havia 11
rotas de vinho presentes em Portugal para o ano do estudo, sendo a rota do
Vinho do Porto, dos Vinhos Verdes, do Vinho do Alentejo e Vinho do Dão as rotas
com o maior número de aderentes. Isabel Inácio acrescenta em seu estudo que a
região do Douro é talvez a mais importante para Portugal em termos de potencial
para o desenvolvimento do Enoturismo.
Por fim, vemos no Enoturismo uma nova
fronteira que pode e deve ser explorada pelos países que já possuem a tradição
de produzirem vinho, possuem esta vantagem comparativa e regiões singulares que
podem ser trabalhadas em favor do turismo, dinamizando a economia local e
aumentando a qualidade de vida em termos econômicos desses territórios, que, em
geral, são locais rurais com poucas oportunidades em termos de mercado de
trabalho e rendimento.
Caio Gomes
Martins
Referências
Atlas.media.mit.edu. (2018). OEC
- Portugal (PRT) Exportação, Importação,
e Parceiro Comercial. [online]. Disponível em: https://atlas.media.mit.edu/pt/profile/country/prt/
[Acessado 14 Abr. 2018].
Bruwer, J.
(2018). South African wine routes: some perspectives on the wine tourism
industry's structural dimensions and wine tourism product.
Salvado, J.
(2018). Enotourism Ecosystem: Stakeholders’ Coopetition Model proposal.
Top Ten Wine
Exporting Countries, 2014 - Italian Wine Central. [online] Disponível em: https://italianwinecentral.com/top-ten-wine-exporting-countries/. [Acessado 14 Abr.2018].
Simões, O. (2008). Enoturismo em
Portugal: as Rotas de Vinho. PASOS Revista de turismo y patrimonio
cultural, 6(2), pp.269-279.
Zanini, T.
and Rocha, J. (2010). O Enoturismo no Brasil: um estudo comparativo entre as
regiões vinícolas do Vale dos Vinhedos (RS) e do Vale do São Francisco
(BA/PE). Revista Turismo em Análise, 21(1), p.68.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
Sem comentários:
Enviar um comentário