O Turismo tem sido a atividade que mais se destaca nos
últimos tempos em Portugal. Este pode ser muito abrangente, cobrindo um pouco
todas as zonas do país e expressando-se em várias vertentes e modelos do mesmo.
Exemplo disso é o Turismo de Natureza, no qual se podem enquadrar outros tipos
de turismo mais específicos, como o Turismo Cinegético. O Turismo Cinegético é
um conceito que possivelmente só agora se estabeleceu mas que já se verifica
desde há muito tempo em várias partes do mundo e de Portugal. Há várias zonas
que se mostram mais relevantes, das quais as regiões de Alentejo e
Trás-os-Montes se destacam.
Este conceito de Turismo Cinegético carateriza-se por ser o
conjunto de atividades e deslocações turísticas realizadas por pescadores e/ou
caçadores nacionais ou estrangeiros, motivados pelo seu interesse na prática de
atividades como caça e pesca da fauna selvagem local. Uma particularidade importante
e imediatamente associada a este conceito encontra-se na consciência dos
próprios turistas e comunidades recetoras que levam a cabo estas atividades de
forma sustentável, disponibilizando para tal todo um conjunto de produtos e
serviços turísticos que permitam o desenvolvimento destas atividades de forma
sustentável e orientada para a conservação da natureza e sua fauna e flora
silvestre.
As atividades cinegéticas e a caça, mais em específico, podem
ser geridas de três formas: a partir de reservas Municipais, Associativas ou
Turísticas, um método mais comum no sul do país. As atividades cinegéticas têm
impacto direto e indireto na hotelaria e restauração. Gastronomicamente, a caça
e a pesca têm um peso bastante significativo em muitas zonas do país, uma vez
que oferecem matéria-prima para a mesma e havendo historicamente um sem número
de receitas associadas a espécies cinegéticas.
Este tipo de turismo tem bastante relevância em zonas pouco
desenvolvidas e regiões do interior do país que não têm tantas infraestruturas
e empresas que apoiem e ajudem a fazer crescer as populações e a sua qualidade
de vida. Tanto em Portugal como na vizinha Espanha, temos zonas bem cotadas e
reconhecidas além-fronteiras como verdadeiros pilares deste tipo de atividades
e consequente Turismo. Em Portugal, temos uma vila alentejana que é conhecida
como “Capital Nacional da Caça”, a vila de Mértola. Esta é uma vila que se foi desenvolvendo
em volta desse mesmo título e dos benefícios que dele advêm. Foi com este
título, do qual se orgulham visto ser fruto de um trabalho de gestão muito cuidado
e bem conseguida, que conseguiram também dar a mostrar a vila de Mértola,
dinamizando-a com feiras e eventos temáticos de dimensão considerável e
apelativos a vários tipos de turistas, mas essencialmente de apreciadores
destas atividades cinegéticas.
Este é um tipo de atividade com exploração a cargo dos
municípios, em muitas zonas e locais do país, e que por isto poderia motivar a
um maior investimento por parte das câmaras, por forma a dinamizar as
localidades e os negócios nas suas imediações. Uma gestão cuidada de espécies e
terrenos com fins cinegéticos poderia tornar muitos lugares mais recônditos do
nosso país em focos de grande atração pela sua beleza intrínseca, somada a uma
vocação natural para este tipo de práticas e atividades de caráter cinegético,
como a caça e pesca. Acho, por tudo isto, que seria um setor bastante
importante e a apostar para muitas populações do país e localidades menos
desenvolvidas, como forma e oportunidade para as mesmas terem outras fontes de
rendimentos e possibilidades de negócio em volta da restauração, hotelaria e
serviços em geral.
António Pedro Vilas
Paula Pereira
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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