Viajar virou uma constante
na vida das pessoas que buscam quebrar a rotina e ir por vezes em direção ao
desconhecido, seja em busca da descoberta de uma outra localidade, da busca do
conhecimento cultural, do lazer ou em busca da espiritualidade, entre tantos
outros motivos.
Lourdes,
uma pequena cidade situada ao sul da França, nos Pirenéus, é conhecida como local sagrado de fé e
peregrinação associada aos católicos franceses e a tantos outros do
mundo fora.
Recebe aproximadamente
6 milhões de visitantes anualmente, igualando a soma de todos os visitantes de
todas as estações de esqui dos Pirenéus. Isto ocorre devido ao turismo de
peregrinação ao Santuário Nossa Senhora
de Lourdes.
A peregrinação é entendida pela Organização mundial do
turismo como uma modalidade de turismo.
Em uma área com mais
de 50 hectares, Lourdes foi denominada
como sendo um dos primeiros lugares de peregrinação do planeta, com
aproximadamente 14.000 habitantes e 170 hotéis, desenvolvendo o local e
transformando a pequena cidade, que passou a ser considerada a segunda cidade
hoteleira após Paris.
Por volta de 1866, a
cidade de Lourdes era organizada em
volta do castelo. Após a época medieval, a cidade se instalou no seu limite
ocidental, a 366 metros, sobre o rochedo. A extensão urbana se deu em direção
ao leste, no planalto, permitindo o estabelecimento de rotas de comunicação. A
área urbana compacta concentrou-se em torno do eixo meridiano e a gruta de Massabielle, onde as aparições ocorreram,
situa-se abaixo do rio Gave de Pau, a
jusante da curva do rio, num espaço deixado para a vegetação, onde havia
madeira e porcos a pastar. Esta cavidade rochosa não é notável e não é mencionada em nenhum mapa. No entanto,
sede das aparições, a caverna antes abandonada pelos habitantes locais
torna-se, no final do século
XIX, o coração do santuário e o ponto central de atração para os visitantes.
O Santuário é
constituído por vários edifícios, sendo a Cripta o primeiro santuário,
situada no “Rochedo de
Massabielle”, entre a Basílica Superior e a Basílica do Rosário. Foi abençoada
em 19 de maio de 1866. Na época,
não parecia exatamente o que vemos hoje. Os acessos foram feitos por duas
capelas, nos dois lados da entrada, que davam aos corredores onde os padres confessavam.
Ao entrar, acima, encontra-se um mosaico de São Pio X e um longo corredor de
acesso que conduz ao local de oração, que está repleto de placas com ex-votos
de agradecimentos pelas bênçãos recebidas.
A Basílica Imaculada
da Conceição, situada na parte superior, possui um estilo ogival do século XIII
e estende-se suntuosa em seus 19 metros de altura, 51 metros de comprimento e
21 metros de largura. A nave é dividida em nove vãos iguais. De estilo ogival
do século XIII, em 1908, foi enquadrada por dois pináculos que ligam ao
Rosário. Os vitrais da Basílica da Imaculada Conceição retratam a história da
Virgem Maria até a proclamação do dogma da Imaculada Conceição pelo Papa Pio IX,
em 1854, e as Aparições de Lourdes,
em 1858. O Papa IX está representado num medalhão acima da entrada da Cripta.
A Basílica subterrânea
São Pio X possui uma área de piso de 12.000 m2 ( 200 metros de comprimento x 80
metros de largura), 15 toneladas de concreto,
58 semi-arcos de concreto que
sustentam o conjunto e uma capacidade para 25.000 peregrinos. As paredes estão
cheias. Primeiro, na década de 1980, a basílica abrigou uma nova arte: gemmail (Comparado com o vitral, o gemstone traz o alívio e libera o chumbo).
O mestre dessa técnica é
Roger Malherbe-Navarre. Entre os pilares, os enforcamentos representam santos
de todas as regiões do mundo e de todas as eras. Em Lourdes, a água vem de todos os lugares: céu, montanha e solo.
Apesar da habilidade
daqueles que construíram a Basílica Nossa Senhora do Rosário, ela estava
derretendo: as pedras, atacadas pela água e, do lado de fora, pela geada, foram
embora em pó. Nas rampas, um terço delas teve que ser trocada. O quadro da
cúpula tinha que ser completamente reconstruído.
O arquiteto, Leopold
Hardy, teve a ideia de deslizar, por assim dizer, a nova igreja sob a antiga.
No terraço superior, em frente à entrada da cripta, pedras brancas marcam a
localização das capelas da abside central do Rosário. Da Porte Saint Michel tem-se a impressão de que a construção da base
serve de base para o superior, enquanto as duas igrejas são completamente
independentes. "O Rosário" não é apenas um edifício. É um conjunto arquitetónico, quase um
aparelho cenográfico.
O átrio, com uma área
de aproximadamente 10.000 m², é
cercado por duas grandes rampas. Elas são como os braços de
uma mãe que reúne todos os seus filhos pequenos para os sacudir contra o
coração. De outras maneiras que a Gruta, o pátio é um lugar de boas-vindas e segurança. É aqui que a procissão da noite
termina. É aqui que celebram-se as missas das maiores peregrinações, como o Rosário
de outubro: as rampas formam as paredes de uma igreja aberta, uma igreja
redonda como é
quase a própria basílica.
A caverna das aparições é o
coração do santuário. A fonte e a estátua de Nossa Senhora de Lourdes, que abriga, são objeto de toda
a atenção dos peregrinos. A Gruta, sozinha, diz muito da Mensagem de Lourdes. É esculpida na rocha, como
ecoando esta palavra da Bíblia: "O Senhor é a minha rocha, a minha salvação, a
minha cidadela" (Salmo 62, 7). A rocha é negra e o sol nunca entra na Gruta: a Aparição
(a Virgem Maria, a Imaculada Conceição), pelo contrário, é
apenas luz e sorriso. O nicho onde a estátua é colocada marca o lugar onde, na maioria
das vezes, a Virgem Maria apareceu quando apareceu a Bernadete Soubirous: é como uma janela que, deste mundo
sombrio, se abre sobre o Reino de Deus.
Com todo interesse que
a cidade de Lourdes desperta, o seu turismo religioso, juntamente com sua
riqueza patrimonial, acabam por gerar o desenvolvimento económico local e
regional, expressivo principalmente na área hoteleira e do comércio, sendo um dos principais destinos
de peregrinação internacional.
Andrea
Caetano Moleirinho
Fontes
de Consulta:
Marie-Hélène Chevrier, « Pèlerinage, développement urbain et mondialisation :
l'exemple de Lourdes », Géoconfluences, 2016, mis en ligne le 19 octobre 2016, URL : http://geoconfluences.ens-lyon.fr/informations-scientifiques/dossiers-thematiques/fait-religieux-et-construction-de-l-espace/corpus-documentaire/pelerinage-lourdes
https://www.conexaoparis.com.br/2016/08/04/63626/ “ O
Santuário Nossa Senhora de Lourdes na cidade de Lourdes” por Lourdes
Marques, 4 de agosto de 2016.
France 3, Lourdes : seconde ville hôtelière
après Paris, 13 août
2015, Vidéo.
Gemmail
(arte em vidro) https://www.youtube.com/watch?v=JoFHhnXgP_s
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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