O turismo é, para muitos
países, uma importante fonte de rendimento, mas o excesso de turistas torna-se
prejudicial em vários aspetos. Torna-se imperioso limitar o número de
visitantes para que seja possível uma melhor preservação dos monumentos, e do
meio ambiente, quando o turismo, neste último caso, se desenvolve em zonas
balneares.
Apesar do turismo ser
benéfico para a economia de um país, o mesmo não significa que os turistas o sejam,
pois existem muitos casos de que os turistas transmitem desrespeito pelos
costumes, pela cultura, e pela história dos países que visitam, para além de
eventuais estragos nos monumentos. A poluição provocada pelos turistas é,
também, um grande problema para muitas estâncias balneares, exemplo disso foi o
que aconteceu na Tailândia: o encerramento de várias praias devido ao excesso
de turistas e à poluição provocada por estes. Vários países europeus já
identificaram um limite de visitantes para algumas das suas cidades, países
esses como a Itália, Espanha, Grécia, Irlanda, pois o excesso de turistas está
a causar estragos. Em Espanha decorreram ações de protesto em várias cidades
por grupos de habitantes denunciando os efeitos do turismo em massa nas suas
vidas quotidianas.
Locais famosos representados
em filmes também foram sujeitos à aplicação de um limite no número de turistas,
como é o caso de Machu Picchu, no Peru, e de Skelling Michael, na Irlanda, o
local de filmagem da cena final de "Star Wars: O despertar da força".
Estes lugares estão apenas abertos durante alguns meses do ano e a sua visita
tem de ser marcada com bastante antecedência. E há locais, como os Galápagos, que
foram considerados Património Mundial da UNESCO em vias de extinção em 2007,
apresentam rigorosas limitações ao acesso ao turismo, medidas essas que foram
criadas para ajudar a preservar a geografia e vida selvagem das ilhas.
Em Portugal, ainda não há
casos de limitação de turistas devido ao seu excesso, mas há cada vez mais
turistas a virem para cá, como sabemos. Portugal ganhou o prémio de melhor
destino turístico pela World Travel
Awards, por isso é de esperar um forte aumento do turismo, como se está a constatar.
Além disso, Portugal é um destino turístico barato, comparando com Itália ou
Grécia. Apesar de ainda não haver turismo em massa em Portugal, essa realidade
é um cenário que poderá vir a acontecer.
As cidades portuguesas que recebem mais
turistas são Lisboa e Porto, o que não é de estranhar, mas Portugal tem um
vasto leque patrimonial, como é o caso das aldeias de Xisto, as gravuras
paleolíticas que se encontram no centro e sul do país, e muito deles estão em
estado de degradação. O “desvio” ou “encaminhamento” dos turistas para outras
zonas do país pode ajudar a que outro tipo de património seja mais reconhecido
e preservado e que não seja vandalizado, como aconteceu no Parque Arqueológico
do Vale do Côa.
O turismo é um setor económico
muito importante para Portugal, como acontece em muitos outros países. Portugal
também tem “maus” turistas, que não respeitam os residentes do país que
visitam, como, por exemplo, os turistas que deixaram um rasto de poluição na
Serra da Estrela. Muitos moradores da cidade de Lisboa queixam-se do barulho
dos tuk-tuk, das filas de cruzeiros que causam poluição ambiental e queixam-se,
também, da poluição sonora, da inflação dos preços, da falta de civismo dos
turistas, entre outros. Se em Lisboa, uma cidade que recebe cerca de 4/5
milhões de turistas, os moradores queixam-se de todas estas nuances negativas, não queramos imaginar
o que acontecerá em Barcelona, Veneza ou Santorini que, seguramente, recebem
mais de 15 milhões de turistas por ano. Por estas razões, a limitação do número
de turistas é explicável não só para o bem-estar dos seus residentes como
também para o bem-estar da cidade no que toca à sua preservação patrimonial e
redução da poluição. O turismo é económica, social e culturalmente importante,
pois ajuda ao crescimento económico de um país, os habitantes do país conhecem
pessoas de outros países, e ajuda a transmitir a cultura e a história do país para
quem vem visitar.
O turismo de massas é
prejudicial tanto para os residentes das cidades visitadas como para o país em
termos de preservação dos espaços públicos e ambientais, mas será que é justo
atribuir a culpa somente aos turistas? Ou poderão ser as empresas de turismo
que, muitas vezes, visam mais o lucro rápido e fácil do que o dar a conhecer
outros locais ao turista? Serão os meios de comunicação social os responsáveis
pela divulgação constante dos mesmos pontos turísticos, não dando a conhecer
outros? Dizer que se vai a Paris e não ir ao Louvre é quase anular a visita à
capital francesa. Em contrapartida, haverá imensos sítios escondidos e não
divulgados pela comunicação social que merecerão a visita de qualquer turista!
Isa
Micaela Guimarães da Silva
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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