quinta-feira, abril 26, 2018

Estaremos a caminhar para a 4º Revolução Industrial? Caso de Estudo Braga

       Richard Florida, em 2002, alertava que tínhamos que refletir sobre a cultura e a criatividade no desenvolvimento e na dinamização económica dos territórios, tendo estas uma concentração especialmente em ambientes urbanos e metropolitanos. Isto acontece devido ao desenvolvimento das Tecnologias Informação e Comunicação e à evolução registada em matéria de I&D (Investigação e Desenvolvimento).
Podemos dizer que estamos num processo de clusterização e, em particular, de identificação dos fatores que estão na origem da aglomeração territorial e dos agentes envolvidos na cadeia produtiva das atividades antes mencionadas (Nunes et al.).
Como sabemos, as sub-regiões do Ave e do Cávado eram muito ligadas à indústria têxtil, nalguns casos com caraterísticas muito tradicionais. Quando se começou a sentir a crise em Portugal, muitas destas fábricas começaram a abrir falência, tendo-se assistido a uma taxa de desemprego muito grande. A maior parte destas funcionárias e funcionários tinham poucas qualificações, uma vez que sempre trabalharam na indústria têxtil e não sabiam fazer outra coisa. Mas, nos últimos anos, as sub-regiões do Ave e Cávado têm assistido a uma expansão de setores de elevado valor acrescentado, tais como a produção software (tecnologias de informação e comunicação), desenvolvimento de novos materiais e das nanotecnologias.
Muitas empresas têm-se vindo a expandir em Braga, como exemplo a multinacional Bosch,  que tem protocolos com a Universidade do Minho e o Centro de Emprego e Formação Profissional de Braga, Mazagão, onde a empresa vai buscar formação e recursos humanos. Adicionalmente, muitos projetos empresariais resultam da dinâmica empreendimento de antigos alunos da Universidade do Minho e de spin-offs da própria empresa.
Em resultado da dinâmica destas empresas, têm sido realizadas muitas obras de requalificação e de expansão empresarial no município de Braga, tirando partido do esforço feito em I&D.
A Bosch está sediada na freguesia de Ferreiros, junto com outras empresas da mesma área que, juntas, formam um mini-cluster na área da eletrónica. É uma localização que beneficia, também, da proximidade dos caminhos-de-Ferro, das autoestradas, aeroporto e do porto de Leixões.
Quando eu falo, no princípio, sobre se caminhamos para 4º a revolução industrial, estou a falar que as novas tecnologias estão cada vez mais a dominar o mundo Industrial e cada vez mais temos uma aposta na I&D como suporte da dinâmica económica que se vem materializando. Posso, inclusive, falar da minha experiência profissional numa empresa multinacional em Braga, onde fazíamos peças segundo o modelo Fordista de produção, ou seja, a produção em massa.
Antigamente, estas linhas precisavam de mais ou menos de dez elementos, numa primeira fase, e, numa segunda fase, de mais quinze pessoas para controlar todo o processo. Atualmente, devido à evolução da Investigação e Desenvolvimento e da robótica, esta empresa precisa mais de Engenheiros Informáticas e de entre outras áreas do que se assalariados comuns. Nas linhas de montagem, hoje em dia, não é necessário tanto pessoal porque os robôs fazem quase tudo. As pessoas são necessárias devido às falhas técnicas das máquinas mas, com menor custo, consegue-se produzir muito mais, nomeadamente, devido a não existirem tantos custos com pessoal.
Estamos num outro paradigma social e as empresas que não aderirem a estas tecnologias e inovação podem desaparecer. Eu concordo que estamos a caminhar para uma 4º revolução industrial, e que as empresas têm que ser cada vez mais tecnológicas poderem tirar partido de e comunicar com um mundo cada é vez mais globalizado e tecnológico. Mas não nos podemos esquecer que os seres humanos também precisam de trabalhar para combater as suas necessidades.
A robótica esta a substituir cada vez mais as pessoas. Daí, temos que repensar de que forma podemos reverter esta situação, isto é, conjugar realização das pessoas e progresso tecnológico aplicado.

Maria da Conceição Veloso Cerdeira

Bibliografia:
Nunes, Flávio et al.(…), “Dinâmicas Recentes de Clusterização da Economia Criativa Digital no Porto Cidade Região : O Caso da Indústria  os Videojogos
Florida, Richard (2002) , The rise of the creative class, New York, Basic Books

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia e Política Regional Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

Sem comentários: