Richard
Florida, em 2002, alertava que tínhamos que refletir sobre a cultura e a
criatividade no desenvolvimento e na dinamização económica dos territórios,
tendo estas uma concentração especialmente em ambientes urbanos e
metropolitanos. Isto acontece devido ao desenvolvimento das Tecnologias
Informação e Comunicação e à evolução registada em matéria de I&D
(Investigação e Desenvolvimento).
Podemos
dizer que estamos num processo de clusterização
e, em particular, de identificação dos fatores que estão na origem da
aglomeração territorial e dos agentes envolvidos na cadeia produtiva das
atividades antes mencionadas (Nunes et
al.).
Como
sabemos, as sub-regiões do Ave e do Cávado eram muito ligadas à indústria
têxtil, nalguns casos com caraterísticas muito tradicionais. Quando se começou
a sentir a crise em Portugal, muitas destas fábricas começaram a abrir
falência, tendo-se assistido a uma taxa de desemprego muito grande. A maior
parte destas funcionárias e funcionários tinham poucas qualificações, uma vez
que sempre trabalharam na indústria têxtil e não sabiam fazer outra coisa. Mas,
nos últimos anos, as sub-regiões do Ave e Cávado têm assistido a uma expansão
de setores de elevado valor acrescentado, tais como a produção software (tecnologias de informação e
comunicação), desenvolvimento de novos materiais e das nanotecnologias.
Muitas
empresas têm-se vindo a expandir em Braga, como exemplo a multinacional Bosch, que tem protocolos com a Universidade do Minho
e o Centro de Emprego e Formação Profissional de Braga, Mazagão, onde a empresa
vai buscar formação e recursos humanos. Adicionalmente, muitos projetos
empresariais resultam da dinâmica empreendimento de antigos alunos da
Universidade do Minho e de spin-offs
da própria empresa.
Em
resultado da dinâmica destas empresas, têm sido realizadas muitas obras de
requalificação e de expansão empresarial no município de Braga, tirando partido
do esforço feito em I&D.
A
Bosch está sediada na freguesia de Ferreiros, junto com outras empresas da
mesma área que, juntas, formam um mini-cluster
na área da eletrónica. É uma localização que beneficia, também, da proximidade dos
caminhos-de-Ferro, das autoestradas, aeroporto e do porto de Leixões.
Quando
eu falo, no princípio, sobre se caminhamos para 4º a revolução industrial,
estou a falar que as novas tecnologias estão cada vez mais a dominar o mundo
Industrial e cada vez mais temos uma aposta na I&D como suporte da dinâmica
económica que se vem materializando. Posso, inclusive, falar da minha
experiência profissional numa empresa multinacional em Braga, onde fazíamos peças
segundo o modelo Fordista de produção, ou seja, a produção em massa.
Antigamente,
estas linhas precisavam de mais ou menos de dez elementos, numa primeira fase,
e, numa segunda fase, de mais quinze pessoas para controlar todo o processo. Atualmente,
devido à evolução da Investigação e Desenvolvimento e da robótica, esta empresa
precisa mais de Engenheiros Informáticas e de entre outras áreas do que se
assalariados comuns. Nas linhas de montagem, hoje em dia, não é necessário tanto
pessoal porque os robôs fazem quase tudo. As pessoas são necessárias devido às falhas
técnicas das máquinas mas, com menor custo, consegue-se produzir muito mais,
nomeadamente, devido a não existirem tantos custos com pessoal.
Estamos
num outro paradigma social e as empresas que não aderirem a estas tecnologias e
inovação podem desaparecer. Eu concordo que estamos a caminhar para uma 4º
revolução industrial, e que as empresas têm que ser cada vez mais tecnológicas poderem
tirar partido de e comunicar com um mundo cada é vez mais globalizado e
tecnológico. Mas não nos podemos esquecer que os seres humanos também precisam
de trabalhar para combater as suas necessidades.
A
robótica esta a substituir cada vez mais as pessoas. Daí, temos que repensar de
que forma podemos reverter esta situação, isto é, conjugar realização das
pessoas e progresso tecnológico aplicado.
Maria da Conceição Veloso
Cerdeira
Bibliografia:
Nunes, Flávio et al.(…), “Dinâmicas Recentes de Clusterização
da Economia Criativa Digital no Porto Cidade Região : O Caso da Indústria os Videojogos
Florida, Richard (2002) , The
rise of the creative class, New York, Basic Books
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia e Política Regional Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia e Política Regional Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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