O
turismo pode e deve ser mais do que um conjunto de experiências partilhadas por
um grupo de pessoas durante um período de tempo. Atualmente, um dos temas que
está na berra é a solidariedade e o voluntariado.
Muitas
são as associações que contribuem para uma sociedade mais justa e igual, onde
todos têm as mesmas oportunidades. Não poderá o turismo ser também um fator de
desenvolvimento social? De acordo com Duarte D’Eça Leal, em entrevista ao site Observador do dia 16/10/2015, “O que
o viajante quer é uma experiência social, mais do que uma simples viagem a
meia dúzia de locais e monumentos de referência.
A procura de alojamento de proximidade reflete a procura da
experiência de viver como um habitante do bairro ou da cidade. O viajante não
quer apenas “ir a”, mas sentir que, por alguns dias, faz “parte de”. Se
pensarmos na atualidade, percebemos que vivemos numa época em que a ajuda ao
próximo é uma realidade que faz parte do dia-a-dia de muitas pessoas. Seja por
esta ou por aquela razão, todos gostamos de experimentar o sentimento de
gratidão, de serviço e de ajuda. Também o turismo pode e deve ser um fator de
humanização, onde mais importante do que aquilo que se gasta, vê ou visita é
aquilo que se dá: o tempo, a partilha de experiências, o sorriso ou uma palavra
amiga.
Hoje em dia, não se fala de turistas que querem apenas passar
uns dias diferentes e conhecer este ou aquele lugar, mas sim turistas que querem
fazer a diferença na vida de alguém, conhecer a sua história e até sentir-se
uma peça importante na sua vida. Os turistas procuram
aquilo que é diferente e único e por isso não querem ficar isolados neste ou
naquele local. Preferem ir a lojas tradicionais e mercados locais onde
encontram produtos variadíssimos e distintos de todos os outros. Querem
misturar-se connosco, falar connosco, aprender connosco e principalmente
sentir-se um de nós. Querem andar pela rua e ver as senhoras a vender castanhas
ou ir ao mercado e ver as peixeiras a regatear pelo melhor peixe.
Duarte D’Eça Leal, em entrevista ao site Observador do dia 16/10/2015 explica que “Hoje em dia os turistas saem de sua casa para entrar na casa de outras
pessoas. Preferem
o serviço e a proximidade e dispensam as amenidades, como o serviço de quartos”.
Já Nuno Seabra Lopes, em entrevista ao site
Observador do dia 16/10/2015 afirma que “As pessoas não vêm para visitar os
monumentos vazios. Vêm para nos ver. Se nos vêm cá ver, alguma coisa, de certeza,
que fizemos bem. É preciso reforçar a nossa unicidade. Até
porque há um público novo que quer aquilo que é único. E nós queremos que as
pessoas queiram voltar”.
Em 2017, o turismo bateu recordes em Portugal,
o número de visitantes alcançou valores gigantescos e a tendência é para
aumentar. Com um público-alvo cada vez mais exigente, é importante começar a
apostar naquilo que nos diferencia e nos torna tão únicos. Afinal de contas não
somos nós o povo conhecido pela hospitalidade, boa disposição e simplicidade? Se
as pessoas vêm cá para nos ver, então façamos com que se sintam em casa e
mostremos o bom que é ser português.
Maria João Lopes
Referências
(Artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de
opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no
2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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