“A arquitetura deve falar do seu tempo e
lugar, porém anseia por intemporalidade”[1]
Esta
citação transmite toda a ideia da intemporalidade arquitetónica que os romanos
conseguiram na cidade de Braga, a chamada “Roma Portuguesa”, pois o Fórum Romano
era o centro de várias atividades, principalmente administrativas, das cidades
Romanas. O foco deste novo Fórum pode ter mudado para uma faceta mais cultural
e abrangente, mas a recriação deste edifício como um centro de atividades
culturais, negócios, congressos e outras experiências transmite a
intemporalidade de como este edifício milenar marcou a cidade.
Esta
ligação com o passado romano, em que o fórum era o centro nevrálgico de Bracara Augusta demonstra o quão exímios
os romanos eram na organização das suas cidades, pois de facto este projeto é
um exemplo de como estudar o passado pode ajudar a sociedade a fazer projetos
para o presente e o futuro.
Esta
reinvenção do Fórum romano tem condições excecionais quando comparado com as
restantes infraestruturas deste âmbito da região, e até mesmo a nível nacional
tem uma grande relevância para acolher eventos das mais diversas áreas. Com um
investimento que chegou aos 8 milhões de euros, vai incluir um Centro de
Congressos (com o maior auditório da região norte - 1454 lugares -, um pequeno
auditório, salas de congressos modulares, salas de reuniões, bares e zona de
acolhimento, restaurante, Forum Arte
Braga), um pavilhão e sala de concertos (com caraterísticas para concertos,
feiras, congressos e eventos até 12 000 lugares em pé, teia de suspensão - 120
toneladas -, galeria superior com bancada retrátil, bares, camarins e salas de
reuniões, climatização e tratamento acústico) e uma zona exterior (com praça de
concertos para mais de 20 000 pessoas, estacionamento com 620 lugares,
área de exposição (300 stands) e
áreas verdes e de lazer.
Para a cidade de Braga e até mesmo para
toda a região envolvente, este projeto conciliatório de economia com cultura
tem imenso potencial tanto para atrair negócios como visitantes. O seu Centro
de Congressos que, como já foi dito, contém o maior auditório da região norte
com capacidade para 1454 lugares, faz com que seja possível atrair eventos de
uma escala que anteriormente não era possível realizar por questões logísticas.
A nível económico, alguns desses exemplos são os eventos já marcados na agenda
para 2018, como a Agro 2018 (10 a 13 de Maio), a Semana da Economia (21 a 25 de
Maio), o Fórum Económico (23 de Maio), que têm todo o potencial de atrair
investidores e oportunidades de negócios para a cidade, potencializando a
criação de emprego para os cidadãos.
A nível cultural, a cidade de Braga tem
agora a oportunidade de acolher espetáculos com um grande número de
espetadores, que antes seriam mais difíceis de organizar devido às suas
questões logísticas. Uma das espectativas deste projeto é a atração de
visitantes da região da Galiza, que pela sua relativa curta distância se podem
sentir atraídos pelos nomes de grandes bandas e artistas que agora podem fazer
os seus espetáculos na cidade, como é o exemplo de Thirty Seconds to Mars, com concerto agendado para 11 de Setembro
de 2018. Sendo uma banda internacionalmente conhecida, pode trazer com ela
imensos novos visitantes à cidade, potencializando assim o turismo local.
Este projeto eclético do ponto de vista
das dinâmicas da cidade, abrangendo todo um leque de atividades diversas, é a
meu ver algo que pode de facto trazer à cidade muito mais do que os 8 milhões
de euros inicialmente investidos.
Acabo
a comentar que se Vitrúvio, o grande arquiteto Romano que criou e registou os
cânones da arquitetura das cidades Romanas, pudesse olhar para este projeto Fórum
Braga, seria de esperar um aplauso da sua parte.
Sérgio Gonzaga Torres Videira
[1] Citação
por Frank Gehry, arquiteto canadense.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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