sábado, abril 21, 2018

´Forum` Braga – a reinvenção do Fórum de ´Bracara Augusta` e o seu impacto na comunidade Bracarense

A arquitetura deve falar do seu tempo e lugar, porém anseia por intemporalidade[1]

Esta citação transmite toda a ideia da intemporalidade arquitetónica que os romanos conseguiram na cidade de Braga, a chamada “Roma Portuguesa”, pois o Fórum Romano era o centro de várias atividades, principalmente administrativas, das cidades Romanas. O foco deste novo Fórum pode ter mudado para uma faceta mais cultural e abrangente, mas a recriação deste edifício como um centro de atividades culturais, negócios, congressos e outras experiências transmite a intemporalidade de como este edifício milenar marcou a cidade.
Esta ligação com o passado romano, em que o fórum era o centro nevrálgico de Bracara Augusta demonstra o quão exímios os romanos eram na organização das suas cidades, pois de facto este projeto é um exemplo de como estudar o passado pode ajudar a sociedade a fazer projetos para o presente e o futuro.
Esta reinvenção do Fórum romano tem condições excecionais quando comparado com as restantes infraestruturas deste âmbito da região, e até mesmo a nível nacional tem uma grande relevância para acolher eventos das mais diversas áreas. Com um investimento que chegou aos 8 milhões de euros, vai incluir um Centro de Congressos (com o maior auditório da região norte - 1454 lugares -, um pequeno auditório, salas de congressos modulares, salas de reuniões, bares e zona de acolhimento, restaurante, Forum Arte Braga), um pavilhão e sala de concertos (com caraterísticas para concertos, feiras, congressos e eventos até 12 000 lugares em pé, teia de suspensão - 120 toneladas -, galeria superior com bancada retrátil, bares, camarins e salas de reuniões, climatização e tratamento acústico) e uma zona exterior (com praça de concertos para mais de 20 000 pessoas, estacionamento com 620 lugares, área de exposição (300 stands) e áreas verdes e de lazer.
         Para a cidade de Braga e até mesmo para toda a região envolvente, este projeto conciliatório de economia com cultura tem imenso potencial tanto para atrair negócios como visitantes. O seu Centro de Congressos que, como já foi dito, contém o maior auditório da região norte com capacidade para 1454 lugares, faz com que seja possível atrair eventos de uma escala que anteriormente não era possível realizar por questões logísticas. A nível económico, alguns desses exemplos são os eventos já marcados na agenda para 2018, como a Agro 2018 (10 a 13 de Maio), a Semana da Economia (21 a 25 de Maio), o Fórum Económico (23 de Maio), que têm todo o potencial de atrair investidores e oportunidades de negócios para a cidade, potencializando a criação de emprego para os cidadãos.
         A nível cultural, a cidade de Braga tem agora a oportunidade de acolher espetáculos com um grande número de espetadores, que antes seriam mais difíceis de organizar devido às suas questões logísticas. Uma das espectativas deste projeto é a atração de visitantes da região da Galiza, que pela sua relativa curta distância se podem sentir atraídos pelos nomes de grandes bandas e artistas que agora podem fazer os seus espetáculos na cidade, como é o exemplo de Thirty Seconds to Mars, com concerto agendado para 11 de Setembro de 2018. Sendo uma banda internacionalmente conhecida, pode trazer com ela imensos novos visitantes à cidade, potencializando assim o turismo local.
         Este projeto eclético do ponto de vista das dinâmicas da cidade, abrangendo todo um leque de atividades diversas, é a meu ver algo que pode de facto trazer à cidade muito mais do que os 8 milhões de euros inicialmente investidos.
Acabo a comentar que se Vitrúvio, o grande arquiteto Romano que criou e registou os cânones da arquitetura das cidades Romanas, pudesse olhar para este projeto Fórum Braga, seria de esperar um aplauso da sua parte.

Sérgio Gonzaga Torres Videira



[1] Citação por Frank Gehry, arquiteto canadense.

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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