O turismo em Portugal tem-se tornado um fenómeno crescente
nos últimos anos. Após 2016, pode-se verificar um “boom” do turismo, que não
mostra mínimos sinais de estagnar, pelo menos nos próximos tempos.
Metrópoles como Lisboa e Porto são as principais afetadas
pelos impactos desta atividade cada vez mais recorrente e em “massa”. Impactos
esses positivos e também negativos, tudo consoante o prisma analisado. Álvaro
Domingues, docente na faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, em
entrevista ao Expresso ,defende que os turistas e os conhecidos por “city
users” são aqueles que garantem a prosperidade da cidade. Já em Lisboa,
conforme informação presente em artigo do correio da manhã, a câmara municipal
criou proibições relativas à circulação de autocarros turísticos com mais de 9
lugares na Sé e no castelo de São Jorge para combater um dos aspetos negativos
do turismo em massa, que é o congestionamento de trânsito para os residentes
locais e o ruído resultante destas atividades.
Cada vez mais o desenvolvimento de áreas de atuação no âmbito
da hotelaria, restauração, lazer, transportes, cultura e serviços é uma
realidade da economia portuguesa, e um ponto forte com perspetivas de sucesso a
médio e longo prazo. Este fenómeno recente, que os especialistas divergem se
será positivo ou negativo para a realidade do país, suscita um novo problema: onde
estão as pessoas?
O turismo é crescente e cada vez há mais dificuldade em
encontrar e acoplar aos estabelecimentos mão-de-obra local apta para trabalhar
nesta área. O que cria a situação desagradável em que há todos os demais
recursos, no entanto não há força de trabalho para permitir esse crescimento
cada vez mais proeminente. O próprio presidente da Confederação do Turismo de
Portugal (CTP) demonstra esta preocupação em artigo publicado na plataforma
digital Notícias ao Minuto, em que refere a baixa natalidade como um dos
problemas e questiona “como podemos atrair mais jovens?”.
As razões para tal situação são as mais diversas, desde a emigração
dos jovens em busca de novas oportunidades no exterior (principalmente em
países da União Europeia), a baixa taxa de natalidade em Portugal, como ainda a
falta de “conhecimento” de que investir na área do turismo, em termos
académicos, possa ser promissor, em vista da nova realidade portuguesa.
Como possíveis soluções para esta problemática, seria
interessante considerar o investimento em programas de formações e
profissionalização dos jovens portugueses, de modo a que possam ingressar nesta
área de trabalho. Outra solução possível seria investir em programas de
intercâmbio para jovens estrangeiros que tivessem o interesse em trabalhar no
turismo ou em áreas equivalentes, e promover projetos que incentivassem a inserção
desta mesma mão-de-obra no mercado de trabalho local.
Quaisquer que sejam as medidas optadas para reparar esta
situação, devem ser pensadas com cuidado e utilizadas de modo a que ainda seja
possível aproveitar essa “onda turística” e evitar que os próprios turistas
questionem: onde estão as pessoas?
Ana Beatriz Peixoto
Bibliografia:
http://expresso.sapo.pt/sociedade/2016-03-02-Turismo-nas-cidades-problema-ou-oportunidade#gs.xbvieTo
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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