terça-feira, abril 24, 2018

Turismo em Portugal – onde estão as pessoas?

O turismo em Portugal tem-se tornado um fenómeno crescente nos últimos anos. Após 2016, pode-se verificar um “boom” do turismo, que não mostra mínimos sinais de estagnar, pelo menos nos próximos tempos.
Metrópoles como Lisboa e Porto são as principais afetadas pelos impactos desta atividade cada vez mais recorrente e em “massa”. Impactos esses positivos e também negativos, tudo consoante o prisma analisado. Álvaro Domingues, docente na faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, em entrevista ao Expresso ,defende que os turistas e os conhecidos por “city users” são aqueles que garantem a prosperidade da cidade. Já em Lisboa, conforme informação presente em artigo do correio da manhã, a câmara municipal criou proibições relativas à circulação de autocarros turísticos com mais de 9 lugares na Sé e no castelo de São Jorge para combater um dos aspetos negativos do turismo em massa, que é o congestionamento de trânsito para os residentes locais e o ruído resultante destas atividades.
Cada vez mais o desenvolvimento de áreas de atuação no âmbito da hotelaria, restauração, lazer, transportes, cultura e serviços é uma realidade da economia portuguesa, e um ponto forte com perspetivas de sucesso a médio e longo prazo. Este fenómeno recente, que os especialistas divergem se será positivo ou negativo para a realidade do país, suscita um novo problema: onde estão as pessoas?
O turismo é crescente e cada vez há mais dificuldade em encontrar e acoplar aos estabelecimentos mão-de-obra local apta para trabalhar nesta área. O que cria a situação desagradável em que há todos os demais recursos, no entanto não há força de trabalho para permitir esse crescimento cada vez mais proeminente. O próprio presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) demonstra esta preocupação em artigo publicado na plataforma digital Notícias ao Minuto, em que refere a baixa natalidade como um dos problemas e questiona “como podemos atrair mais jovens?”.
As razões para tal situação são as mais diversas, desde a emigração dos jovens em busca de novas oportunidades no exterior (principalmente em países da União Europeia), a baixa taxa de natalidade em Portugal, como ainda a falta de “conhecimento” de que investir na área do turismo, em termos académicos, possa ser promissor, em vista da nova realidade portuguesa.
Como possíveis soluções para esta problemática, seria interessante considerar o investimento em programas de formações e profissionalização dos jovens portugueses, de modo a que possam ingressar nesta área de trabalho. Outra solução possível seria investir em programas de intercâmbio para jovens estrangeiros que tivessem o interesse em trabalhar no turismo ou em áreas equivalentes, e promover projetos que incentivassem a inserção desta mesma mão-de-obra no mercado de trabalho local.
Quaisquer que sejam as medidas optadas para reparar esta situação, devem ser pensadas com cuidado e utilizadas de modo a que ainda seja possível aproveitar essa “onda turística” e evitar que os próprios turistas questionem: onde estão as pessoas?

Ana Beatriz Peixoto

Bibliografia:
http://expresso.sapo.pt/sociedade/2016-03-02-Turismo-nas-cidades-problema-ou-oportunidade#gs.xbvieTo

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

Sem comentários: