terça-feira, abril 17, 2018

Turismo de Caça e Pesca

Além de apreciar as lindas paisagens e a beleza arquitetónica dos locais, há quem goste de escolher um destino diferente, que junte a tudo isso a emoção da caça e da pesca.
Este tipo de turismo, denominado de Turismo Cinegético, consiste no conjunto de atividades e deslocações turísticas feitas por pescadores e/ou caçadores nacionais ou estrangeiros, motivados pelo seu gosto na prática de atividades de pesca e caça da fauna selvagem local. No entanto, está presente a consciencialização dos próprios turistas e comunidades que os recebem, que devem usufruir destas atividades de forma sustentável, permitindo assim um conjunto de produtos e serviços turísticos que possibilitem o desenvolvimento destas atividades de forma sustentável e orientada para a conservação da natureza e da sua fauna e flora.
No norte de Portugal, a região de Trás-os-Montes presenteia qualquer um com a sua riqueza em património botânico e faunístico, onde se podem observar espécies como a águia real, a cegonha preta, o grifo, o corço, o veado, o javali, a raposa, o coelho, a lebre, a perdiz, o lobo, a truta, o barbo, a carpa, o lúcio, o escalo, a boga e o achigã. Relacionada com toda esta riqueza animal está a caça e a pesca, que têm um papel importante no turismo e no desenvolvimento económico-social desta região.
Mais especificamente, na zona de Bragança a época da caça é de outubro a dezembro, em que está presente a caça à perdiz, à lebre e ao coelho. De dezembro até fevereiro existem as montarias ao javali, em que o aglomerado de pessoas e turistas é maior. Este evento é realizado por quase todas as freguesias do distrito, muitas delas repetem-se duas ou mais vezes por ano, mas as maiores montarias são a nível de concelhos.  
As montarias ao javali normalmente começam por volta das 9 horas, com um pequeno-almoço oferecido aos caçadores, onde se organizam as matilhas de cães e as estratégias a adotar. Seguidamente, os caçadores são transportados em veículos apropriados até à zona de caça. No fim, é disponibilizado um almoço e é realizado um leilão dos javalis que resultaram da caça. Estas montarias implicam o pagamento de um preço por caçador, e chegam a ser constituídas por entre 100 ou 300 caçadores, incluindo bastantes turistas de outras regiões de Portugal, principalmente do Minho, e também turistas internacionais. Os praticantes e/ou turistas podem pernoitar e disfrutar dos vários estabelecimentos de turismo da região transmontana.
O setor da pesca em Trás-os-Montes tem cada vez mais importância para esta região, não só pela elevada riqueza em recursos existentes e as suas potencialidades, mas também pelo significado que a atividade piscatória representa para os amantes e profissionais desta “arte”. É através do contacto com a natureza em toda a sua plenitude que a pesca é considerada como uma das atividades mais relaxantes. Nesta zona, existem inúmeros cursos de água que ainda permanecem limpos e intactos, possibilitando desta forma a satisfação das expectativas dos amantes deste desporto. Enumeram-se vários rios de água doce em que a pesca é realizada e que satisfazem esta condição, constituindo um considerável património desta região, como são exemplo as albufeiras das barragens de Miranda do Douro, Picote, Bemposta, os rios Douro, Tua, Azibo, Sabor e Maçãs.
A época da pesca desportiva começa no início da primavera, e os convívios de pesca em competição são normalmente de maio a julho. Nestes concursos de competição são pescados os peixes de água doce referidos anteriormente, dependendo dos rios. É disponibilizado um pequeno-almoço no início da manhã, seguido pela distribuição dos lugares dos pescadores ao longo do rio e, no fim da pesca, os peixes são contabilizados, pesados e devolvidos ao rio. Por último, também é servido um almoço, que vem incluído no preço de cada concurso, por cada pescador. Os convívios mais pequenos são constituídos normalmente por 30 pescadores e os maiores variam entre 50 a 70 pescadores, que muitos deles também são turistas estrangeiros, principalmente de Espanha. Estes eventos oferecem prémios aos primeiros lugares, conforme o número e o peso dos peixes de cada pescador.
Estes convívios de pesca em competição e as montarias de caça são organizados por entidades concessionárias, como clubes ou associações de caça e pesca e Câmaras Municipais.
Através da caça e da pesca é possível saborear da variedade da gastronomia das terras transmontanas, como é o exemplo da perdiz com cogumelos, javali estufado e arroz de lebre.

Vanessa Filipa Costa Vaz

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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