A
necessidade de locomoção do homem e do transporte de materiais de um lugar para
outro impulsionou o desenvolvimento de sistemas de transporte nas sociedades. O
começo dos sistemas de transporte é tão antigo como a própria humanidade. O
transporte era feito pelo homem e animais de carga, e com o passar do tempo a
sociedade desenvolveu-se para sistemas mais eficientes e complexos, como os
sistemas de elevações (Azevedo, 2007).
Um
dos sistemas de transportes que mais se desenvolveu nos últimos anos são os
funiculares, que são sistemas que possuem grandes vantagens pela sua segurança,
funcionalidade e capacidade de transporte, bem como pela sua adaptação tanto em
zonas urbanas como em montanhas.
O elevador do Bom Jesus do Monte foi
construído com o objetivo de substituir a Companhia de Carris americano, puxado
por cavalos, que originalmente se estendia da cidade de Braga até o escadório
do Santuário (escada que liga a parte baixa à parte alta do Santuário), e que
obrigava a uma tração animal reforçada na íngreme subida. O percurso é feito por 274 metros de encosta, com uma
inclinação de 42 graus e um desnível de 116 metros.
Funciona sobre duas vias
paralelas, cada uma com dois carris e sobre os carris circulam as cabines,
ligadas por um cabo de aço, com 7 metros de comprimento, 2 de largura e 4,5
entre eixos (Cordeiro, Mendes
& Vasconcelos, 2001). Apresentam capacidade
para 30 passageiros sentados, cada uma com seis bancos, para cinco passageiros
cada, 8 pessoas de pé, no total de 38 passageiros mais o condutor. O sistema de
suspensão é feito por 4 molas helicoidais, sem amortecedor, e o amortecimento
de paragem por mola espiral com batente. Cada cabine possui dois reservatórios
de água, o grande, com capacidade de 5850 litros, que funciona como força
motriz e contrapeso e alimentação do circuito de refrigeração dos travões
dianteiros, e o pequeno, de 216 litros, que serve para alimentar o circuito de
refrigeração dos travões traseiros. A cabine que está no topo enche o depósito
de água, despejando-o ao longo do caminho pela tubagem do circuito de
refrigeração dos travões dianteiros e despejando o restante no final da viagem.
Um
dos trajetos que aquela companhia realizava fazia ligação entre o centro da
cidade e o escadório do Santuário do Bom Jesus do Monte. Para chegar ao Santuário, era preciso uma subida
pedestre devido à acentuada inclinação do terreno, ou utilizando um trem
alugado, alternativa que se revelava inacessível para a bolsa de uma grande
maioria dos visitantes. Tendo em vista este facto e com o objetivo de
contribuir para os melhoramentos materiais da sua cidade, Manuel Joaquim Gomes
pensou em construir um funicular que poupasse os visitantes daquela agradável
estância religiosa e de vilegiatura aos inconvenientes de uma penosa subida do
escadório ou ao dispêndio da quantia necessária para o transporte particular.
Em 23 de maio de 2013, o elevador do Bom
Jesus foi classificado como Monumento de Interesse Público.
À luz do que foi abordado, é possível averiguar que o funicular do Bom
Jesus do Monte em Braga é o mais antigo de Portugal e com um sistema de
funcionamento de contrapeso de água. Contudo, o potencial turístico deste
património continua atraindo pessoas oriundas de distintos pontos da Europa e
do mundo a afora.
Patrícia de Almeida
Machado
Referências
Azevedo, P.
(2007). Um elevador liga o passado à modernidade. In Atas do Anais III Seminário Projetar: O moderno já passado, o
passado no moderno, (pp. 1-23). Porto
Alegre: UFRGS.
Vasconcelos, A. (…). O Elevador do Bom
Jesus do Monte, o mais antigo de Portugal. Ascensores
com história. Disponível em: www.elevare.pt/PDF/sup2/ah1.pdf.
(Acesso, 16.01.2018).
Cordeiro, M.; Mendes, F. &
Vasconcelos, A. (2001). Elevador do Bom
Jesus, Braga, (2ª ed.). Porto: Ordem dos Engenheiros.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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