Assim
como as diferenças tornam cada ser humano único e especial, também o turismo
deve ser encarado como um conjunto de experiências únicas, que deixam uma marca
indelével naqueles que o praticam. Então, porque é que muitas vezes as
diferenças são vistas como uma fraqueza e não como uma riqueza? De acordo com a
OMT (Organização Mundial do Turismo) 15% da população mundial tem alguma
incapacidade e apenas 12% do turismo europeu é acessível. Em 2050, 20% da
população terá mais de 60 anos. Face a estes dados, é possível verificar que
ainda se encontra uma lacuna entre a procura e a oferta turística.
Se
fizermos uma pesquisa acerca dos tipos de turismo que existem, verificamos que
entre o turismo de negócios, turismo de lazer, de natureza, de aventura,
religioso, cultural e de saúde existe um leque variadíssimo de experiências que
satisfazem quase na totalidade as necessidades dos turistas. No entanto, e
apesar do turismo ser considerado uma atividade para todos, ainda há quem não
tenha a oportunidade de o praticar. Se os destinos turísticos encararem esta
falha como uma oportunidade de negócio, terão a chance de se tornarem um destino para todos, capacitando os seus
recursos turísticos para que sejam cada vez mais acessíveis e inclusivos.
De acordo com a Associação Privada Accessible Portugal, em Portugal existem
cerca de 2,5 milhões de idosos,1 milhão de pessoas com deficiência, 550 mil crianças
com menos de 5 anos de idade e outros milhares de pessoas com limitações
temporárias ou definitivas, o que faz com que a questão da acessibilidade ganhe
uma importância bastante significativa. Assim, o turismo acessível
é um dos eixos prioritários da estratégia de turismo para os próximos 10 anos.
Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, em entrevista à revista Descla do dia 17 de julho de 2017 refere
que “O desenvolvimento do turismo acessível em Portugal, para além de
constituir uma obrigação social que decorre da lei em vigor, constitui
igualmente uma oportunidade de negócio para as empresas turísticas. Assim, este
mercado não se cinge às pessoas com deficiência, mas é, na verdade, composto
por todo aquele que enfrenta ou pode enfrentar uma limitação temporária ou
definitiva. Não estamos, por isso, a responder a um ´nicho` de mercado, mas
antes a criar as condições para poder constar entre os destinos escolhidos
pelos turistas com necessidades específicas.”
E
se o valor do turismo está na diferença, também a diferença de valor está neste
tipo de turismo. Para além da sazonalidade deixar de ser um problema tão
relevante, uma vez que este segmento de turistas não viaja apenas no verão, o
aumento das receitas turísticas é notável visto que a sua estadia é mais
prolongada e normalmente fazem-se acompanhar por um familiar ou amigo.
Em
setembro de 2016 foi lançado em Portugal o programa ALL FOR ALL, que consiste em capacitar e adaptar o turismo
português de modo a tornar-se acessível para todos. Luís Araújo defende que “Este
programa pretende informar, incentivar e fidelizar a procura turística através
da divulgação da oferta turística acessível existente em Portugal, com recurso
ao canal visitportugal e a uma
campanha audiovisual, com filmes de curta duração que mostram as possibilidades
de visitação em cada região turística por parte de turistas com necessidades
específicas.”
Pelos
portugueses e para o mundo inteiro, Portugal tem a porta aberta para se tornar
um destino onde todos cabem e se sentem bem.
Maria João Lopes
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade
curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos
de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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