Reconhecido como um dos dez produtos turísticos pelo Plano
Estratégico Nacional do Turismo (PENT), o Turismo de Natureza designa todas as
modalidades que se baseiam num contacto, mais ou menos direto, com o meio
ambiente, como a prática de atividades desportivas ao ar livre, a contemplação
da natureza e a observação de espécies animais no seu habitat, mas tendo sempre em atenção a preservação do meio.
Este segmento do turismo assume um papel de destaque na
oferta turística do nosso país, sendo Portugal considerado um destino por
excelência para a prática do turismo de natureza pelo seu riquíssimo património
natural, pela enorme variedade de paisagens e elevada diversidade de habitats naturais. É importante
salientar que, segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas
(ICNF), cerca de 21% do território português é formado por áreas classificadas
com fortes valores naturais e de biodiversidade a nível de fauna, flora e de
qualidade paisagística e ambiental.
A motivação do turista que escolhe este tipo de modalidade é
a vivência de experiências de grande valor simbólico, interagindo e usufruindo
da natureza. Mas já lá vão os tempos em que este contacto com o ambiente
implicava passar do conforto do lar para pernoitar numa tenda ao ar livre,
desprovida de condições e sujeita a alterações climatéricas. Hoje em dia, já é
possível dormir em tendas com o mesmo conforto e comodidade de um hotel de
cinco estrelas, o chamado glamping.
Esta nova tendência turística surgiu como tentativa de resposta às limitações
do campismo tradicional, conjugando o conforto e glamour com a experiência de contacto com a natureza.
As opções mais populares são as tendas caraterísticas dos
índios americanos, as Tipi, bem como os Yurts, as tendas tradicionais da
Mongólia, no entanto, existem outras opções mais exóticas e fora do vulgar,
como roulottes ciganas e até
carrinhas de bombeiros. Em Portugal, o número de opções tem vindo a aumentar
ano após ano e, de norte a sul e até nas ilhas, existem inúmeras propostas que
proporcionam aos amantes da natureza momentos de absoluta descontração. A norte
do país, mais precisamente em Entre Ambos-os-Rios (Ponte da Barca) e inserido
no Parque Nacional da Peneda Gerês, encontra-se o Lima Escape, que disponibiliza aos seus visitantes dois tipos de
tendas: as Tipi, decoradas com um estilo mais oriental e as Glamour Bell com 5 metros de diâmetro.
Este empreendimento possui ainda uns antigos contentores marítimos revestidos a
madeira suspensos no meio de carvalhais à beira do rio Lima. Também no Nomad Planet, em Fiães do Rio
(Montalegre), os turistas podem desfrutar da vista panorâmica para o Parque
Nacional da Peneda Gerês a partir de Yurts ou da casa da árvore Toca do Lobo.
Este glamping criado há cerca de três
anos, tem uma taxa de ocupação próxima dos 100% nos meses de verão e tem
registado um aumento da procura de ano para ano, quer pelo mercado nacional
quer pelo mercado internacional, principalmente o alemão, holandês, francês e
espanhol.
A 925 m de altitude, numa localização privilegiada da Serra
da Gardunha, virado a norte, com uma vista esplendorosa sobre a Serra da
Estrela, encontra-se o Natura Glamping.
As tendas são em forma Domos Geodésicos, uma espécie de iglô gigante, compostas
por duas camas de casal, uma área de banho privativa com duche de hidromassagem,
janela panorâmica, salamandra e ainda uma área de estar. Os valores por noite
rondam os 120 euros, de segunda a quinta-feira; já ao fim de semana ultrapassam
os 160 euros.
No sul do país, situado no coração do Algarve, a pouca
distância da cidade de Silves e não muito longe do litoral e da Serra de
Monchique, o Eco-Lodge Brejeira oferece
uma experiência original: dormir numa roulotte
cigana ou numa carrinha de bombeiros, que outrora foi utilizada pelos
bombeiros alemães e que agora foi convertida numa pequena autocaravana.
Apesar do glamping ser
uma alternativa ao campismo tradicional, percebe-se facilmente que não é uma
alternativa propriamente barata. No entanto, dadas as comodidades que os
alojamentos oferecem e que, em parte, são semelhantes às condições oferecidas
pelos hotéis de luxo, acaba por ser uma opção mais económica para quem pretende
uma experiência única!
Francisca
da Silva Fernandes
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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