Como
ocorre noutras cidades com centros históricos, Guimarães durante bastante tempo
esteve consagrado a ser um vulgar património progressivamente despejado do exercício
residencial e da função comercial, ainda que os programas de urbanismo
comercial (PROCOM e URBCOM) tenham alcançado lançar um recente estímulo nos derradeiros
anos. Este procedimento tem sido um fator beneficiante para o centro histórico,
conferindo-lhe uma relevância fundamentalmente patrimonial, concorrendo com alguns
mais recentes “centros” que vão aparecendo nas zonas circunjacentes e que são detentores
de equipamentos e de infraestruturas de grau elevado.
Hoje
em dia, diferentes centros se assumiram como polarizadores dos serviços
comerciais, e igualmente habitacionais, principalmente a seguir à década de
noventa, tal como aconteceu com o centro histórico de Guimarães, que não compõe
o primordial centro funcional da cidade (ex., nas freguesias de Azurém, Costa e
Creixomil).
A
demasia de ruído relacionado com os estabelecimentos de diversão noturna, tal
como a deterioração do parque residencial e o respetivo valor, representam os
principais fatores por detrás desta situação. Similarmente, a conquista
crescente a que se observou, em alguns sítios mais atrativos, dos espaços
residenciais por parte de certos serviços e de atividades comerciais não pode
ser negligenciada no esclarecimento deste resultado, tal como a evidência de que
estes podem criar discórdias com diversos usos resultantes do seu
aproveitamento para efeitos de turismo e de lazer.
Apesar
de Guimarães estar associada a um tipo de turismo de facies cultural, é também assombrada pela sazonalidade, sendo este um
dos grandes problemas do turismo mundial atual. São notórios os picos de
procura nos meses de Verão (principalmente, em Agosto) e as quebras acentuadas
no Inverno (especialmente, em Janeiro e Fevereiro).
Outros
fatores que igualmente patenteiam problemas para o turismo em Guimarães são:
·
O clima, com amplitudes térmicas anuais
significativas devido aos fatores continentalidade e localização;
·
A reduzida visibilidade do “destino
turístico cultural” Guimarães, por carência de um acontecimento sazonal de
grande visibilidade “internacional” que lhe defina a imagem;
·
Constitui um “produto residual” em termos
de estratégia turística nacional;
· A debilidade da organização de apoio à
gestão e promoção turística, em termos de suporte técnico e de meios humanos;
·
Fraca sustentabilidade do plano cultural
que é presenteado e as falhas de programação e de promoção duradouras.
Foi
concedida credibilidade ao trabalho de recuperação do património urbano seguido
pela autarquia local e certa visibilidade potenciadora de turismo e da visita
com motivação cultural através do reconhecimento do património monumental de
Guimarães pela U.N.E.S.C.O., em 2001, com a valorização do seu centro histórico
como Património da Humanidade.
O
turismo em Guimarães opera de maneira a incentivar a recuperação e valorização
do património, material e imaterial, sendo muitas vezes a solução mais consistente
no assunto tendo em perspetiva a angariação de recursos financeiros que possibilitem
conservá-lo.
“A
experiência turística vai para além do olhar do visitante e da estratégia do
vendedor” (Peres, 2008, 146). Esse planeamento e gestão deverão manter presente
que o turismo pode ser uma fonte de questões sociais, económicas, ambientais,
sendo que a melhor forma de prevenir o seu surgimento ou agudização seria um
desenvolvimento da atividade turística de forma convenientemente planeada e
gerida.
A
representação de uma região ou cidade igualmente não se cria de um dia para o
outro e demanda importantes recursos promocionais. Nesta dimensão, ainda há
muito caminho a percorrer, ainda que se tenha feito caminho na direção certa. Uma
excelente elucidação do bastante que ainda falta fazer e fortificar são as fragilidades
reconhecidas em termos de manutenção e estrutura do sítio eletrónico de
promoção turística da cidade, a problemática da prática das línguas nos
materiais promocionais e a consistência e riqueza do plano cultural.
Mara
Vanessa Costa Barros
Bibliografia
Congresso Internacional
Casa Nobre: um Património para o Futuro, 2., 2008, Casa das Artes de Arcos de
Valdevez. Património Cultural e Estratégia de Desenvolvimento Turístico da
Cidade de Guimarães. Universidade do Minho, 2008.
Rodrigues, Bruno Filipe Pereira, Reabilitação De Edifícios Habitacionais Com
Valor Patrimonial – O Caso Do Centro Histórico De Guimarães. 2012. 281f.
Dissertação de Mestrado - Universidade Lusófona do Porto, Porto, 2012.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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