A água é um bem essencial à vida e é um direito humano consagrado pela ONU, sendo um componente indispensável no mundo. Usamo-la todos os dias quando abrimos a torneira da nossa casa, tendo esta um papel multifacetado – serve para a higiene, limpeza, mas a sua maior utilidade é na confeção de alimentos e na sua ingestão direta. Antigamente, era difícil obter alguma confiança na água, mas hoje o novo sistema de abastecimento cria segurança e confiança na água que corre nas nossas casas.
No
entanto, o acesso a este direito
universal está a ficar cada vez mais comprometido devido aos riscos associados às alterações
climáticas, ao controlo da poluição e à proteção da saúde humana e do ambiente.
Em Portugal, a
água que chega às nossas casas começa por ser captada no meio hídrico, seguindo
para as Estações de Tratamento de Água, onde é tornada adequada para consumo. É
armazenada em reservatórios e a partir daí distribuída à população. Depois de
utilizada, é recolhida e novamente tratada para ser devolvida à natureza em
condições ambientalmente seguras.
Embora nos dias de hoje tenhamos acesso a água com
facilidade, nem toda a população tem essa regalia, mesmo sendo uma necessidade
primária. Um dos problemas é que nem todas as pessoas têm acesso ao
abastecimento público de água.
Segundo a Pordata, em 2017, as zonas do país com menor
percentagem de população servida por sistemas de abastecimento de água são o
Alentejo e o Algarve, sendo que o Algarve é a zona mais desfavorecida. Na área Algarvia,
a situação é crítica, pois na localidade de Monchique apenas 57% da população
tem acesso ao abastecimento de água nas suas casas. De seguida, temos Loulé com
73%. Na área do Alentejo Litoral, Odemira tem 73% e no, Baixo Alentejo, Ourique
tem 73% de população servida pelo sistema público de abastecimento de água.
Mas porque é que nem todos têm acesso a água na sua
habitação? Uma das razões é a falta de abrangência das infraestruturas de
abastecimento de água, nomeadamente em aldeias remotas e isoladas.
Interpretando os dados, é possível concluir que as zonas com maior carência de
abastecimento de água são as que têm menos população residente. Algumas destas
regiões apresentam carência de serviços e de população, com poucas
infraestruturas e condições de vida.
A população não abrangida pelo sistema público muitas das
vezes cria furos de captação de águas subterrâneas para as suas habitações, o
que significa que a qualidade da água da torneira está comprometida. Esta
situação é difícil de controlar porque diz respeito a propriedade privada e a
decisão do proprietário em colocar o furo é unicamente do mesmo, mas existem
perigos adjacentes à criação de furos.
Segundo o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge,
os portugueses estão a beber cada vez mais água de poços devido ao aumento das
tarifas, contudo, isto implica um novo problema, sendo que uma parte importante
das águas subterrâneas apresenta riscos para a saúde pública. “Há aquíferos
poluídos, contendo água imprópria para consumo humano", avisa o Instituto,
no estudo a ‘Avaliação da Qualidade de Águas Subterrâneas’.
Sendo que “uma em cada cinco amostras de água
provenientes de poços e furos de particulares, nascentes e minas, apresenta
resultados negativos nos parâmetros que definem a qualidade da água, revela o
trabalho. Em 15,6% das amostras há teores de nitrato acima dos valores
recomendados. A presença deste composto em elevadas concentrações nas águas
representa habitualmente contaminação por fertilizantes minerais ou orgânicos
utilizados na agricultura. As suiniculturas também podem ameaçar a qualidade da
água”.
Postos os dados, é de realçar que a falta de
abastecimento de água em certas regiões e o aumento das tarifas poderá estar a
comprometer a saúde dos utilizadores, dando lugar a doenças renais, gástricas,
urinárias e pulmonares.
Segundo a Associação Portuguesa de Recursos Hídricos, foi
elaborada uma análise à distribuição dos valores de concentração de
nitratos das águas superficiais e subterrâneas no concelho de Esposende na
zona de estudo LEITE (2002), chegando-se à conclusão que as freguesias
Apúlia, Rio Tinto, Fonte Boa, e Gemeses têm valores de concentração de
nitratos superiores ao valor máximo aceitável. Quando se compara este facto com
as conclusões da análise de mortes por milhar de habitantes, conclui-se que
Apúlia e Rio Tinto, sendo duas das freguesias mais contaminadas por nitratos,
têm também dos valores mais elevados de ocorrências de mortes por neoplasia
gástrica e neoplasias da próstata e da bexiga.
Concluindo,
a água é um bem essencial necessário a toda a população no mundo. O facto de
nem toda a população ter acesso a esse direito obriga os portugueses a captar
água através de furos/poços para conseguir sobreviver. Infelizmente, a ingestão
destas águas tem consequências negativas na saúde dos utilizadores, dando lugar
a doenças que podem conduzir à morte do ser humano.
O
sistema de abastecimento de água é muito importante e indispensável para toda a
população, sendo este o meio mais seguro para a saúde dos utilizadores. No
entanto, espera-se que rapidamente todos os portugueses possam ter acesso a
este direito.
Ana Catarina da Mota Barbosa
Bibliografia:
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Urbana”, lecionada ao Mestrado Integrado em Arquitetura, da Escola de Arquitetura/UMinho)
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