O turismo é um fenómeno que afeta a economia, a política, o meio ambiente e a cultura. Além do lazer, o turismo tem um papel social importante na sociedade onde é desenvolvido (MARUJO, 2008). Com uma dimensão global, o turismo tornou-se uma importante parte da economia de diversos países e seu potencial para promover o desenvolvimento económico e sociocultural de diversas regiões fez com que os governos e empresas começassem a pensar num planeamento para melhor desenvolver todas suas potencialidades com menores impactes negativos, principalmente quando pensamos em meio ambiente e sociedade.
Quando observamos a importância do
turismo e como diversas áreas de uma sociedade são afetadas e alteradas, concluímos
que não pode haver um crescimento do turismo sem planeamento. Esse planeamento
deve ser estratégico, integrador, participativo e pluralista, no sentido de
envolver as dimensões sociais, económicas e físicas (GUNN, 1994).
Quando falamos de turismo sustentável, precisamos de um planeamento que visa o desenvolvimento sustentável do turismo para que o futuro não seja comprometido, não podendo haver, por exemplo, uma destruição do meio ambiente ou uma não valorização e falta de incentivo aos produtores locais.
Sachs (1993) afirma que o desenvolvimento sustentável deve ser implementado por uma metodologia de planeamento que seja um espaço de aprendizagem social. Para Sachs, o turismo sustentável tem como base os seguintes princípios:
· Sustentabilidade
social: um processo de desenvolvimento que tenha um padrão estável de
crescimento, com uma redução das diferenças sociais;
· Sustentabilidade
cultural: procurar soluções de âmbito local através das potencialidades das
culturas específicas, levando em consideração a identidade cultural e o modo de
vida local, bem como a participação da população nos processos de decisão e na
formulação de planos de desenvolvimento turístico;
· Sustentabilidade
ecológica: com base na teoria de que o desenvolvimento turístico deve limitar o
consumo dos recursos naturais e provocar poucos danos aos sistemas de
sustentação da vida;
· Sustentabilidade
económica: possibilitar o crescimento económico para as gerações atuais, bem
como o manuseamento responsável dos recursos naturais que deverão ter o papel
de satisfazer as necessidades das gerações futuras;
· Sustentabilidade
espacial: baseada na distribuição geográfica mais equilibrada dos assentamentos
turísticos de forma a evitar exceder a capacidade de carga;
· Sustentabilidade política: baseada na negociação da diversidade de interesses envolvidos em questões fundamentais, que vão do âmbito local ao global.
Quando entendemos a base do turismo sustentável, podemos observar que ele vai muito para além do meio ambiente. Trata-se da necessidade de valorizar e não perder a identidade cultural do local, diminuir as diferenças sociais e fazer dos interesses locais uma prioridade quando as políticas são definidas.
Quando todos esses princípios são atendidos, temos um turismo sustentável que é potencializado, não comprometendo o futuro e com menos impactes negativos na sociedade.
Gabriela Kaori Kuchiama
Referências Bibliográficas
GUNN, C. Emergence of effective tourism planning and development. In: SEATON, A. (Ed.) Tourism: the state of the art. Chichester: Wiley, 1994.
MARUJO, M. N.; CARVALHO, P. Turismo, planeamento e desenvolvimento sustentável. Turismo & Sociedade, Curitiba, v. 3, n. 2, p. 147-161, outubro de 2010
MARUJO, M. Turismo e comunicação. Castelo Branco: RVJeditores, 2008
SACHS,
I. Estratégias de transição para o Século XXI. In: BURSZTYN, M. (Org.). Para
Pensar o Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Brasiliense, 1993.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2020/2021)
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