segunda-feira, abril 19, 2021

O impacte geográfico na economia do centro histórico

       Desde sempre as cidades são o resultado de uma sociedade que fisicamente as construiu e embutiu de tradições e costumes num determinado tempo, tornando-se num ponto de referência para a população. Após a sua implantação, esta evolui de acordo com a comunidade, deixando marcas visíveis da sua história e, consequentemente, zonas onde a evolução urbana é aparente, sendo estas centros históricos.

          O centro histórico de uma cidade é um pulmão económico onde parte das transações monetárias acontecem, sejam elas em serviços ou aproveitando a sua componente monumental, com o turismo. Esta serve não só como ponto de atração turística mas também como mote para a compreensão urbana da cidade. Desde o seu traçado à sua composição espacial, este é desenvolvido através da sua base pré-existente, dando ênfase aos eixos que consolidam os movimentos da zona envelhecida.

          O seu impacte económico acontece, maioritariamente, através do seu poder de atração sobre a população e turistas, sendo o transporte e a sua localização fatores importantes para a sua evolução económica. Como podemos observar em inúmeros exemplos em Portugal, como Braga ou Guimarães, o transporte público tem um papel crucial na movimentação populacional. Sejam linhas rodoviárias ou ferroviárias, estas ligam a periferia da cidade ao centro histórico, de modo a criar uma linha direta entre os principais pontos de comunicação (cidades adjacentes ou aeroporto).

          Estas ligações de transportes estão intrinsecamente ligadas à sua posição geográfica no país. O seu impacte económico acontece através da sua comunicação com o exterior, de modo a criar relações periféricas e movimentos turísticos. Caso não haja diálogo com as imediações, o centro histórico não sofre alterações aparentes, usando este como centro de serviços, estando a população mais concentrada neste. Quanto maior a distância às ligações rodoviárias e ferroviárias mais encontramos uma tendência de reaproveitamento do centro histórico, onde as construções, aparentemente antigas, são reusadas e reaproveitadas de modo a acolher o programa que acompanha a população que o habita, ao contrário dos centros históricos mais permeáveis, onde a sua expansão periférica e a recolocação dos serviços tornam o centro histórico num ponto maioritariamente turístico e de restauração.

          A evolução económica de um centro histórico está intrinsecamente ligada ao diálogo com a atmosfera envolvente. Desde o seu programa à sua trama urbana, estas são delimitadas pela localização geográfica e, consequentemente, dos acessos de transporte presentes, sejam estes rodoviários ou ferroviários.

 

João Leite

REFERENCIA BIBLIOGRAFICA:

https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/3862/8/igotul000916_tm_3.pdf

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Urbana”, lecionada ao Mestrado Integrado em Arquitetura, da Escola de Arquitetura/UMinho)

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