Desde sempre as cidades são o resultado de uma sociedade que fisicamente as construiu e embutiu de tradições e costumes num determinado tempo, tornando-se num ponto de referência para a população. Após a sua implantação, esta evolui de acordo com a comunidade, deixando marcas visíveis da sua história e, consequentemente, zonas onde a evolução urbana é aparente, sendo estas centros históricos.
O centro histórico de uma cidade é um pulmão económico onde
parte das transações monetárias acontecem, sejam elas em serviços ou
aproveitando a sua componente monumental, com o turismo. Esta serve não só como
ponto de atração turística mas também como mote para a compreensão urbana da
cidade. Desde o seu traçado à sua composição espacial, este é desenvolvido
através da sua base pré-existente, dando ênfase aos eixos que consolidam os
movimentos da zona envelhecida.
O seu impacte económico acontece, maioritariamente, através
do seu poder de atração sobre a população e turistas, sendo o transporte e a
sua localização fatores importantes para a sua evolução económica. Como podemos
observar em inúmeros exemplos em Portugal, como Braga ou Guimarães, o
transporte público tem um papel crucial na movimentação populacional. Sejam
linhas rodoviárias ou ferroviárias, estas ligam a periferia da cidade ao centro
histórico, de modo a criar uma linha direta entre os principais pontos de
comunicação (cidades adjacentes ou aeroporto).
Estas ligações de transportes estão intrinsecamente ligadas
à sua posição geográfica no país. O seu impacte económico acontece através da
sua comunicação com o exterior, de modo a criar relações periféricas e
movimentos turísticos. Caso não haja diálogo com as imediações, o centro
histórico não sofre alterações aparentes, usando este como centro de serviços,
estando a população mais concentrada neste. Quanto maior a distância às ligações
rodoviárias e ferroviárias mais encontramos uma tendência de reaproveitamento do
centro histórico, onde as construções, aparentemente antigas, são reusadas e
reaproveitadas de modo a acolher o programa que acompanha a população que o
habita, ao contrário dos centros históricos mais permeáveis, onde a sua
expansão periférica e a recolocação dos serviços tornam o centro histórico num
ponto maioritariamente turístico e de restauração.
A evolução económica de um centro histórico está
intrinsecamente ligada ao diálogo com a atmosfera envolvente. Desde o seu
programa à sua trama urbana, estas são delimitadas pela localização geográfica
e, consequentemente, dos acessos de transporte presentes, sejam estes
rodoviários ou ferroviários.
João Leite
REFERENCIA BIBLIOGRAFICA:
https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/3862/8/igotul000916_tm_3.pdf
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Urbana”, lecionada ao Mestrado Integrado em Arquitetura, da Escola de Arquitetura/UMinho)
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