O turismo ocupa uma fatia fundamental da economia portuguesa. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), entre os seus 36 países-membros, Portugal é dos que apresenta maior percentagem do PIB resultante do setor do Turismo (12,5% em 2016). Dentro deste contexto, Guimarães é das cidades mais protagonistas destas estatísticas, pelo turismo que atrai, e por aquilo que representa culturalmente.
Depois
de Capital Europeia da cultura em 2012 e Capital Europeia do Desporto em 2013,
Guimarães assumia o seu lugar de destaque na Europa como uma das cidades historicamente
mais interessantes que se podem encontrar. Ninguém que conheça minimamente o
berço da Nação portuguesa consegue negar as suas infindáveis belezas e
qualidades que sustentam a sua imagem lá fora.
Por isso, o repto estava lançado. O número de
turistas aumentava exponencialmente e, segundo os resultados estatísticos do primeiro trimestre de 2019, o número de
visitantes aos postos de turismo da cidade
era de 10.398, confirmando a tendência de crescimento que se verificava desde
2017, atingindo valores apenas superados pelo ano de 2012 - Capital Europeia da
Cultura. Comparativamente com o período homólogo dos dois anos anteriores, o
primeiro trimestre de 2019 revelava uma subida na afluência de visitantes
superior a 79%, face a 2017, e de 9%, em relação ao ano transato.
O reforço da importância
turística em Guimarães em muito se deveu à dimensão cultural e ao Património
Histórico, como comprovam os dados referentes à visitação dos principais
monumentos da cidade, como o Castelo de Guimarães e o Paço dos Duques de
Bragança, assim como de espaços museológicos, como o Museu Alberto Sampaio, o
Centro Internacional das Artes José de Guimarães e a Casa da Memória. Este
indicador registava o maior número de sempre, com mais de 140 mil visitas aos
principais monumentos e museus, ou seja, mais 10% de visitantes face ao ano
transato, uma subida de 37% comparativamente a 2017 e a duplicação do número de
visitantes face a 2016.
A confiança de Guimarães, enquanto exemplo a
seguir, pelo que acumulava ao nível de capital de prestígio, credibilidade e
notoriedade, tornava-a num concelho pioneiro em
vários domínios e um dos que mais consistentemente investia numa visão
diferenciada. Isso fazia-a candidatar-se a Capital Verde da Europa, em
2020. Acabaria por ficar no honroso 5º lugar, perdendo para Lisboa um título criado para reconhecer e atribuir mérito às
cidades que apresentem um registo consistente de procura dos mais elevados
padrões ambientais, encorajar as cidades a comprometerem-se com metas
ambientais ambiciosas e a divulgar modelos e práticas que sirvam de referência
para outras cidades. Conseguiu uma classificação bastante positiva no cômputo
geral, ainda mais por ter sido o 1º ano que a cidade se apresentava a concurso.
Depois do resultado, o Presidente da Câmara, Domingos Bragança, admitia: “O
objetivo passa agora por prosseguir o caminho com um plano de desenvolvimento
sustentável que aprofunde o trabalho já realizado para renovar a candidatura a
médio prazo”, inclusivamente, como horizonte, o ano de 2030 (como regra, as
candidaturas submetidas no ano “N” são avaliadas e selecionadas no ano “N+1”,
sendo que a vencedora ostenta o título de Capital Verde Europeia no ano “N+3”).
Mas depois de Capital Verde,
o que poderás ser mais, Guimarães? Talvez se prepare uma possível candidatura à
Capital Europeia da Juventude de 2032, ou até uma candidatura à Capital
Europeia do Natal para o inverno de 2034. Condições há, pois é aquele tipo de
cidade com potencial para ser e ganhar aquilo que quiser.
Diogo Nuno Mesquita
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2020/2021)
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