domingo, abril 18, 2021

Guimarães – a Superpotência das Capitais Europeias

            O turismo ocupa uma fatia fundamental da economia portuguesa. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), entre os seus 36 países-membros, Portugal é dos que apresenta maior percentagem do PIB resultante do setor do Turismo (12,5% em 2016). Dentro deste contexto, Guimarães é das cidades mais protagonistas destas estatísticas, pelo turismo que atrai, e por aquilo que representa culturalmente.

          Depois de Capital Europeia da cultura em 2012 e Capital Europeia do Desporto em 2013, Guimarães assumia o seu lugar de destaque na Europa como uma das cidades historicamente mais interessantes que se podem encontrar. Ninguém que conheça minimamente o berço da Nação portuguesa consegue negar as suas infindáveis belezas e qualidades que sustentam a sua imagem lá fora.

Por isso, o repto estava lançado. O número de turistas aumentava exponencialmente e, segundo os resultados estatísticos do primeiro trimestre de 2019, o número de visitantes  aos postos de turismo da cidade era de 10.398, confirmando a tendência de crescimento que se verificava desde 2017, atingindo valores apenas superados pelo ano de 2012 - Capital Europeia da Cultura. Comparativamente com o período homólogo dos dois anos anteriores, o primeiro trimestre de 2019 revelava uma subida na afluência de visitantes superior a 79%, face a 2017, e de 9%, em relação ao ano transato.

O reforço da importância turística em Guimarães em muito se deveu à dimensão cultural e ao Património Histórico, como comprovam os dados referentes à visitação dos principais monumentos da cidade, como o Castelo de Guimarães e o Paço dos Duques de Bragança, assim como de espaços museológicos, como o Museu Alberto Sampaio, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães e a Casa da Memória. Este indicador registava o maior número de sempre, com mais de 140 mil visitas aos principais monumentos e museus, ou seja, mais 10% de visitantes face ao ano transato, uma subida de 37% comparativamente a 2017 e a duplicação do número de visitantes face a 2016.

A confiança de Guimarães, enquanto exemplo a seguir, pelo que acumulava ao nível de capital de prestígio, credibilidade e notoriedade, tornava-a num concelho pioneiro em vários domínios e um dos que mais consistentemente investia numa visão diferenciada. Isso fazia-a candidatar-se a Capital Verde da Europa, em 2020. Acabaria por ficar no honroso 5º lugar, perdendo para Lisboa um título criado para reconhecer e atribuir mérito às cidades que apresentem um registo consistente de procura dos mais elevados padrões ambientais, encorajar as cidades a comprometerem-se com metas ambientais ambiciosas e a divulgar modelos e práticas que sirvam de referência para outras cidades. Conseguiu uma classificação bastante positiva no cômputo geral, ainda mais por ter sido o 1º ano que a cidade se apresentava a concurso.

Depois do resultado, o Presidente da Câmara, Domingos Bragança, admitia: “O objetivo passa agora por prosseguir o caminho com um plano de desenvolvimento sustentável que aprofunde o trabalho já realizado para renovar a candidatura a médio prazo”, inclusivamente, como horizonte, o ano de 2030 (como regra, as candidaturas submetidas no ano “N” são avaliadas e selecionadas no ano “N+1”, sendo que a vencedora ostenta o título de Capital Verde Europeia no ano “N+3”).

Mas depois de Capital Verde, o que poderás ser mais, Guimarães? Talvez se prepare uma possível candidatura à Capital Europeia da Juventude de 2032, ou até uma candidatura à Capital Europeia do Natal para o inverno de 2034. Condições há, pois é aquele tipo de cidade com potencial para ser e ganhar aquilo que quiser.

 

Diogo Nuno Mesquita

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2020/2021)

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