quarta-feira, abril 21, 2021

Guimarães como Capital Europeia da Cultura

    A União Europeia mantém, desde 1985, uma manifestação cultural denominada por “Capital Europeia da Cultura”. Este programa pretende destacar a grande diversidade cultural europeia, sem deixar de lado os seus valores.

   Todos os anos são selecionadas uma ou mais cidades como capitais culturais da Europa que poderão beneficiar de apoio concedido no âmbito do Programa da Cultura.  Na apresentação da candidatura ao título, é essencial estarem bem definidos quais os objetivos a atingir, que mudam de cidade para cidade; um exemplo destes objetivos é a criação de novas infraestruturas.

   Quando uma cidade é escolhida, esta tem a oportunidade de mostrar à Europa, pelo período de um ano, os seus costumes e o seu desenvolvimento cultural, de maneira a permitir um melhor conhecimento mútuo entre os cidadãos da União Europeia, bem como de outros países não pertencentes à mesma.

    Esta redação foca-se na cidade de Guimarães e tem como intuito perceber como esta se tornou capital europeia da cultura, qual foi a sua preparação, as intervenções que foram necessárias realizar, e que recursos é que esta possuía para lhe ter sido atribuído tal título, etc.

 A preparação de Guimarães para a Capital Europeia da Cultura começou em 2006, quando a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, anunciou que a cidade tinha sido eleita para este título, no ano de 2012.

   No que toca à candidatura ao evento, deve ser primeiramente elaborado um programa que valorize a cultura e o património da cidade. De seguida, a Comissão Europeia convoca um júri que analisa as candidaturas apresentadas e, mediante os seus objetivos e caraterísticas, realiza um relatório que será posteriormente entregue aos membros responsáveis pelo projeto. Após a seleção, a União Europeia apoia financeiramente o projeto. De acordo com o Jornal Oficial da União Europeia (2005), o programa deverá incluir os seguintes pontos:

1.    Promover manifestações/criações artísticas que se associem a agentes culturais de outras cidades e dos estados-membros;

2.    Assegurar a participação da população no projeto;

3.    Assegurar o acolhimento de cidadãos da União Europeia e garantir a divulgação através dos meios de comunicação social;

4.     Promover o diálogo entre as culturas da Europa e as outras culturas do mundo;

5.     Valorizar o património histórico e a arquitetura urbana e a qualidade de vida na cidade.

   A candidatura da cidade de Guimarães foi então submetida em outubro de 2006 e ficou concluída apenas em maio de 2009. Para a implementação do seu programa foi criada a Fundação Cidade de Guimarães, que foi um fracasso, acabando a sua primeira presidente por sair em rutura com a estrutura depois das críticas das associações da cidade, que achavam que estavam a ser postas de lado.

   Criou-se então o projeto “Tu fazes parte”, que se baseou em três objetivos indispensáveis: envolver a comunidade no evento, transformar Guimarães numa economia competitiva e proporcionar experiências culturais e criativas. Este projeto conseguiu unir a cidade, as associações cívicas, as instituições e a população à volta do projeto, fazendo com que este se tornasse um êxito. 

     No que toca à programação cultural do evento, esta baseou-se em quatro áreas distintas, cada uma com objetivos diferentes:

·      
Comunidade            Integrar a comunidade no projeto;

·      
Cidade              Criação e valorização dos recursos territoriais;

·      
Pensamento          Reflexão sobre temas da atualidade;

·      
Arte           Promoção de consumidores críticos e participativos.

 

   Já nos investimentos, Guimarães gastou um total de 41 milhões de euros para a criação, renovação e requalificação de inúmeros edifícios e infraestruturas, que trouxeram à cidade novos símbolos únicos. Nasceu a Plataforma das Artes e a Casa da Memória, deu-se a reabilitação do Campo de São Mamede, do Largo do Carmo, do Largo do Toural, da Alameda e da Rua de Santo António; instalou-se o Instituto de Design em Couros, que permitiu o trabalho conjunto de designers, empresas e investigadores, bem como a requalificação desta zona.

   Depois de realizadas todas estas mudanças, o turismo e o comércio foram as áreas mais beneficiadas, tendo-se dado um crescimento exponencial das dormidas na cidade, que aumentaram 43%. Nasceram lojas e negócios e foram criados mais de 2.100 empregos.

   A inauguração da CEC Guimarães 2012 deu-se em 21 de janeiro de 2012 e o seu encerramento a 23 de dezembro. Durante este ano, foram realizadas inúmeras atividades nas áreas da música, teatro, dança, arquitetura, cinema, fotografia, etc., que mudaram a cidade, tornando-a mais rica em vários aspetos e lançando-a internacionalmente.

   A nomeação de Guimarães como Capital Europeia da Cultura veio trazer à mesma impactes positivos a curto e longo prazos, como o desenvolvimento cultural, o aumento do emprego e do turismo, benefícios nos espaços culturais, melhoria da imagem da cidade (por residentes e não residentes), entre outros.

   Com isto, é possível afirmar que as Capitais Europeias da Cultura assumem um papel significativo no desenvolvimento das cidades, dado o investimento proporcionado nesse âmbito. As cidades eleitas beneficiam não apenas a nível económico como também no ponto de vista social, cultural e ambiental, sendo importante que Portugal volte a concorrer com uma das muitas cidades maravilhosas que possui, de maneira a desenvolvê-la e projetá-la internacionalmente.

 

Sofia Marques

Referências Bibliográficas

Capital da Cultura 2012 fez de Guimarães um "oásis" em época de crise. (2020). Cultura ao Minuto. Obtido de https://www.noticiasaominuto.com/cultura/1403154/capital-da-cultura-2012-fez-de-guimaraes-um-oasis-em-epoca-de-crise

Ferreira, C. (2018/2019). IMPACTO A LONGO PRAZO DE GUIMARÃES CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA - A PERCEÇÃO DOS RESIDENTES.

Lusa, A. (2012). Guimarães 2012. UM ANO PARA REDESCOBRIR A CIDADE, CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA. Obtido de https://guimaraes2012.blogs.sapo.pt/

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