O turismo reflete as alterações que acompanham o processo de crescimento de uma sociedade, portanto à medida que o tempo passa espera-se uma evolução positiva destas alterações. Contudo, essas mudanças não estão a ser refletidas como era espectável. Neste artigo, vai ser abordado um tema pouco explorado e infelizmente, pouco falado, designado por turismo sexual.
Para
a economia social e para o turismo, este tema é extremamente pertinente e remete
para outros problemas socioeconómicos enraizados, como patriarcado, machismo,
capitalismo, entre outros. Lamentavelmente, as mulheres constituem a grande
maioria das vítimas deste “comércio” e desde sempre que a sua beleza e fisionomia
foi vista como um produto que pode ser vendido e variar de preço conforme as
alterações dos mercados.
A
Organização Mundial do Turismo (OMT) define o turismo sexual como "viagens
organizadas dentro do seio do setor turístico ou fora dele, utilizando as suas
estruturas e redes, com a intenção primária de estabelecer contactos sexuais
com os residentes do destino", um turismo onde "o motivo principal de
pelo menos uma parte da viagem é o de se envolver em relações sexuais, normalmente
de natureza comercial".
Os grandes
destinos do turismo
sexual encontram-se em todos os continentes,
mas a Ásia é a pioneira e principal foco deste tipo de turismo, nomeadamente a Tailândia e o Sri Lanka.
A prostituição começou por se tornar um fenómeno turístico neste continente,
principalmente após a Guerra da Coreia e do Vietname, onde havia tropas
americanas estabelecidas. Estas tropas criaram centros de prostituição/bordéis
e durante a II Guerra Mundial houve inúmeras mulheres coreanas usadas como “mulheres
de conforto”. Consequencialmente, após a guerra estas mulheres dedicaram-se ao
comércio sexual após serem abandonadas. Neste momento,
o Japão é conhecido como o maior importador de mulheres.
Na
Europa, a prática de turismo sexual está
bastante ligada à pedofilia,
e turismo homossexual, com maior foco na Bélgica, Holanda e Reino Unido. Em Portugal,
está concentrado nas grandes cidades,
como Lisboa, Coimbra e Porto, e no
tão famoso Algarve.
Estas mulheres quando são abandonadas pelos maridos são descartadas
socialmente e não têm outra opção para além da prostituição. Na maior parte dos países onde este
fenómeno ocorre, a prostituição é proibida, mas a legislação referente a este
aspeto normalmente não é cumprida ou é insuficiente, logo, o turismo sexual
"democratizou-se" ao longo das últimas décadas do século XX,
realçando-se na Europa Ocidental, onde a exploração sexual aproveita-se da
infraestrutura turística convencional. A
prostituição é mais comum em sociedades onde não existem grandes alternativas
industriais e a forma de fazer dinheiro
passa por terem que vender o
próprio corpo.
Uma
das maiores consequências do turismo sexual e da prostituição inerente é a
transmissão da SIDA, que não só afeta as vítimas destes atos, como contribui
para a respetiva proliferação mundial.
Em termos de conclusão, existe um provérbio tailandês que
circula na rua de comércio do sexo – Patpong, que nos pode mostrar a
dimensão deplorável e desumana das condições de vida destas mulheres: “ Aos 10 anos és uma jovem adulta, aos 20 uma senhora
de idade e aos
30 estás morta”.
Patrícia Pinto
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2020/2021)
Sem comentários:
Enviar um comentário