A Feira Internacional do Chocolate acontece em Óbidos desde 2002, por volta de novembro. Não é muito tempo a nível de comparação com outros eventos desta envergadura, contudo é o tempo suficiente para atrair pessoas de vários cantos do mundo para a pequena terra de Óbidos, em Portugal. Sem dúvida que este evento estimula não só o paladar mas, também, a movimentação turística no nosso país.
A
feira é composta por um conjunto de acontecimentos envolvidos no próprio
chocolate. É o sonho para qualquer amante de chocolate, o verdadeiro parque
atrativo, com atividades diversas para todas as idades e gostos.
Dentro
das atividades que decorrem na feira estão os workshops e cursos para quem deseja aprender mais sobre as técnicas
e truques do processo de criação do chocolate, atividades e momentos lúdicos
para crianças, peças escultóricas feitas em… chocolate, concursos, entre
outros. Tudo isto e mais algumas divertidas atividades, criam uma atmosfera
envolvente, e deixa um aroma doce no ar. No passado ano, contudo, o aroma doce
ficou mesmo apenas no ar, e não se fez sentir de forma “viva”.
Acontece
que no ano passado de 2020, a esperada feira do chocolate teve já de ser adiada
para este ano de 2021, todavia, como o clima de instabilidade e insegurança
pairava sobre o pensamento coletivo da população em geral, alteraram-se os
meios. Em 2021, acontece pela primeira vez, como em muitas outras situações que
envolvem convívio e aglomeração de pessoas, a feira de chocolate de Óbidos pela
plataforma online.
Nesse
contexto, surgem muitas perguntas e ideias. Será que dá certo? Será que vale a
pena investir mais tempo em frente ao ecrã? Será que satisfaz da mesma maneira?
E o convívio como irá acontecer?
Sem
dúvida que muitas questões pertinentes são colocadas e que nos fazem pensar,
mas porque nos damos ao trabalho de realizar algo tão prazeroso: o convívio, em
algo tão habitual. Obviamente que ficar em frente ao ecrã por vários períodos
de tempo, para além de não ser saudável fisicamente, não é nada convidativo
mentalmente. No fundo, estão a convidar-nos para fugir à rotina da mesma forma
que vivenciamos a rotina: sentados em frente ao ecrã, com uma dose extra de
conforto… uma manta e um sofá ao dispor.
Muitas
pessoas acreditam que não vale tanto a pena realizar estes convívios online, dizem que não é a mesma coisa
nem nunca irá ser, pois as pessoas querem ir a este tipo de feiras para
conviver e tal não é possível via online.
Outras questionam-se de como será possível realizar uma feira ligada ao sentido
do paladar sendo que não há o que provar? Compreendo todos estes
questionamentos e dúvidas, pois à primeira vista é impeditivo. Contudo, acho heroico
e até louvável criarem esta alternativa. É a solução mais adequada dado a
situação que vivemos. É o pilar que restaura e não faz com que não se perda no
esquecimento das pessoas. Apesar de ser vivido de outra forma, acredito, assim
como muitos, ser um meio para alcançar a população, e para fazer lembrar e
acontecer a feira.
Dentro
desta alternativa, o que se vai passar de facto nas sessões online é uma passagem de saberes através
desta nova plataforma, com o intuito de formar e informar acerca do delicioso
tema: Chocolate, de forma extra didática. Só a tentativa de se fazerem ouvir e
não deixarem passar ao lado a feira, e de manterem tudo isto numa via segura
para todos, já é sinal de esperança.
Márcia
Sousa Silva
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho)
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