Os centros históricos têm
sido alvo de alterações no âmbito da sua definição, sendo que a última revisão
foi feita por Fernandes, em 2011. Os centros foram sempre interpretados por
núcleos de acessos, preço de terrenos com mais ramos de serviços e com maior
variedade de atividades, tornando-se um ponto de encontro, onde as potências
comerciais usufruem da sua localização para benefício financeiro.
O centro, enquanto
história, representa o atlas da cidade. Um arquivo que permite representar melhor
o modo de interagir entre mercados, onde as estruturas representam a base da
sua economia, e a economia é mediada pela sua estrutura viária e acessos.
O significado de “centro
histórico” tem sido determinado por várias vertentes profissionais, desde a arquitetura,
antropologia, história, sociologia, à geografia, etc. Por vezes, o léxico “centro
histórico” não representa diretamente a centralidade nem a historicidade da
cidade. Assim, podemos considerar que os ditos “centros com histórica” são um vínculo
para gerar maior economia e impulsionar a “fantasia” instaurada pela propaganda
efetuada.
No planeamento das
cidades, os gregos articulavam as zonas segundo as suas vias, interligando a
aérea privada, a sagrada e a pública, sendo a cidade como um todo e o meio
ambiente natural integrador de todo o organismo. No entanto, a cidade passa por
um processo evolutivo, por isso, se ao longo do tempo se alcançar e ultrapassar
o limiar de crescimento, forma-se uma nova cidade considerada como Estado.
Deste modo,
compreendemos, pela antiguidade clássica, que a estrutura cuidada é a formalização
da malha da cidade em comunhão com a sua economia. A sua organização revela a
aérea de afeto comercial, religioso e civil que contagia cidades da sua
envolvência, adotando modelos semelhantes, replicando maneiras e modelos
concebidos.
A cidade de Guimarães, na
sua integra, concentra planeamentos de vanguardas variadas, desde cidade
renascentista, pelo modo como as aéreas de praça se disseminam ao longo da sua
extensão enquanto centro histórico, e também de uma vertente medieval, que
organiza todas as obras, como o castelo. Porém, este símbolo é visto como um
marco de uma época que não é reminiscente, deste modo, a mesma maneira com que
a centralidade do centro e “berço” de Portugal passa por uma fábula criada para
a sua glorificação, o mesmo acontece com a individualidade da obra da Penha, em
que a misticidade criada vai para além do tempo para que se remete.
Um dos fatores que beneficiam
a cidade de Guimarães, na sua absorção de capital pelos seus visitantes, derivam
da criação de praças amplas e retilíneas, não só permitindo o maior fluxo sobre
o seu centro, como também relacionar essas praças a ruelas que interligam o
todo criando subdivisões sobre a economia local, originando pequenas empresas
de origem regional que impulsionam a atração pela cultura do local.
A ambição de descolagem
dos centros da cidade para agilizar os centros permitiu com que as suas
periferias despertassem a evolução da vida moderna e diminuir o fluxo de permanência
nos centros, fazendo com que estes fossem vistos apenas de visita, retirando o
modo de viver das pessoas locais e removendo os modos de vida tradicionais.
A preocupação do centro da
cidade foi, nos dias de hoje, uma questão que pertencia ao património e que
deveria ser demolido pela sua falta de monumentalidade. Assim, a cidade foi
interpretada por zonas, da mesma maneira que na antiguidade clássica era
pensada. As áreas que constituem alinhamentos dos traços mais elementares da
cidade, dependentes das zonas, constituem uma maior “proteção” imóvel.
As estruturas viárias representam
o fluxo automóvel no interior das cidades, prevalecendo o acesso turístico ao
seu núcleo. Inicialmente, as estradas eram pensadas para a circulação pedonal, no
entanto, com a evolução mecânica e tecnológica, a adaptação destas vias foi
repensada para que prevalecesse o maior pragmatismo de acessibilidade, ou seja,
o fluxo viário está diretamente relacionado com o desenvolvimento económico.
Assim, o turismo veio
afirmar a identidade do tecido das cidades, consolidando o seu valor económico
perante o seu património, sendo o reconhecimento do valor histórico de cada um
relevador da importância regional conferida pelos seus habitantes, orientado os
seus visitantes por hierarquias de importância turística.
Vasco Mendes
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Urbana”, lecionada ao Mestrado Integrado em Arquitetura, da Escola de Arquitetura/UMinho)
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