segunda-feira, março 19, 2018

As disparidades entre os Municípios de Amares e de Braga

     Portugal, apesar de ter uma dimensão pequena, ainda apresenta várias desigualdades acentuados ao longo do território. Estas disparidades são refletidas tanto a nível económico, como a nível social e de meios de transportes. Muitas vezes pensamos que as disparidades só existem no interior. Mas acontecem disparidades entre Braga e o Município de Amares. Muitas das vezes, para as áreas mais rurais só existem meios de transporte de hora em hora nos períodos escolares. Quando as crianças se encontram de férias o tempo de espera já é mais longo.
         Embora o Município de Amares fique afastado mais ou menos 30 Km de Braga, considerando a última freguesia que é Bouro Santa-Maria, as áreas são predominantemente rurais e a população mais envelhecida encontra-se depois da Vila de Amares. Esta população mantém níveis de analfabetismo muito elevados e não tem acesso ao serviço médico nem uma vez por semana nas suas freguesias. A farmácia mais perto é em Amares. O centro de saúde de Amares não consegue acolher todos os utentes, principalmente durante o inverno, mandando-os assim para o hospital central. Muitas das vezes, estes mesmos idosos não têm meios de transportes diretos ao hospital e optam para ir outra vez para casa doentes.
         Os motivos que levaram a maior parte dos jovens a sair destas aldeias, muitas das vezes, é por estas ficarem longe dos bens essenciais. As crianças também têm que se deslocar para Centro Escolar de Amares. Muitas das vezes, estes jovens emigram para outros países à procura de uma vida melhor ou, alternativamente, mudam-se para Braga.
         No Município de Amares também não se encontram muitas ofertas de emprego. Devido à crise, muitas empresas fecharam. Uma das maiores empregadoras de construção civil, os Eusébios, em Amares, foi a falência com a crise.
         Para não ter uma discrepância tão grande entre o Município de Amares e o de Braga seria necessário criar meios de transportes que levassem a população mais envelhecida às consultas nos hospitais, diretamente, dar incentivos às empresas para se localizar neste Município e dar prioridade aos residentes do município nas ofertas de trabalho quando estas se encontrassem no próprio município.
        Amares também poderia viver muito do seu turismo, já que apresenta patrimónios histórico, cultural e paisagístico muito valiosos. Temos uma Aldeia de Portugal, chamada Urjal, onde temos muitos moinhos e azenhas. Temos também vários produtos típicos de Amares em termos gastronómicos e vinhateiros aos quais poderíamos fazer várias visitas guiadas durante todo o ano. Poderíamos dar mais vitalidade à população envelhecida usando o know-how desta população para ensinar os mais jovens a valorizar a cultura de Amares.
         Amares, se fosse bem planeado em termos turísticos, gastronomia, festividades, poderia fixar mais jovens e trazer outras pessoas para se fixarem. Para tanto, importaria não fazer isto de período sazonal, mas ao longo de todo o ano. Importaria dar uma maior vitalidade a este município e dar melhores condições de vida aos nossos idosos, os quais se encontram afastados de quase tudo.

Maria da Conceição Veloso Cerdeira

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia e Política Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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