A União Europeia mantém, desde 1985,
uma manifestação cultural denominada por “Capital Europeia da Cultura”. Este
programa pretende destacar a grande diversidade cultural europeia, sem deixar
de lado os seus valores.
Todos os anos são selecionadas uma ou mais cidades como capitais
culturais da Europa que poderão beneficiar de apoio concedido no âmbito do
Programa da Cultura. Na apresentação da
candidatura ao título, é essencial estarem bem definidos quais os objetivos a
atingir, que mudam de cidade para cidade; um exemplo destes objetivos é a
criação de novas infraestruturas.
Quando uma cidade é escolhida, esta tem a oportunidade de mostrar à
Europa, pelo período de um ano, os seus costumes e o seu desenvolvimento
cultural, de maneira a permitir um melhor conhecimento mútuo entre os cidadãos
da União Europeia, bem como de outros países não pertencentes à mesma.
Esta redação foca-se na cidade de Guimarães e tem como intuito perceber
como esta se tornou capital europeia da cultura, qual foi a sua preparação, as
intervenções que foram necessárias realizar, e que recursos é que esta possuía
para lhe ter sido atribuído tal título, etc.
A preparação de Guimarães para a Capital
Europeia da Cultura começou em 2006, quando a ministra da Cultura, Isabel Pires
de Lima, anunciou que a cidade tinha sido eleita para este título, no ano de
2012.
No que toca à candidatura ao evento, deve ser primeiramente elaborado um
programa que valorize a cultura e o património da cidade. De seguida, a Comissão
Europeia convoca um júri que analisa as candidaturas apresentadas e, mediante
os seus objetivos e caraterísticas, realiza um relatório que será
posteriormente entregue aos membros responsáveis pelo projeto. Após a seleção,
a União Europeia apoia financeiramente o projeto. De acordo com o Jornal
Oficial da União Europeia (2005), o programa deverá incluir os seguintes
pontos:
1. Promover manifestações/criações
artísticas que se associem a agentes culturais de outras cidades e dos
estados-membros;
2. Assegurar a participação da população
no projeto;
3. Assegurar o acolhimento de cidadãos
da União Europeia e garantir a divulgação através dos meios de comunicação
social;
4. Promover o diálogo entre as culturas da Europa
e as outras culturas do mundo;
5. Valorizar o património histórico e a
arquitetura urbana e a qualidade de vida na cidade.
A
candidatura da cidade de Guimarães foi então submetida em outubro de 2006 e
ficou concluída apenas em maio de 2009. Para a implementação do seu programa
foi criada a Fundação Cidade de Guimarães, que foi um fracasso, acabando a sua primeira presidente por
sair em rutura com a estrutura depois das críticas das associações da
cidade, que achavam que estavam a ser postas de lado.
Criou-se então o projeto “Tu fazes parte”, que se baseou em três
objetivos indispensáveis: envolver a comunidade no evento, transformar Guimarães
numa economia competitiva e proporcionar experiências culturais e criativas.
Este projeto conseguiu unir a cidade, as associações cívicas, as instituições e
a população à volta do projeto, fazendo com que este se tornasse um êxito.
No que toca à programação
cultural do evento, esta baseou-se em quatro áreas distintas, cada uma com
objetivos diferentes:
·
Comunidade Integrar a comunidade no projeto;
·
Cidade Criação e valorização dos
recursos territoriais;
·
Pensamento Reflexão sobre temas da atualidade;
·
Arte Promoção de consumidores críticos e
participativos.
Já nos investimentos, Guimarães gastou um
total de 41 milhões de euros para a criação, renovação e requalificação de
inúmeros edifícios e infraestruturas, que trouxeram à cidade novos símbolos
únicos. Nasceu a Plataforma das Artes e a Casa da Memória, deu-se a
reabilitação do Campo de São Mamede, do Largo do Carmo, do Largo do Toural, da
Alameda e da Rua de Santo António; instalou-se o Instituto de Design em Couros, que permitiu o
trabalho conjunto de designers,
empresas e investigadores, bem como a requalificação desta zona.
Depois de realizadas todas estas mudanças, o
turismo e o comércio foram as áreas mais beneficiadas, tendo-se dado um
crescimento exponencial das dormidas na cidade, que aumentaram 43%. Nasceram
lojas e negócios e foram criados mais de 2.100 empregos.
A inauguração da CEC Guimarães 2012 deu-se
em 21 de janeiro de 2012 e o seu encerramento a 23 de dezembro. Durante este
ano, foram realizadas inúmeras atividades nas áreas da música, teatro, dança,
arquitetura, cinema, fotografia, etc., que mudaram a cidade, tornando-a mais
rica em vários aspetos e lançando-a internacionalmente.
A nomeação de Guimarães como Capital Europeia da Cultura veio trazer à
mesma impactes positivos a curto e longo prazos, como o desenvolvimento
cultural, o aumento do emprego e do turismo, benefícios nos espaços culturais,
melhoria da imagem da cidade (por residentes e não residentes), entre outros.
Com isto, é possível afirmar que as Capitais Europeias da Cultura
assumem um papel significativo no desenvolvimento das cidades, dado o
investimento proporcionado nesse âmbito. As cidades eleitas beneficiam não
apenas a nível económico como também no ponto de vista social, cultural e
ambiental, sendo importante que Portugal volte a concorrer com uma das muitas
cidades maravilhosas que possui, de maneira a desenvolvê-la e projetá-la
internacionalmente.
Sofia Marques
Referências
Bibliográficas
Capital da
Cultura 2012 fez de Guimarães um "oásis" em época de crise. (2020). Cultura
ao Minuto. Obtido de
https://www.noticiasaominuto.com/cultura/1403154/capital-da-cultura-2012-fez-de-guimaraes-um-oasis-em-epoca-de-crise
Ferreira,
C. (2018/2019). IMPACTO A LONGO PRAZO DE GUIMARÃES CAPITAL EUROPEIA DA
CULTURA - A PERCEÇÃO DOS RESIDENTES.
Lusa, A.
(2012). Guimarães 2012. UM ANO PARA REDESCOBRIR A CIDADE, CAPITAL EUROPEIA
DA CULTURA. Obtido de https://guimaraes2012.blogs.sapo.pt/