Em Portugal, o sector industrial comparativamente aos mais poderosos e mais relevantes países europeus sempre se ficou um bocado atrás e a revolução industrial não foi tão notada cá como por exemplo na Inglaterra. Nós, país que viveu sempre da exploração agrícola estando esta hoje em dia em crítico sub-rendimento devido a variadíssimas razões, nomeadamente por culpa do fraco aproveitamento das condições territoriais e meteorológicas do nosso país. Por exemplo, em Trás-os-Montes, zona onde se produzem excelentes azeites e até vinho, hoje em dia encontra-se longe da máxima e melhor produtividade pois na verdade há uns anos atrás alguém era dono de uma parcela de terra que explorava para venda e consumo próprio, teve digamos 10 filhos e resolveu-se a dividir o seu terreno em 10 partes iguais. Uns filhos nem ligaram, outros venderam, outros mudaram a produção e no final de contas temos um incrível sub-rendimento da actividade agrícola que prejudica o PIB, o emprego, as exportações do nosso país e consequentemente as contas públicas.
Nestas pequenas coisas ninguém parece preocupar-se muito mas na verdade as pessoas têm o terreno e são livres de explorá-lo (ou não) à sua vontade e este ciclo é muito comum por todo o país, nomeadamente no norte, e aos poucos a actividade industrial foi ganhando relevância no nosso país.
A exploração de minérios e de outros recursos naturais foram parte integrante do início de uma mais pequena revolução industrial nacional e o facto de Portugal ter sido um país oficialmente neutro nas grandes guerras mundiais ajudou a um maior sucesso industrial, como por exemplo na venda de volfrâmio para a Alemanha, e hoje em dia Portugal ainda mantém algumas industrias bem sucedidas, apesar dum êxodo do investimento industrial estrangeiro devido à inflação em Portugal, aumento de impostos e nomeadamente do aumento do custo de mão-de-obra (salários) dos operários, tudo isto razões que fizeram com que as grandes empresas internacionais invistam menos e tenham até desistido das suas fabricas em Portugal pois os custos de produção, comparativamente aos países emergentes asiáticos e os novos membros da EU, são bastante mais elevados e não compensam. No entanto, há ainda empresas bem sucedidas no nosso país, distribuídas por várias regiões, algumas com êxito nacional e outras até internacional, como a cortiça, por exemplo.
No âmbito da localização das indústrias nacionais, tudo em prole de minimizar custos de produção, as empresas tendem a juntar-se e a ficarem próximas umas das outras nas regiões onde a mão-de-obra compense e acima de tudo as infra-estruturas forem favoráveis à sua indústria. Ou seja, onde seja fácil o acesso ao transporte de matérias-primas para transformação e fácil o acesso a locais de transporte para venda, em infra-estruturas como portos ou caminhos de ferro, e havendo uma necessidade de colocação geográfica perto das grandes metrópoles nacionais nomeadamente a área metropolitana de Lisboa e o Porto.
Centrando a análise nos problemas relativos a infra-estruturação regional especializada para fins de localização industrial, a tipologia apresentada distingue “parques industriais” de “parques de ciência e tecnologia”, por um lado, e “pólo de desenvolvimento industrial concentrado” de “tecnopólos”, por outro.
Uma primeira clarificação deve ser feita entre os conceitos “parque industrial” e “zona industrial”, que no limite podem ser considerados como categorias semelhantes. Considera-se esta última como “um espaço afecto à indústria num plano de ordenamento”, sendo parque industrial “um espaço ordenado para acolher indústrias”. Fundamentalmente, a distinção entre estes conceitos reside no facto do espaço estar ou não ordenado, existindo ou não infra-estruturas diversas (saneamento, vias de comunicação, telecomunicações, etc.). Caso existam, estando o espaço organizado, chama-se parque industrial. A zona industrial é um espaço reservado para a actividade industrial, que não se encontra ainda infra-estruturado.
Na prática, em Portugal e tendo presente as definições apresentadas, fala-se quase sempre em “zonas industriais”, referindo-se a espaços que estão reservadas nos planos de ordenamento e/ou infra-estruturados, com vista à implantação de actividades (em particular de indústrias transformadoras, mas também de outras actividades).
A política portuguesa de desenvolvimento regional (industrial e de ciência e tecnologia) levou ao aparecimento nos anos 90 do Taguspark – Parque de Ciência e Tecnologia da área de Lisboa, localizado em Oeiras, e também do Parque de Ciência e Tecnologia do Porto (com pólos na Maia, Feira e Ave/Taipas). A novidade e a juventude destas experiências não permite ainda, para o caso português, uma análise e um primeiro balanço crítico destas iniciativas. Não obstante, os dados parecem confirmar a importância destas infra-estruturas na promoção do desenvolvimento regional assente em tecnologias avançadas, já que até 1997 o número de empresas que se instalaram no Centro de Inovação Empresarial do Taguspark (80), o emprego criado (1200), assim como as instituições científicas e os serviços existentes, parecem confirmar a relevância do investimento e da aposta neste tipo de políticas.
Desde a década de setenta que Portugal, quer através das autarquias, quer do governo central, tem vindo a apostar na construção de infra-estruturas para a implantação de actividades (zonas industriais e parques tecnológicos), na criação de instituições e estruturas de enquadramento e suporte às actividades das empresas (são exemplo os Centros Tecnológicos), concedendo igualmente subsídios e incentivos financeiros e fiscais.
As autarquias da Região Centro têm utilizado a estratégia da construção de infra-estruturas industriais (Zonas Industriais) no sentido de atraírem investimentos, criando emprego, promovendo o tão desejado desenvolvimento. Sendo as áreas e as dimensões dos lotes variável, sublinha-se a existência de taxas de ocupação superiores, em muitas das zonas industriais, a 60%. Constata-se também que o preço por m2 é mais elevado nas zonas industriais dos concelhos do litoral.
A estrutura industrial reflecte as especializações dos diferentes territórios, verificando-se, sobretudo nos concelhos do interior, investimentos exógenos em novas actividades, ao mesmo tempo que se desenvolvem as especializações tradicionais (a zona industrial de Castelo Branco constitui um bom exemplo, já que para além das indústrias dos têxteis e confecções de vestuário, ocorreram importantes investimentos no ramo do material eléctrico, tendo registado ao mesmo tempo um forte desenvolvimento das indústrias do frio).
Atendendo a que a organização do território português é fortemente assimétrica, no sentido de promover um desenvolvimento mais harmonioso e sustentável, tem vindo a ser falada a constituição de uma rede de pólos tecnológicos na Região Centro, que valorize as diferentes especializações, integrando ao mesmo tempo todos os agentes e actores com responsabilidades na gestão do território, segundo uma nova lógica em que a colaboração, a cooperação e a articulação sejam os elementos chave para a formação de um verdadeiro sistema de inovação que permita aproveitar os recursos específicos e as potencialidades desta Região.
Pedro Calado
[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3.º ano do curso de Economia (1.ºciclo) da EEG/UMinho]
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