Portugal enfrenta desde 2001 um quadro de crise económica e financeira, na qual o desemprego se destaca como objecto de debate político e social dado o elevado número de indivíduos que abrange e as correspondentes consequências individuais e sociais que alberga.
Se por um lado o sector terciário/serviços permitiu a criação de postos de emprego o mesmo não se verificou no sector da indústria, onde se destacou a perda líquida de postos de trabalho uma vez que a competitividade quer a nível nacional quer a nível internacional foi decrescendo, o que nos remete para um esgotamento do modelo industrial baseado nos baixos salários, na fraca inovação organizacional, na produção de bens de baixo conteúdo tecnológico e numa baixa produtividade.
A decomposição do desemprego por unidades territoriais, NUTS II, permite concluir genericamente, que o agravamento do número de desempregados, em termos relativos e absolutos, ocorreu em regiões em que subsistia uma tendência anterior de subida do fenómeno em causa. Com efeito, a região do Norte e a área metropolitana de Lisboa, registaram aumentos significativos nas taxas de desemprego, concentrando cerca de 80% do volume de desempregados, especialmente jovens. O Alentejo manteve-se, ao longo dos anos, como a região mais penalizada, em que a taxa de desemprego apresentou valores superiores aos da taxa média nacional. As disparidades territoriais do espaço português podem ser explicadas por diversos factores tais como: a evolução do nível e da composição da população activa e da população empregada, a intensidade e natureza dos fluxos de entrada e saída nos diversos estados do mercado de trabalho; a maior ou menor intensidade dos processos de mobilidade geográfica inter e intra regiões; o perfil de especialização produtiva e o grau de dinamismo e eficiência das actividades económicas; as estratégias de gestão de mão-de-obra por parte das organizações económicas, publicas e privadas; os fluxos populacionais e os intercâmbios de conhecimentos, em termos de investigação e desenvolvimento, entre o sistema de ensino/formação e o sistema produtivo; a maior ou menor receptividade cultural à inovação e à mudança sociocultural com reflexos directos nas esferas do trabalho e da economia; a natureza organizacional dos actores institucionais que intervêm, directa ou indirectamente no mercado de trabalho; as formas das políticas estatais de emprego direccionadas para o denominado desenvolvimento regional e os correspondentes montantes financeiros implicados. No sentido de reduzir as disparidades socioeconómicas das regiões, de forma mais específica, o Estado tem vindo a intervir directamente por intermédio de acções territorializadas e particulares entre as quais podemos citar: Os Planos Regionais (Trás-os-Montes, Alto Douro, Área Metropolitana do Porto, Alentejo), Os Planos de Intervenção (Beira Interior, Península de Setúbal) e ainda o Plano de Promoção de Emprego para o Distrito do Porto.
Em termo de conclusão, observamos que ciclicamente o desemprego avoluma-se no país albergando consequências económicas, sócias e pessoais. Podemos caracterizar a actual crise quantitativa de emprego pelo rápido crescimento do volume de desempregados, justificada pela quebra da actividade económica. Os seus efeitos ampliaram-se devido aos baixos níveis de escolarização e qualificação profissional da população activa; à estrutura empresarial predominantemente integrada por pequenas empresas reactivas à inovação, com dificuldades de adaptação e sustentação, recrutando pessoal pouco qualificado com fracos incentivos à qualificação profissional; à importância crescente das formas precárias de emprego; ao predomínio de condições de trabalho deficitárias; à existência de formas de exploração intensiva e de marginalização do trabalho imigrante; à situação de desvantagem na inserção dos jovens, mulheres e trabalhadores mais idosos no mercado de trabalho e aos baixos salários praticados em determinados sectores de actividade.
A solução para este problema passa pelo estímulo ao conhecimento e à inovação, pela criação de condições mais atractivas para o investimento e pela criação de mais empregos e com maior qualidade, medidas que estão subjacentes na agenda política do Primeiro-ministro, José Sócrates.
A escassez de oportunidades leva os jovens a enveredarem em muitos dos casos na internacionalização, buscando o que o nosso país não nos pode oferecer e nos desmotivando acima de tudo. Com a continuação desta situação, dentro em breve voltamos uma vez mais a ter uma nova geração de emigrantes como há alguns anos aconteceu, vítimas da falta de oportunidades no próprio país.
É necessário que haja uma preocupação acrescida neste aspecto, devendo-se dar particular atenção a este tema, visando soluções que proporcionem uma rápida integração no mercado de trabalho, impedindo que o nosso país cai no envelhecimento, atraso e desertificação.
Nancy de Sousa
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular Desenvolvimento e Competitividade do Território, do Mestrado em Economia, Mercados e Políticas Públicas, da EEG/UMinho)
Se por um lado o sector terciário/serviços permitiu a criação de postos de emprego o mesmo não se verificou no sector da indústria, onde se destacou a perda líquida de postos de trabalho uma vez que a competitividade quer a nível nacional quer a nível internacional foi decrescendo, o que nos remete para um esgotamento do modelo industrial baseado nos baixos salários, na fraca inovação organizacional, na produção de bens de baixo conteúdo tecnológico e numa baixa produtividade.
A decomposição do desemprego por unidades territoriais, NUTS II, permite concluir genericamente, que o agravamento do número de desempregados, em termos relativos e absolutos, ocorreu em regiões em que subsistia uma tendência anterior de subida do fenómeno em causa. Com efeito, a região do Norte e a área metropolitana de Lisboa, registaram aumentos significativos nas taxas de desemprego, concentrando cerca de 80% do volume de desempregados, especialmente jovens. O Alentejo manteve-se, ao longo dos anos, como a região mais penalizada, em que a taxa de desemprego apresentou valores superiores aos da taxa média nacional. As disparidades territoriais do espaço português podem ser explicadas por diversos factores tais como: a evolução do nível e da composição da população activa e da população empregada, a intensidade e natureza dos fluxos de entrada e saída nos diversos estados do mercado de trabalho; a maior ou menor intensidade dos processos de mobilidade geográfica inter e intra regiões; o perfil de especialização produtiva e o grau de dinamismo e eficiência das actividades económicas; as estratégias de gestão de mão-de-obra por parte das organizações económicas, publicas e privadas; os fluxos populacionais e os intercâmbios de conhecimentos, em termos de investigação e desenvolvimento, entre o sistema de ensino/formação e o sistema produtivo; a maior ou menor receptividade cultural à inovação e à mudança sociocultural com reflexos directos nas esferas do trabalho e da economia; a natureza organizacional dos actores institucionais que intervêm, directa ou indirectamente no mercado de trabalho; as formas das políticas estatais de emprego direccionadas para o denominado desenvolvimento regional e os correspondentes montantes financeiros implicados. No sentido de reduzir as disparidades socioeconómicas das regiões, de forma mais específica, o Estado tem vindo a intervir directamente por intermédio de acções territorializadas e particulares entre as quais podemos citar: Os Planos Regionais (Trás-os-Montes, Alto Douro, Área Metropolitana do Porto, Alentejo), Os Planos de Intervenção (Beira Interior, Península de Setúbal) e ainda o Plano de Promoção de Emprego para o Distrito do Porto.
Em termo de conclusão, observamos que ciclicamente o desemprego avoluma-se no país albergando consequências económicas, sócias e pessoais. Podemos caracterizar a actual crise quantitativa de emprego pelo rápido crescimento do volume de desempregados, justificada pela quebra da actividade económica. Os seus efeitos ampliaram-se devido aos baixos níveis de escolarização e qualificação profissional da população activa; à estrutura empresarial predominantemente integrada por pequenas empresas reactivas à inovação, com dificuldades de adaptação e sustentação, recrutando pessoal pouco qualificado com fracos incentivos à qualificação profissional; à importância crescente das formas precárias de emprego; ao predomínio de condições de trabalho deficitárias; à existência de formas de exploração intensiva e de marginalização do trabalho imigrante; à situação de desvantagem na inserção dos jovens, mulheres e trabalhadores mais idosos no mercado de trabalho e aos baixos salários praticados em determinados sectores de actividade.
A solução para este problema passa pelo estímulo ao conhecimento e à inovação, pela criação de condições mais atractivas para o investimento e pela criação de mais empregos e com maior qualidade, medidas que estão subjacentes na agenda política do Primeiro-ministro, José Sócrates.
A escassez de oportunidades leva os jovens a enveredarem em muitos dos casos na internacionalização, buscando o que o nosso país não nos pode oferecer e nos desmotivando acima de tudo. Com a continuação desta situação, dentro em breve voltamos uma vez mais a ter uma nova geração de emigrantes como há alguns anos aconteceu, vítimas da falta de oportunidades no próprio país.
É necessário que haja uma preocupação acrescida neste aspecto, devendo-se dar particular atenção a este tema, visando soluções que proporcionem uma rápida integração no mercado de trabalho, impedindo que o nosso país cai no envelhecimento, atraso e desertificação.
Nancy de Sousa
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular Desenvolvimento e Competitividade do Território, do Mestrado em Economia, Mercados e Políticas Públicas, da EEG/UMinho)
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