sábado, dezembro 18, 2010

A silvicultura como factor de crescimento rural

As áreas florestais são uma parte essencial do território rural em Portugal, podendo assim consistir num factor fundamental do seu desenvolvimento sustentado, tanto pelo contributo para o emprego como para o rendimento, mas também pela sua importância social e ambiental. Assim sendo, podemos considerar este sector importante pela sua função económica (produzindo matérias-primas e frutos, gerando emprego e riqueza), social (fornecendo ar puro e espaços de lazer, contribuindo para a qualidade de vida da população) e ambiental (sendo fundamental na conservação dos solos, contribuindo para infiltração das águas no subsolo e ainda representa uma importante tarefa na preservação da biodiversidade).
Analisando num contexto nacional, o Pinheiro Bravo é a espécie que domina o solo florestal, representando cerca de 30% do total da área dedicada à prática desta actividade. O sobreiro e o eucalipto são também culturas importantes que ocupam cerca de 21% cada do terreno destinado à silvicultura. Não menos importante será a azinheira que povoa cerca de 14% da área florestal.
Os PROF- Planos Regionais de Ordenamento Florestal - foram criados em 1996 e são instrumentos de gestão territorial de âmbito nacional. Estes desenvolvem as orientações recomendadas ao nível do planeamento florestal nacional podendo-as converter, sempre que necessário, em programas de acção, em atribuição de competências ou em normas concretas de silvicultura e de utilização do território.
No entanto, a silvicultura apresenta alguns problemas em Portugal. O efeito de vários planos e projectos de que foi alvo este sector veio a revelar-se insuficiente para promover o seu desenvolvimento sustentado.
A fragmentação da propriedade florestal é um exemplo no que concerne a problemas estruturais. Esta medida traduz-se num grave problema na medida em que em vez de termos grandes florestas temos muitas mas pequenas. Com o desenvolvimento assente na falta de ordenamento a fragmentação tornou-se numa realidade do solo florestal. Este facto tem efeitos preocupantes na redução do habitat e consequente extinção de espécies.
Um outro factor que constrange a silvicultura é a baixa rendibilidade da exploração provocada pelo lento ritmo de crescimento das espécies. Este problema tem particular incidência na floresta do Norte e do Centro, assim como em algumas áreas serranas do Sul, causada em parte por um défice de gestão das áreas florestais a que se vem juntar o crescente abandono de muitas áreas rurais. Este despovoamento e abandono da prática silvícola reduzem a limpeza florestal elevando assim o risco de incêndio. Este acontecimento está também ligado a um dos problemas da exploração florestal na medida em que esta representa uma actividade de elevado risco devido aos incêndios.
Assim sendo, torna-se evidente que é preciso adoptar medidas para devolver a atractividade deste sector, fomentando assim o desenvolvimento do território envolvente.
A promoção do emparcelamento através de incentivos e da simplificação jurídica e fiscal pode combater o problema da fragmentação. Por vezes, existe um total desinteresse na propriedade por parte dos indivíduos sendo que até lhes poderia interessar a venda do território a vizinhos podendo estes unir as duas parcelas criando-se assim uma floresta maior. O associativismo poderá ser uma solução interessante na medida em proprietários poderão fundir as suas terras, tornando-as mais eficientes para depois as explorarem em conjunto. Os PROF representam também importantes instrumentos de ordenamento e gestão florestal que permitirão combater a fragmentação das florestas.
A formação profissional e a investigação florestal poderão impulsionar os processos produtivos tornando a área florestal mais produtiva, reduzindo assim os baixos níveis de rendibilidade.
No que concerne à prevenção de incêndios importantes medidas podem ser tomadas. A promoção de limpeza de matos, povoamentos e desbastes são políticas necessárias porque permitem manter as florestas limpas dificultando a propagação dos fogos. A melhoria e construção da rede viária e de linhas corta-fogos poderão ajudar a combater os fogos assim como a optimização dos pontos de água. Regularmente assistimos na comunicação social a campanhas de sensibilização sobre práticas de bom uso do fogo, nomeadamente com fósforos isqueiros e cigarros. Deve-se tentar melhorar a coordenação dos meios de detecção e combate de fogos para permitir uma eficaz e rápida intervenção.
Na minha opinião, uma exploração coesa e sustentada da área florestal terá um importante impacto para as populações rurais num nível económico, social e ambiental. No entanto, será ser sempre necessário especial cuidado para não provocar o desaparecimento das florestas devido à importância que estas representam para o ambiente. Com o nível de tecnologia actualmente existente é possível praticar uma actividade rentável a nível económico conservando as espécies florestais protegendo assim os interesses de toda a comunidade. Em suma, penso que a silvicultura tem condições de ser uma grande influência no crescimento das economias rurais.

Carlos Pereira
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[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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