domingo, dezembro 26, 2010

A TV REGIONAL

Presenciamos uma era em que se formam novas ideias sobre a competitividade, o desenvolvimento e a inovação dos territórios, relembrando nesse contexto o espaço português e debatendo a tão problemática questão da regionalização.
Depois de um breve “zapping” pelos canais televisivos, ocorreram-me diversos pensamentos e raciocínios sobre as profundas dificuldades de um acanhado canal regional, como é o Porto Canal, e a sua consciencialização em sobreviver num país não regionalizado.
A diversidade cultural leva-nos à obrigatoriedade de televisões regionais, tornando-se fundamental a discussão do papel da televisão local na preservação da identidade cultural. A abordagem da televisão regional pondera as vantagens de compreensão do território nacional, quer pelo estudo das cidades, quer pelas distintas formas da urbanização.
Uma TV Regional, como o Porto canal, é uma oportunidade para que pessoas com valor mostrem o seu mundo, tanto no Porto como no resto do país, já que é um canal nacional e com reconhecimento público através dessa difusão.
O horário “prime time” torna-se essencial, sendo no horário nocturno, nos telejornais e até à meia-noite onde se encontra o melhor espaço televisivo. O seu posicionamento no mercado, resume-se a uma programação generalista, que abarca todo o género de programas, cobrindo todos os tipos de géneros sociais, económicos e culturais, tocando todos os públicos, dando várias opções de interesse, criando força e sentido à informação. A missão é dar a conhecer o que ninguém mostra sobre o melhor das nossas regiões e esse é o futuro.
Vejamos o exemplo de vários programas que estão incluídos neste canal, iniciando com a particularidade do programa “Bolhão Rouge” e o humor que retrata a maneira particular de ser dos portuenses, enquadrados na sua cidade, suscitando a curiosidade ao telespectador de visitar o Mercado do Bolhão. O “Zumba na Bjeca”, onde humoristas trazem muito humor e anedotas à televisão regional do Porto. Para além de aumentar as audiências garante que muita dessa audiência se apresente no “Bjecas”, em Matosinhos, para assistir ao vivo à gravação do programa, tornando a região e o espaço, uma fonte de atracção turística e cultural.
A actualidade do “Porto Alive”, um magazine diário que revela tudo o que se passa no Porto e na Zona Norte do país, debatendo a saúde, a economia, a educação e a sociedade da região. O divertimento do “Toca a Cantar”, onde se acompanha os tradicionais bailes de bairros populares portuenses, atraindo curiosos. A agricultura em "Terra", que nos dá a conhecer tudo o que é cultivado de Norte a Sul do país e o que cada região tem de melhor. As personalidades do “Portofino”, que nos fala sobre eventos sociais que decorrem no Grande Porto e Norte do país, dinamizando eventos culturais na região. Os sabores de "Os Imperdíveis", dá-nos o melhor da gastronomia do norte do país, do tradicional ao gourmet, atraindo todo o tipo de pessoas aos restaurantes nortenhos.
Para que este projecto funcione, é necessário saber “fazer” televisão e agarrar numa quantidade considerável de espectadores que garantem a tão cobiçada receita. Mas os problemas da não regionalização do país, causam outro entrave a este pequeno canal, já que as principais empresas do norte centralizam a maior parte dos seus negócios em Lisboa. Terá de existir a necessidade das empresas da região investirem neste canal, no canal da “terra”, pensando nelas próprias, na sua difusão, dando-lhes a entender que é uma opção favorável em relação a outras privadas. No norte do país existem individualidades que ainda acreditam em iniciativas deste género, onde o factor humano torna-se fundamental, apresentando realidades únicas, onde a relação com os locais e as pessoas garante a generalização e a melhoria da economia interna da região.
Encontrar no Porto Canal um plano viável é a visão fundamental a transmitir ao tão acarinhado espectador e aos tão ambicionados investidores, já que o mercado é bastante antagónico e o factor para chegar ao público torna-se crucial.

Hélder Miguel Pinhal Oliveira

[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Desenvolvimento e Competitividade do Território” do Mestrado em Economia, Mercados e Políticas Públicas da EEG/UMinho]

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