segunda-feira, abril 16, 2018

Circuito Internacional de Vila Real

A história do Circuito de Vila Real começa com o sonho de Aureliano Barrigas, cujo pai era o representante local da marca Ford e delegado do ACP (Automóvel Clube de Portugal), e também do presidente da autarquia da época, Dr. Emídio Roque da Silveira. A primeira edição estreou-se em 1931 e contou com uma dezena de participantes nacionais. Já em 1936, a competição alargou-se, contando com estreantes estrangeiros.
Com o rebentar da segunda Grande Guerra, as competições foram interrompidas durante cerca de uma década, recomeçando em 1948. Foram notáveis as competições de Fórmula 3, Endurance, Protótipos, GT e mais recentemente, PTCC e WTCC. A era dourada do circuito ocorreu durante os anos 60 e 70, devido à elevação internacional obtida e chegada de mais concorrentes estrangeiros. A partir de 1973, tendo em conta a situação política do país, o circuito entrou em declínio, o que levou a uma perda da sua grandeza internacional, passando a acolher apenas competições nacionais. Em 1989, a internacionalização das provas foi retomada, contudo não veio para ficar. Em 1991, devido a um grave acidente, começaram a ser levantadas questões de segurança que, aliadas às dificuldades económicas e o aumento dos preços dos combustíveis na época, ditaram o fim temporário das provas no circuito. Em 2009 ocorreu o regresso da internacionalização do circuito, elevando a fasquia e eventualmente integrando o circuito no Campeonato Mundial de Carros de Turismo em 2014 (WTCC).
Estimativas atribuem um impacto económico direto de 15 milhões de euros à competição relativos ao ano de 2016, com as principais contribuições devendo-se a despesas de alojamento, refeições e transportes. No conjunto dos três dias de prova, cerca de 200 mil espectadores assistiram às corridas, dos quais 60% são de fora de Vila Real. O WTCC foi o motivo de vinda de 31% dos visitantes. O impacto nos media também é notável. Pelo menos 60% dos portugueses estiveram expostos a notícias sobre o Circuito Internacional de Vila Real, através da televisão, imprensa e rádio. Globalmente, o Circuito de Vila Real foi responsável por um impacto financeiro internacional de 50-60 milhões de euros, com destaque para as transmissões televisivas em 78 canais de televisão.
Segundo o diretor da Eurosport Events, François Ribeiro, 2016 foi a melhor edição do evento, registando-se mais de 300 pedidos de passes para pilotos e mecânicos virem a Vila Real. Citando: “Vemos as estatísticas, mas isto é mais importante, as pessoas que querem vir às corridas querem vir a Vial Real”.
É impossível negar as mais-valias que o evento traz à região, não só a nível económico como também a nível cultural, o que leva a que mais pessoas conheçam Vila Real e a queiram visitar novamente. Outra vantagem do evento é o facto de incentivar os mais jovens, e não só, a desenvolver o gosto pelo automobilismo, levando a que os eventos do género em Portugal (Rally de Portugal, Rally Vinho Madeira e outras provas) acabem também por obter maior exposição e assistência. O facto de as pessoas poderem assistir a eventos automobilísticos ao vivo em Portugal tem um papel muito mais importante no desenvolvimento da paixão pelo automobilismo face às transmissões televisivas dos mesmos eventos, devido às sensações e ânimos causados.
É possível concluir então o grande impacto económico e cultural que o Circuito de Vila Real vem dar à região, nomeadamente pela via do aumento do fluxo de visitantes nacionais e internacionais que querem não só ver as corridas mas também conhecer a região.

Sergey Volozhenin

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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