domingo, abril 22, 2018

Dificuldades e problemas turísticos e patrimoniais do município de Guimarães

Como ocorre noutras cidades com centros históricos, Guimarães durante bastante tempo esteve consagrado a ser um vulgar património progressivamente despejado do exercício residencial e da função comercial, ainda que os programas de urbanismo comercial (PROCOM e URBCOM) tenham alcançado lançar um recente estímulo nos derradeiros anos. Este procedimento tem sido um fator beneficiante para o centro histórico, conferindo-lhe uma relevância fundamentalmente patrimonial, concorrendo com alguns mais recentes “centros” que vão aparecendo nas zonas circunjacentes e que são detentores de equipamentos e de infraestruturas de grau elevado.
Hoje em dia, diferentes centros se assumiram como polarizadores dos serviços comerciais, e igualmente habitacionais, principalmente a seguir à década de noventa, tal como aconteceu com o centro histórico de Guimarães, que não compõe o primordial centro funcional da cidade (ex., nas freguesias de Azurém, Costa e Creixomil).
A demasia de ruído relacionado com os estabelecimentos de diversão noturna, tal como a deterioração do parque residencial e o respetivo valor, representam os principais fatores por detrás desta situação. Similarmente, a conquista crescente a que se observou, em alguns sítios mais atrativos, dos espaços residenciais por parte de certos serviços e de atividades comerciais não pode ser negligenciada no esclarecimento deste resultado, tal como a evidência de que estes podem criar discórdias com diversos usos resultantes do seu aproveitamento para efeitos de turismo e de lazer.
Apesar de Guimarães estar associada a um tipo de turismo de facies cultural, é também assombrada pela sazonalidade, sendo este um dos grandes problemas do turismo mundial atual. São notórios os picos de procura nos meses de Verão (principalmente, em Agosto) e as quebras acentuadas no Inverno (especialmente, em Janeiro e Fevereiro).
Outros fatores que igualmente patenteiam problemas para o turismo em Guimarães são:
·        O clima, com amplitudes térmicas anuais significativas devido aos fatores continentalidade e localização;
·        A reduzida visibilidade do “destino turístico cultural” Guimarães, por carência de um acontecimento sazonal de grande visibilidade “internacional” que lhe defina a imagem;
·        Constitui um “produto residual” em termos de estratégia turística nacional;
·    A debilidade da organização de apoio à gestão e promoção turística, em termos de suporte técnico e de meios humanos;
·        Fraca sustentabilidade do plano cultural que é presenteado e as falhas de programação e de promoção duradouras.
       Foi concedida credibilidade ao trabalho de recuperação do património urbano seguido pela autarquia local e certa visibilidade potenciadora de turismo e da visita com motivação cultural através do reconhecimento do património monumental de Guimarães pela U.N.E.S.C.O., em 2001, com a valorização do seu centro histórico como Património da Humanidade.
      O turismo em Guimarães opera de maneira a incentivar a recuperação e valorização do património, material e imaterial, sendo muitas vezes a solução mais consistente no assunto tendo em perspetiva a angariação de recursos financeiros que possibilitem conservá-lo.
“A experiência turística vai para além do olhar do visitante e da estratégia do vendedor” (Peres, 2008, 146). Esse planeamento e gestão deverão manter presente que o turismo pode ser uma fonte de questões sociais, económicas, ambientais, sendo que a melhor forma de prevenir o seu surgimento ou agudização seria um desenvolvimento da atividade turística de forma convenientemente planeada e gerida.
A representação de uma região ou cidade igualmente não se cria de um dia para o outro e demanda importantes recursos promocionais. Nesta dimensão, ainda há muito caminho a percorrer, ainda que se tenha feito caminho na direção certa. Uma excelente elucidação do bastante que ainda falta fazer e fortificar são as fragilidades reconhecidas em termos de manutenção e estrutura do sítio eletrónico de promoção turística da cidade, a problemática da prática das línguas nos materiais promocionais e a consistência e riqueza do plano cultural.

Mara Vanessa Costa Barros

Bibliografia

Congresso Internacional Casa Nobre: um Património para o Futuro, 2., 2008, Casa das Artes de Arcos de Valdevez. Património Cultural e Estratégia de Desenvolvimento Turístico da Cidade de Guimarães. Universidade do Minho, 2008.
Rodrigues, Bruno Filipe Pereira, Reabilitação De Edifícios Habitacionais Com Valor Patrimonial – O Caso Do Centro Histórico De Guimarães. 2012. 281f. Dissertação de Mestrado - Universidade Lusófona do Porto, Porto, 2012.

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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